O Ibovespa hoje encerrou a sexta-feira (1º) em alta de 0,42%, aos 98.953,90 pontos, depois de oscilar entre 97.231,18 e 99.339,57 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,1 bilhões na sessão. Na semana, acumulou ganho de 0,29%, após quatro perdas semanais consecutivas, duas das quais na casa de 5%. No ano, cede agora 5,60%.
O Ibovespa acompanhou a melhora ao longo da tarde em Nova York e oscilou para o positivo nesta primeira sessão de julho, vindo de perdas nas três sessões anteriores.
Encerrado o pior junho desde 2002 (agora -11,50%), o índice teve também a maior perda mensal desde março de 2020 (-29,90%). A entrada com pé direito no segundo semestre foi uma cortesia do desempenho de Petrobras (PETR4), em dia negativo para Vale (VALE3), mais uma vez contida por ajuste no preço do minério de ferro.
“É um mercado com muita indefinição ainda, o que favorece a volatilidade. Hoje, o Ibovespa subiu contrariando a correlação habitual com o câmbio, muito pressionado na sessão, com o dólar negociado acima de R$ 5,30 (R$ 5,3212, em alta de 1,65% no fechamento). As leituras finais para os PMIs industriais nos Estados Unidos e na Europa vieram mais fracas, em desaceleração, enquanto o da China surpreendeu de forma positiva. O quadro para a atividade americana e na zona do euro é mais fraco, o que reforça a cautela quanto aos aumentos de juros, com relação especialmente ao que o Federal Reserve ainda fará”, diz Dennis Esteves, especialista em Renda Variável da Blue3, destacando, no cenário doméstico, a aprovação de PEC com ampliação de transferências sociais, que volta agora à Câmara dos Deputados.
Enquanto, no Brasil, a perspectiva fiscal continua a ser acompanhada com apreensão, sentida de perto no câmbio e na curva de juros, no exterior os temores de desaceleração econômica global, puxada pelo ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, vão se transformando em medo de recessão.
O modelo do Federal Reserve de Atlanta que tenta prever o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos apontava, nesta sexta-feira, queda de 2,1% para o segundo trimestre.
Na quinta, a previsão para o mesmo período era de 1,0%. Caso o recuo no PIB se comprove entre abril e junho, seguindo a retração anualizada de 1,6% nos primeiros três meses do ano, a economia americana entraria em recessão técnica.
Por outro lado, o Credit Suisse acredita que o crescimento econômico nos Estados Unidos será de 2,1% neste ano e de 1,2% no próximo. Em relatório trimestral, o banco prevê também que a economia global crescerá 2,9% em 2022 e 2,1% no ano seguinte.
Para o Credit Suisse, componentes cíclicos do PIB dos EUA devem exibir contração, mas o setor de serviços manterá o crescimento positivo. Recessão no país “é uma clara possibilidade”, mas o banco acredita haver colchões para impedir deterioração da perspectiva, “pelo menos ao longo do ano que vem”.
Na zona do euro, apesar do desempenho moderadamente positivo das bolsas do velho continente nesta sexta-feira, os dados sobre a inflação no bloco, divulgados pela manhã, vieram fortes.
“A inflação na zona do euro voltou a superar estimativas e a bater recordes, acumulando alta de 8,6% em 12 meses. O núcleo, que exclui componentes mais voláteis (de energia e alimentos), também surpreendeu, com avanço de 4,6% em 12 meses, ilustrando uma inflação bem disseminada e, consequentemente, não trazendo qualquer sinal de alívio para o Banco Central Europeu”, aponta em nota a Guide Investimentos.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York tiveram sessão volátil, com abertura negativa e oscilando entre ganhos e perdas nas primeiras horas do pregão. Mais adiante, houve ganho de fôlego, com investidores avaliando indicadores e potenciais ajustes nas apostas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
- Dow Jones teve alta de 1,05%, em 31.097,26 pontos,
- S&P 500 avançou 1,06%, a 3.825,33 pontos,
- Nasdaq ganhou 0,90%, a 11.127,85 pontos.
Na comparação semanal, o Dow Jones recuou 1,28%, o S&P 500 teve baixa de 2,21% e o Nasdaq caiu 4,13%.
O dólar à vista fechou em alta de 1,65%, a R$ 5,3212, depois de oscilar entre R$ 5,2794 e R$ 5,3382.
O petróleo encerrou em alta nesta sexta-feira, à medida que preocupações renovadas com a oferta da commodity atingem o mercado.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para agosto subiu 2,52% (US$ 2,67), a US$ 108,43, com alta semanal de 0,75%. Já o do Brent para o mês seguinte teve alta de 2,38% (US$ 2,60), a US$ 111,63, na Intercontinental Exchange (ICE), com avanço semanal de 2,32%.
O contrato futuro de ouro mais ativo fechou em queda nesta sexta-feira, após novos dados de inflação confirmarem expectativas por aperto monetário no mundo. As cotações foram pressionadas ainda pela notícia de que a Índia elevou o imposto de importação do metal precioso.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto encerrou a sessão em baixa de 0,32%, a US$ 1.801,50 a onça-troy, com perda semanal de 1,57%.
No Ibovespa hoje, o destaque foi para o setor frigorífico, que avançou com base no dólar, enquanto as empresas varejistas recuavam com inflação e juros altos.
Após sete quedas consecutivas, IRB Brasil (IRBR3) liderou as maiores altas do índice, com +6,40%. Em seguida, MRV (MRVE3) subiu 6,02%, com mercado refletindo a notícia da companhia ter concluído a venda dos empreendimentos nos EUA pelo VGV de US$ 195 milhões.
A primeira sessão do mês foi favorável para as frigoríficas, com a valorização do dólar e expectativa de balanços do 2T22. BRF (BRFS3) ganhou 5,08%, Marfrig (MRFG3) valorizou 3,88% e Minerva (BEEF3) teve alta de 3,69%.
O setor bancário também fechou no positivo, com a exceção de Banco do Brasil (BBAS3), que perdeu 0,69%. Bradesco (BBDC3, BBDC4) ganhou 0,21% e 0,76%, respectivamente, Itaú (ITUB4) teve alta de 0,88% e Santander (SANB11) subiu 0,69%.
Acompanhando a alta do petróleo, Petrobras (PETR3, PETR4) avançou 1,87% e 2,15%, respectivamente. Por outro lado, Vale (VALE3) sofreu com a queda do minério de ferro e ficou com -1,91%.
Entre as maiores perdas do índice, as primeiras posições ficaram as varejistas: Magazine Luiza (MGLU3) caiu 5,98% e Americanas (AMER3), com -5,21%, que sentem o cenário de juros e inflação elevados. A lista negativa trouxe ainda Cogna (COGN3), com perdas de 3,74%.
Maiores altas do Ibovespa:
- IRB Brasil (IRBR3): +6,40% // R$ 2,16
- MRV (MRVE3): +6,02% // R$ 8,28
- BRF (BRFS3): +5,08% // R$ 14,28
- Cielo (CIEL3): +4,80% // R$ 3,93
- Marfrig (MRFG3): +3,88% // R$ 12,58
Maiores baixas do Ibovespa:
- Magazine Luiza (MGLU3): -5,98% // R$ 2,98
- Americanas (AMER3): -5,21% // R$ 12,73
- Cogna (COGN3): -3,74% // R$ 2,06
- JHSF (JHSF3): -3,43% // R$ 5,63
- Fleury (FLRY3): -2,64% // R$ 15,87
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Membro do conselho da Oi (OIBR3), Roger Solé Rafols renuncia ao cargo
- Nubank (NUBR33) não é rentável por decisão própria, diz Vélez
Membro do conselho da Oi (OIBR3), Roger Solé Rafols renuncia ao cargo
A Oi (OIBR3) informou ao mercado que o Roger Solé Rafols pediu renúncia ao cargo de membro do conselho de administração da companhia.
Além de membro do conselho da Oi, Rafols era também pediu renúncia do cargo de coordenador do comitê de inovação e transformação digital (CITD) e de membro do comitê de transformação, estratégia e investimentos (CTEI).
Segundo o comunicado, a saída de Roger Solé Rafols ocorreu por razões de ordem pessoal. Em decorrência da vacância do cargo, o conselho de administração da Oi tratará em breve a nomeação de substituto.
“A companhia expressa o mais profundo agradecimento ao Sr. Roger Solé Rafols pela dedicação durante seu mandato, reconhecendo as contribuições e resultados significativos atingidos, em particular no processo de inovação e transformação digital da companhia”, informou o documento.
Nubank (NUBR33) não é rentável por decisão própria, diz Vélez
Com queda de 67,53% nas ações em um ano, o CEO do Nubank (NUBR33), David Vélez, não parece preocupado. Isso porque, segundo ele, a fintech não é rentável por decisão própria.
Em entrevista ao site Brazil Journal, o CEO do Nubank disse que os investidores não entendem que o banco é conservador e que os investimentos hoje consideram uma visão da empresa daqui a 10 anos.
“Isso significa que temos que investir muito hoje para que daqui a 10 anos o lucro seja grande, e a empresa, muito maior. Hoje não somos rentáveis por decisão própria. Se eu parar de crescer, investir no México, ou em novos produtos, eu já gero centenas de milhões de reais de lucro. Mas seria sacrificar o valor da empresa daqui a 5 ou 10 anos”, disse Vélez ao site.
Na análise do CEO do Nubank, hoje há dois detratores para o resultado da companhia. O primeiro, os salários dos engenheiros, que estão construindo o futuro da empresa. “Nós sempre contabilizávamos isso como despesa, e agora estamos começando a capitalizar alguns projetos.”
O segundo é o provisionamento de perdas de risco. Veléz explicou que quando faz um empréstimo novo ele provisiona hoje 100% da perda esperada, mas a receita desse crédito só vem em 6,12 ou 18 meses.
No trimestre passado, houve um aumento de provisionamento de perdas relevante, mas 80% dele estava relacionado ao crescimento, e só 20% à deterioração da carteira. “Temos dificuldade de explicar para o investidor, mas estou super bem provisionado já para todo o futuro.”
Além disso, em entrevista ao site, Veléz comentou que grande parte do dinheiro levantado na abertura de capital (IPO, em inglês) será usado para fusões e aquisições (M&A) mais agressivas.
“Em princípio, pode ser duas coisas: ou novas verticais de negócios, nos moldes do que fizemos com a Esayinvest (NuInvest), quando entramos em investimentos; ou ‘acquihires’, em que você compra empresas para trazer os talentos”, concluiu o porta-voz do Nubank.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,40%
- IFIX hoje: -0,13%
- IBRX hoje: +0,36%
- SMLL hoje: +0,73%
- IDIV hoje: +0,36%
Cotação do Ibovespa nesta quinta (30)
O Ibovespa fechou o pregão da última quinta-feira (30) em queda de 1,08% aos 98.541,95 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)