Ibovespa sobe 1,21%, aos 112,2 mil pontos; Vale (VALE3) ganha 3,6%
O Ibovespa hoje fechou a segunda-feira (5) em alta de 1,21%, em 112.203,35 pontos, após oscilar entre 110.864,76 e 112.671,39 pontos. Muito enfraquecido pelo feriado em Nova York, o giro financeiro ficou em R$ 19,4 bilhões na sessão. Em setembro, avança 2,45%, colocando os ganhos do ano a 7,04%.
Mesmo sem a referência de Nova York na sessão, pelo feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, o Ibovespa e o câmbio continuaram a refletir um descolamento benigno do Brasil de fatores de risco externo, que punem neste momento em especial os ativos europeus, com a aproximação do inverno no Hemisfério Norte em meio a incertezas tanto sobre o custo como sobre o nível de abastecimento de gás natural no velho continente.
O desempenho das ações de commodities como petróleo e minério de ferro, em recuperação parcial de preços nesta segunda-feira, foi fundamental para que o índice subisse na abertura da semana. A Opep+ informou nesta segunda-feira corte de 100 mil barris por dia na oferta da commodity, na contramão da pressão ocidental por aumento de fornecimento.
“Enquanto uns sofrem, outros comemoram. O Ibovespa hoje foi fortemente beneficiado pelo mesmo fator que preocupa mercados europeus: a oferta limitada de commodities”, observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, destacando o desempenho do segmento de materiais básicos na B3 nesta segunda-feira, com o IMAT em alta de 1,97% no fechamento. O dia também foi positivo para as ações com exposição à economia doméstica, com o índice de consumo (ICON) em alta de 0,94%.
Lá fora, o corte de oferta de petróleo vem em momento de muita cautela no mercado de energia, com novas interrupções no fornecimento de gás russo à Europa. A perspectiva de temperaturas mais baixas já em outubro, com o outono, traz pressão adicional sobre a inflação no continente. “Esta nova onda pode contribuir para a curva da inflação ao consumidor continuar em linha crescente no gráfico, com raízes no preço do gás natural, em disparada desde o início do ano”, diz Rodrigo Simões, professor da FAC-SP especializado em economia e finanças, referindo-se aos efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia sobre o setor de energia.
“A zona do euro tem cenário desafiador nos próximos meses para tentar controlar este jogo de xadrez: uma combinação dura de inflação com subida de taxa de juros e diminuição da atividade econômica”, acrescenta Simões. Assim, nesta segunda-feira, o sinal foi majoritariamente negativo especialmente no horário de negócios na Europa, onde as perdas nas principais praças chegaram a 2,22% (DAX, de Frankfurt).
“Houve estresse grande na Europa num dia que era pra ser tranquilo com o feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. O anúncio da Gazprom, da Rússia, de interromper o fluxo do Nordstream, que começou ainda na quinta, sexta-feira com alegação de motivos técnicos, de vazamentos, vem agora com alegação de que, se não tirarem as sanções, não mandarão o gás”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
“Semana importante para a Europa com a decisão sobre juros do BCE (Banco Central Europeu), em que o mercado está dividido entre um aumento de 0,50 ou de 0,75 ponto porcentual para esta reunião, no momento em que o continente parece caminhar para uma recessão. As notícias de seca, de que seria a maior em 500 anos, também estão muito fortes”, acrescenta o economista.
No domingo, a Alemanha, maior economia do bloco, anunciou um pacote de iniciativas para mitigar os efeitos da escalada dos custos de energia para os consumidores, mas o plano foi considerado curto demais pelo mercado. “Embora o pacote (de 65 bilhões de euros) traga algum alívio para os financeiramente mais fracos, é duvidoso que seja suficiente para compensar totalmente o impacto das contas de energia mais altas”, aponta o ING, acrescentando que 65 bilhões de euros são menos de 2% do PIB alemão. “O estímulo fiscal alemão durante a pandemia, excluindo garantias, totalizou cerca de 15% do PIB”, acrescenta o banco, em relatório a clientes.
Nesta segunda, a alta de cerca de 4% para o minério de ferro na China (Dalian), embora ainda abaixo de US$ 100 por tonelada, contribuiu para o avanço das ações do setor.
“O mercado esteve mais esvaziado hoje por conta do feriado americano. De novidade, uma depreciação de Europa até maior do que a gente imaginava, principalmente pela inflação no preço do gás, o que causou uma deterioração dos ativos de lá”, diz José Simão, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos.
“Aqui, a gente tem ainda um pouco do reflexo positivo do PIB, que veio na semana passada. A fotografia que fica é Brasil com números um pouco melhores especialmente em relação à atividade econômica, e lá fora, dando continuidade, Europa em situação bem pior, com PMIs índices de atividade andando pra baixo, e Estados Unidos trazendo juros para ao menos 4% (ao ano) para, futuramente, ancorar as expectativas em direção à meta de inflação“, acrescenta o gestor.
“Os investidores seguem preocupados com a crise energética do continente europeu devido ao corte de fornecimento de gás pela Rússia por tempo indeterminado, e também ainda receosos com a possível alta de juros, mais elevada, que será decidida na próxima reunião de política monetária do Banco Central Europeu”, nesta quinta-feira, dia 8, observa Letícia Sanches, especialista em renda variável da Blue3.
Bolsas de Nova York
Com feriado no Estados Unidos nesta segunda-feira, as bolsas de Nova York permaneceram fechadas. Na última sexta-feira (2), as três principais referências do país fecharam em queda:
- Dow Jones: -1,07%, aos 31.318,44 pontos;
- S&P 500: -1,07%, aos 3.924,26 pontos;
- Nasdaq: -1,31%, aos 11.630,86 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,59%, a R$ 5,1540, após oscilar entre R$ 5,1507 e R$ 5,1904.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em forte alta nesta segunda-feira, após o grupo que reúne países exportadores (Opep+) anunciar corte na produção. A decisão fez com que as cotações vencessem o clima de cautela geral nos mercados, em meio a novas interrupções no fornecimento de gás natural russo à Europa.
No pregão eletrônico da New York Mercantile Exchange (Nymex), por volta das 14h45 (de Brasília), o barril do petróleo WTI para outubro ganhava 2,26%, ou US$ 1,92, a US$ 88,84. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para novembro fechou com avanço de 2,93%, ou US$ 2,73, a US$ 95,75.
No Ibovespa hoje, sem a referência de Wall Street, com o feriado do Dia do Trabalho nos EUA, o índice teve sua terceira alta seguida.
Quem liderou as maiores altas foi Pão de Açúcar (PCAR3), com +9,72%, impulsionada pela expectativa de retorno de Abilio Diniz ao comando do grupo, sem abrir mão do Carrefour (CRFB3), que fechou com -0,05%, o que foi negado pelo GPA.
PetroRio (PRIO3) avançou 6,45%, e SulAmérica (SULA11) ganhou 3,77%. Vale (VALE3) também figurou no ranking positivo, subindo 3,66%, acompanhando a alta do minério de ferro.
Por outro lado, Petrobras (PETR3, PETR4) cedeu 0,21% e 0,27%, respectivamente, na contramão do aumento da cotação do petróleo, refletindo o receio do mercado sobre interferência política na estatal. Palaia seria uma escolha direta do presidente Jair Bolsonaro.
Dentre os bancos listados no índice, o Banco do Brasil (BBAS3) foi o único a fechar em queda, a -2,12%, se destacando entre as maiores perdas. Itaú (ITUB4) ganhou 1,62%, Santander (SANB11) valorizou 1,22%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) subiu 0,82% e 0,21%. As primeiras posições da lista negativa ficaram com Positivo (POSI3) recuou 2,68% e Marfrig (MRFG3), que perdeu 2,41%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Pão de Açúcar (PCAR3): +9,72% // R$ 23,70
- PetroRio (PRIO3): +6,45% // R$ 29,54
- JHSF (JHSF3): +3,97% // R$ 7,34
- SulAmérica (SULA11): +3,77% // R$ 25,89
- Vale (VALE3): +3,66% // R$ 65,22
Maiores baixas do Ibovespa:
- Positivo (POSI3): -2,86% // R$ 11,63
- Marfrig (MRFG3): -2,41% // R$ 12,97
- Banco do Brasil (BBAS3): -2,12% // R$ 41,63
- IRB Brasil (IRBR3): -1,64% // R$ 1,20
- Embraer (EMBR3): -1,57% // R$ 13,14
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Raízen (RAIZ4) e Zamp (BKBR3) fazem parceria em energia renovável
- Zamp (BKBR3): Mubadala reitera preço de oferta por dona do Burger King
Raízen (RAIZ4) e Zamp (BKBR3) fazem parceria em energia renovável
A Raízen (RAIZ4) e a Zamp (BKBR3), antiga Burguer King Brasil, anunciaram nesta segunda-feira (5) uma parceria para o fornecimento de energia renovável para 44 lojas da rede de fast food, das marcas Burger King e Popeyes.
O acordo prevê o volume contratado de 4,3 GWh (Gigawatt-hora) por ano, e, segundo a Raízen e a Zamp, evitará a emissão de 244 toneladas de gás carbônico na atmosfera, equivalente ao plantio de 1.745 árvores.
Com o acordo da Raízen, a Zamp totaliza 120 restaurantes do Burger King e Popeyes com fornecimento de energia limpa e renovável.
A energia renovável será proveniente de usinas solares e de biogás da Raízen nos estados Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Ceará, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina, Bahia, Pará, Sergipe, Maranhão e Mato Grosso do Sul, distribuída por 15 concessionárias diferentes.
“Estamos muito felizes em anunciar esta parceria com a Zamp. A partir deste acordo, vamos auxiliar a marca a reduzir o preço da sua conta de energia e contribuir para que ela alcance suas metas de sustentabilidade”, diz Rafael Rebello, diretor de Soluções de Energia e Renováveis da Raízen.
Zamp (BKBR3): Mubadala reitera preço de oferta por dona do Burger King
A Zamp (BKBR3), dona do Burger King Brasil, informou ao mercado que o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, enviou manifestação reiterando o preço de oferta pública para adquirir 45,1% da companhia.
Conforme divulgou a Zamp, o fundo afirmou que o valor é superior à média de prêmios oferecidos em outras ofertas no mercado, refletindo adequadamente o potencial de crescimento de geração de valor por parte da companhia.
A manifestação veio após o BK Brasil Operação e Assessoria a Restaurantes (BKBD), grupo de acionistas que representa 9,8% no capital social da companhia, afirmar não ter, por hora, pretensão de aceitar a oferta de aquisição nos termos da proposta pela MC Brasil F&B Participações, controlada do Mubadala Capital.
“O BKDB não se encontra atualmente na posição de manifestar apoio à Oferta Proposta”, afirmaram, em correspondência à companhia.
Os acionistas, entretanto, disseram ter interesse em ver a maximização do valor da dona do Burger King Brasil. Portanto, pediram explicações ao fundo com relação ao preço.
O Mubadala afirma que o preço de R$ 7,55 por ação traz um prêmio de 31,1% sobre a média ponderada dos preços dos papéis nos 30 dias anteriores à divulgação do edital, sendo o parâmetro mais fidedigno de atribuição de valor na proposta.
“Não concordamos com a afirmação – apresentada sem qualquer embasamento pelo BKDB – no sentido de que o preço da oferta não reflete o valor adequado da companhia”, disse o fundo.
O Mubadala também afirmou que não devem haver rupturas significativas com a atual estrutura, administração e estratégia da Zamp, caso a oferta seja concretizada.
Os acionistas do BKDB também levantaram dúvidas quanto à liquidez das ações após a oferta.
Em resposta, o fundo disse que não vislumbra impacto negativo sobre as condições de negociação, indicando que o “free float” das ações será de 47,4% caso a oferta seja bem sucedida, acima dos 25% exigidos pela B3.
O fundo disse ainda que está em negociações com o Restaurant Brands International (RBI), dono do Burger King, para dar informações necessárias ao processo de due diligence da companhia, informou a Zamp.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +1,21%
- IFIX hoje: +0,18%
- IBRX hoje: +1,22%
- SMLL hoje: +1,01%
- IDIV hoje: +0,55%
Cotação do Ibovespa nesta sexta (2)
O Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (2) em alta de 0,42%, em 110.864,24 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)