O Ibovespa hoje fechou em queda de 0,10%, aos 106.528 pontos, nesta terça-feira (3), em dia de volatilidade.
Pela manhã o índice tentou buscar os 107 mil pontos, e na segunda etapa dos negócios a cautela pré-decisão de política monetária aqui e nos EUA, na quarta-feira, fez o índice suar para defender o patamar dos 106 mil. Mais do que a já esperada alta nos juros, o mercado aguarda as sinalizações dos bancos centrais – brasileiro e americano – para as próximas reuniões.
A cautela vem do receio de que um Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) mais agressivo se traduza em uma atividade global ainda mais difícil. Com isso, ativos de emergentes como o Brasil sofrem nas últimas semanas. Aqui a Bolsa já opera nos mesmos patamares de janeiro e anula boa parte do rali emplacado no primeiro trimestre. No ano, acumula alta de 1,63%.
O desânimo na Bolsa ocorre a despeito de uma recuperação das ações ligadas a commodities, em um movimento técnico após a forte queda dos últimos dias, destacadamente o setor de metais e siderurgia.
“O setor de siderurgia recupera um pouco da queda dos últimos dias, apesar de a China permanecer fechada, pelo feriado do dia do trabalho, e manter a política de zero covid”, apontou Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos.
Na segunda-feira, os mercados reagiram fortemente a dados piores da indústria chinesa, que mostram que os lockdowns do governo de Xi Jinping têm afetado a atividade do gigante asiático. Nesta terça, o mau humor foi menor, por conta das commodities, mas não o suficiente para emplacar uma alta.
“O que está acontecendo hoje é expectativa, todo mundo avesso a risco. A grande expectativa é com a ‘super quarta’, com decisão de juros nossa e americana”, aponta Felipe Moura, analista de investimentos da Finacap.
Na quarta (4), às 15 horas, o Fed divulga sua decisão de política monetária e, logo em seguida, às 15h30, o presidente da instituição, Jerome Powell, dá sua tradicional entrevista coletiva. A expectativa do mercado é de alta de 0,50 ponto no juro americano. No Brasil, em decisão a ser divulgada às 18h30, a autoridade monetária brasileira também não deve entregar surpresas e os investidores esperam uma alta de 100 pontos na Selic.
O diabo, contudo, mora no comunicado. Com sinalizações mais agressivas por parte dos diretores e fatores, como a guerra na Ucrânia, que só têm alimentado as pressões inflacionárias, a expectativa é de que o Fed sinalize na direção de aumentos ainda maiores, de 0,75 pontos, para as próximas reuniões. Já no Brasil, a expectativa é se o Banco Central irá mesmo cumprir com o sinalizado e encerrar o aperto de juros na próxima reunião. A aposta do mercado é que, diante do atual risco de desancoragem de expectativas, o BC opte por deixar a porta aberta ao menos para mais um aumento.
“Mais importante do que propriamente a divulgação – quase consensual – da alta na taxa de juros lá e aqui no Brasil, será avaliar a postura, o comunicado ao mercado”, disse Lucas Carvalho, especialista de Renda Variável da Blue3.
Mais cedo, o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, deu uma entrevista exclusiva ao Broadcast, em que afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não pediu a ele nada específico: “Só pediu para eu conduzir a companhia”.
As bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York tiveram pregão volátil nesta terça-feira, alternando entre perdas e ganhos. No final, o sinal positivo prevaleceu, com os setores de energia e financeiro liderando os ganhos, enquanto o de tecnologia ficou perto da estabilidade, com alta modesta. As bolsas ganharam algum impulso pela manhã, com dados dos Estados Unidos, enquanto investidores também se preparavam para a decisão da quarta-feira, 4, do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
- Dow Jones subiu 0,20%, em 33.128,79 pontos;
- S&P 500 teve alta de 0,48%, a 4.175,48 pontos;
- Nasdaq avançou 0,22%, a 12.563,76 pontos.
O dólar à vista fecha em queda de 2,15%, a R$ 4,9635 , depois de oscilar entre 4,9572 e R$ 5,0522.
Os contratos futuros do petróleo fecharam em baixa nesta sessão. O mercado acompanha as movimentações da União Europeia em direção a um embargo às importações de ativos energéticos pela Rússia. Os impactos dos lockdowns na China seguem sendo monitorados, enquanto operadores aguardam a reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) nesta semana.
O petróleo WTI para junho fechou em queda de 2,62% (US$ 2,76), a US$ 102,41 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para o mês seguinte caiu 2,43% (US$ 2,61), a US$ 104,97 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta terça, após ter atingido seu valor mais baixo em dois meses e meio, em um dia no qual o metal é impulsionado pelo recuo do dólar e dos rendimentos dos Treasuries. Investidores seguem aguardando a decisão de política monetária desta quarta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), mas analistas acreditam que a elevação de juros já está precificada, e que o destaque ficará por conta de orientações para o futuro.
O ouro para junho encerrou a sessão com alta de 0,37%, a US$ 1.870,60 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).
No Ibovespa hoje, apesar da queda do petróleo, Petrobras (PETR3, PETR4) ganhou 0,67% e 0,90%, respectivamente.
Outra commodity que fechou em queda foi o minério de ferro, mas as ações do setor de siderurgia e mineração foram na contramão: CSN (CSNA3) fechou com alta de 4,44%, CSN Mineração (CMIN3) subiu 4,13% e Gerdau Metalúrgica (GOAU4) ganhou 2,08%. A Vale (VALE3) foi a exceção do dia e perdeu 0,51%.
Quem liderou o ranking das maiores altas no índice foi a SLC Agrícola (SLCE3), com +6,69%. Também houve destaque para Azul (AZUL4), com o setor aéreo se recuperando da véspera, registrando elevação de 4,36%.
O setor bancário também fechou no positivo, com Banco do Brasil (BBAS3) subindo 2,06%, Santander (SANB11) com alta de 0,95%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) valorizando 0,47% e 0,67%, respectivamente, e Itaú (ITUB4) ganhando 0,51%.
Já no campo negativo, a liderança ficou com JHSF (JHSF3), em queda de 5,81%, em movimento de realização, seguida por Magazine Luiza (MGLU3), que caiu 4,17% e Cemig (CMIG4), com -3,44%. Cosan (CSAN3) também figurou na lista, perdendo 2,32%, com rumores de vazamento do balanço do 1T22 da Raízen, da qual a companhia é acionista, que não teria agradado aos investidores.
Maiores altas do Ibovespa:
- SLC Agrícola (SLCE3): +6,69% // R$ 54,53
- CSN (CSNA3): +4,44% // R$ 20,92
- Azul (AZUL4): +4,36% // R$ 21,28
- CSN Mineração (CMIN3): +4,13% // R$ 5,04
- Cielo (CIEL3): +3,01% // R$ 3,42
Maiores baixas do Ibovespa:
- JHSF (JHSF3): -5,81% // R$ 6,49
- Magazine Luiza (MGLU3): -4,17% // R$ 4,60
- Cemig (CMIG4): -3,44% // R$ 10,40
- Méliuz (CASH3): -3,28% // R$ 1,77
- CVC (CVCB3): -2,88% // R$ 12,47
Outras notícias que movimentaram a bolsa de valores
- Klabin (KLBN11) mais do que dobra lucro no 1T22 e tem Ebitda bilionário
- Copom inicia reunião para definir a nova taxa Selic
Klabin (KLBN11) mais do que dobra lucro no 1T22 e tem Ebitda bilionário
A Klabin (KLBN11) fechou o primeiro trimestre de 2022 com um lucro líquido de R$ 875 milhões segundo resultado financeiro publicado antes do pregão desta terça-feira (3). A cifra representa uma alta de 108% na base de comparação anual, segundo a companhia.
Segundo o resultado da Klabin, o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) saltou 35% no 1T22, fechando o período em R$ 1,726 bilhão.
A receita líquida foi de R$ 4,422 bilhões entre janeiro e março, alta de 28% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, com “crescimento consistente em todas as linhas de negócio”.
O resultado financeiro da companhia teve uma despesa de R$ 77 milhões nos três primeiros meses de 2022, um recuo de 62% em relação ao mesmo trimestre de 2021.
Esse aumento expressivo, segundo o balanço da Klabin, é reflexo dos reajustes de preços implementados nos últimos trimestres, que compensaram custos elevados e a alta do dólar.
O Capex fechou o 1T22 com R$ 999 milhões, alta de 23% no comparativo anual. Já o retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) foi de 20,1% no 1T22, alta de 3,5 p.p. na comparação com o 1T21.
Além disso, a dívida líquida da Klabin foi de R$ 17,890 bilhões no 1T22, uma queda de 18% em relação ao mesmo período de 2021. Com isso, a alavancagem financeira da empresa também reduziu.
O indicador, que é mensurado pela razão entre dívida líquida e Ebitda ajustado, ficou em 2,4x em no 1T22, uma retração de 1,8 vez em relação ao mesmo período de 2021.
Nos últimos cinco pregões, que precedem a divulgação do resultado, a queda das units da Klabin, negociadas sob o ticker KLBN11, foi de 5,1%, deixando os papéis a cotação de R$ 20,96.
Os últimos seis meses foram de uma queda de 6,4%, ante 18% de baixa desde o início do ano. Na janela de 12 meses. As ações da Klabin caem cerca de 24%.
Copom inicia reunião para definir a nova taxa Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começou nesta terça-feira (3) a reunião que definirá o patamar para da Selic. Na quarta-feira (4)) será divulgada a nova taxa básica de juros.
Na ata do encontro anterior, o Copom sinalizou que deve voltar a aumentar, pela 11a vez consecutiva, a Selic. O atual ciclo de alta teve início em março de 2021. A taxa atual é de 11,75% ao ano e deve subir 1 ponto percentual, nesta reunião, segundo previsão do mercado financeiro.
No último boletim Focus, em que o BC mede a expectativa do mercado financeiro, a projeção é de que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano.
As estimativas do mercado para a inflação, entretanto, vêm crescendo há pelo menos 16 semanas.
No mês passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que o futuro das taxas de juros no Brasil dependerá da extensão dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e de outros eventuais choques sobre a inflação.
A expectativa de alta acompanha o aumento nos preços. Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A taxa Selic serve como parâmetro de quanto o governo paga para tomar dinheiro emprestado por meio da emissão de títulos públicos.
A política monetária tem também efeito sobre o câmbio. Em tese, altas na taxa Selic tendem a atrair o investimento externo em títulos públicos brasileiros, cuja rentabilidade aumenta, o que acaba pressionando o dólar para baixo diante do real.
Eventos em outros países, contudo, têm o poder de mitigar esse efeito. Assim como o Copom, nesta terça-feira (3), por exemplo, o Federal Reserve Bank (Fed), o banco central dos Estados Unidos, também começa a discutir os juros para os títulos norte-americanos. Uma esperada nova alta por lá tem o potencial de atrair fluxo de capital para o Brasil e outros países.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,10%
- IFIX hoje: -0,12%
- IBRX hoje: -0,13%
- SMLL hoje: +0,01%
- IDIV hoje: +0,11%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (2)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (2) em queda de 1,15%, aos 106.638,64 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)