O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (3) em leve alta de 0,10%, aos 132.833,95 pontos, revertendo fração da perda de 1,11% observada na primeira sessão do ano, ontem. No segundo pregão do ano de 2024, a máxima diária foi de 133.575,58 pontos, enquanto a mínima fora de 132.250,07 pontos. Já o volume financeiro de hoje foi de R$ 21,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa ainda cede 1,01%, no agregado de duas sessões.
O desempenho positivo do Ibovespa hoje seguiu o caminho contrário ao das Bolsas de Valores dos Estados Unidos, que fecharam o dia no campo negativo.
- Dow Jones: -0,76%, aos 37.430,26 pontos;
- S&P500: -0,80%, aos 4.704,83 pontos;
- Nasdaq: -1,18%, aos 14.592,21 pontos.
No exterior, a cautela deu o tom aos negócios na Bolsa de Valores desde cedo, em meio a realinhamento de expectativas quanto ao ritmo de corte dos juros de referência nos Estados Unidos este ano, movimento que limitou o viés de alta do Ibovespa na sessão, após uma abertura de ano em realização de lucros. Com o foco posto nos juros americanos neste início de 2024, o marco definidor da sessão tenderia a ser a ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, conhecida às 16h. Mas o teor do documento, afinal, não alterou o sinal de Nova York e de São Paulo. Em NY, as perdas no fechamento de hoje iam de 0,76% (Dow Jones) a 1,18% (Nasdaq).
A chance de o Federal Reserve (Fed) iniciar o ciclo de relaxamento monetário já este mês diminuiu nesta quarta-feira, conforme a plataforma do CME Group que monitora o comportamento da curva futura. Para o fim do ano, a ferramenta ainda apontava cenário mais provável de corte acumulado de 150 pontos-base nos juros, mas a probabilidade de a taxa básica seguir entre 5,25% e 5,50% na reunião de janeiro era de 91,2% no início da tarde de hoje, comparada a 87,6% ontem. Como consequência, a hipótese de haver uma redução recuava de 12,4% para 8,8%.
“A sessão foi bem volátil hoje, com os Estados Unidos ainda mandando no jogo, e foco nos próximos passos do Fed, que é o que tem ditado o comportamento dos mercados. E os mercados vinham colocando muito preço na expectativa de que o corte de juros pelo BC americano virá já em março”, diz Erik Sala, especialista em investimentos da DVInvest.
Na ata desta tarde, os dirigentes do Fed apontaram que a taxa de juros está provavelmente no “pico ou perto dele”, e que todos os integrantes do colegiado observaram claro progresso, em 2023, em relação à meta de inflação. O documento do BC dos EUA aponta também que a inflação permanece alta no país, apesar da desaceleração vista no último ano.
Para a BMO Capital Markets, o tom da ata foi “hawkish” duro, com sinais de que o Fed pode adiar o início do ciclo de corte de juros. Segundo essa análise, o BC americano reforçou o elevado grau de incerteza quanto à trajetória dos juros, o que ampara a tese de que a expectativa por afrouxamento monetário em março é prematura.
Assim, a chance de o Federal Reserve cortar os juros a partir de março recuou levemente após a divulgação da ata, segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group. Antes da divulgação do documento, que reforçou que dirigentes desejam manter os juros restritivos por um tempo, a precificação era de 74,5%. Após a ata, a probabilidade caiu para 70,8%. Já a chance de que a taxa permaneça na faixa atual ainda em março aumentou de 25,5% para 29,2%.
“A ata reafirma a ideia de manter o patamar de juros, sem precificar ainda um corte de forma prematura. Os juros devem ser mantidos por mais tempo, e o dólar reagiu a princípio positivamente, nos contratos futuros, mas poucos minutos depois já retornava ao patamar ‘pré-notícia'”, sem tanto reflexo também para as ações, aqui e fora, observa Alan Soares, analista da Toro Investimentos. No fechamento desta quarta-feira, o dólar à vista mostrava estabilidade (-0,01%), a R$ 4,9151.
O dólar à vista terminou com uma leve baixa de 0,01%, próximo à estabilidade, cotado a R$ 4,9151. Na máxima diária, a moeda dos EUA alcançou R$ 4,9410, e na mínima, R$ 4,9233.
Vale recua no Ibovespa
Apesar das ações da Vale (VALE3) registrarem perdas de 0,52% nesta quarta-feira (3), os papéis da Petrobras, negociados sob os tickers PETR3 e PETR4, tiveram fortes altas no pregão, de 3,40% e 3,12%, respectivamente, impulsionando o desempenho diário do Ibovespa para cima.
Além da aguardada ata do Fed, principal ponto da agenda econômica nesta quarta-feira, o mercado tomou nota também do aguçamento da tensão geopolítica no Oriente Médio, com efeito direto para a precificação de ativos como as commodities, especialmente o petróleo, que subiu hoje na casa de 3% em Londres e Nova York.
Mais de 100 pessoas morreram e 170 ficaram feridas no Irã, nesta quarta-feira, em uma dupla explosão durante homenagem ao general Qassim Suleimani, informou a televisão estatal iraniana. As explosões ocorreram perto do túmulo do general em uma mesquita na cidade de Kerman, no sul do país, disse a emissora. A TV estatal afirma que o caso é tratado como um “ataque terrorista”.
Os Estados Unidos não estão envolvidos nas explosões no Irã e não têm motivos para acreditar que Israel esteve, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, reporta a agência Reuters.
Milicianos apoiados pelo Irã, os Houthis, do Iêmen, confirmaram hoje que realizaram uma operação contra navio da CMA CGM Tage que, segundo o grupo, “dirigia-se aos portos da Palestina ocupada”. Em comunicado, o porta-voz Yahya Saree afirmou que o ataque ocorreu depois de a tripulação do navio ter se recusado a responder a chamados das forças navais do Iêmen, incluindo mensagens de alerta.
Em outro desdobramento sobre a situação no Oriente Médio, o chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, disse que Israel enfrentará “resposta e punição”, um dia após a morte do vice-líder do Hamas, Saleh al-Arouri. Um suposto ataque feito por drone de Israel teria atingido al-Arouri no subúrbio de Beirute, capital do Líbano. Nasrallah afirmou também que “se o inimigo pensar em travar uma guerra contra o Líbano, irá arrepender-se”. O governo libanês, por sua vez, tenta fazer com que o Hezbollah mostre moderação.
Além disso, relatos de que manifestantes da cidade de Ubari, no sudoeste da Líbia, fecharam o campo petrolífero de Sharara, um dos maiores e mais importantes do país, contribuíram para a pressão sobre os preços da commodity observada ao longo do dia.
O desempenho positivo das ações da Petrobras seguiu em linha com o forte avanço da cotação do petróleo.
Diante das operações na Líbia terem sido interrompidas frente a manifestações e depois da Opep+ se comprometer novamente com um mercado mais estável, os contratos futuros de petróleo WTI com vencimento em fevereiro de 2024 tiveram ganho diário de 3,30%, enquanto os contratos futuros do Brent para março avançaram 3,11%.
Além das ações de Petrobras, outros papéis também tiveram um dia fortemente positivo, caso do Pão de Açúcar (PCAR3), que disparou mais de 10%, enquanto o Grupo Soma (SOMA3) subiu 5,31%.
O grande destaque de baixa foi a BRF (BRFS3), que caiu 4,91% e liderou as perdas do dia. As ações da Azul (AZUL4) perderam 3,33% na Bolsa de Valores hoje, enquanto a Braskem (BRKM5) caiu 2,84%.
Maiores altas do Ibovespa
- Pão de Açúcar (PCAR3): +10,50%
- Grupo Soma (SOMA3): +5,31%
- Cielo (CIEL3): +3,74%
- Petrobras ON (PETR3): +3,40%
- Prio (PRIO3): +3,37%
Maiores quedas do Ibovespa
- BRF (BRFS3): -4,91%
- Azul (AZUL4): -3,33%
- Braskem (BRKM5): -2,84%
- JBS (JBSS3): -2,78%
- MRV (MRVE3): -2,52%
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (2) em queda de 1,11%, aos 132.696,63 pontos.
Com Estadão Conteúdo