O Ibovespa hoje encerra a quarta-feira (1º) estável, com +0,01%, aos 111.359,94 pontos, após oscilar entre 110.821,51 e 111.930,89 pontos. O volume financeiro foi de R$ 25,5 bilhões, abaixo da média. No ano, o Ibovespa avança 6,24%, tendo retomado em maio a trajetória ascendente que havia prevalecido entre dezembro e março, revertida em abril.
Nesta quarta, a forte leitura dos índices de atividade PMI, nos Estados Unidos como também no Brasil, suscitou reação ambivalente dos mercados, observa Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.
“A cada leitura melhor dos índices de atividade vem a dúvida sobre o efeito em inflação e no ritmo de ajuste das políticas monetárias. Há uns 15 dias a liquidez vem se mostrando mais restrita, com os investidores em compasso de espera para as próximas decisões sobre juros, no momento em que o calendário eleitoral começa a ganhar atenção do mercado”, diz.
Ele destaca a “lateralização” do Ibovespa observada nas últimas sessões, com o índice sem força para seguir muito adiante mesmo nos dias em que poderia ser mais favorecido pelo avanço dos preços das commodities. Nesta quarta, tanto o Brent como o WTI voltaram a subir, assim como o minério de ferro em Dalian (+1,12%, a US$ 131,95 por tonelada).
Banco retira Petrobras (PETR4) das 10 principais ações da América Latina
O temor de mudanças na atual política de preços da empresa, que leva em conta o câmbio e as cotações da commodity, levou o Morgan Stanley a retirar Petrobras da lista de dez principais ações recomendadas para junho na América Latina. Em relatório, o BTG Pactual estima que intervenções levariam a perdas entre US$ 6 bilhões e US$ 7,5 bilhões de Ebtida da estatal a cada 10% de defasagem ante os preços internacionais.
Se o presidente Jair Bolsonaro – apesar das reiteradas críticas à política de preços da estatal, com sucessivas trocas de comando desde o início do mandato – parece não ter conseguido até o momento ser decisivo na orientação da Petrobras, “Lula é explícito quanto ao que vai fazer, o que afeta também os preços (das ações) de outras estatais”, observa Aragão, da 051 Capital.
“O dia foi negativo no mercado internacional, com os investidores ainda pesando o cenário inflacionário. Essa persistência do petróleo acima dos US$ 120 (por barril) está sendo avaliada pelos analistas em meio à retomada econômica na China – inclusive com medidas de sustentação da atividade -, em conjunto com a decisão da União Europeia de banir o petróleo russo.
Nível de petróleo
A incerteza quanto à Opep, sobre o nível de oferta da commodity, coloca combustível nas preocupações sobre a inflação, assim como estimativas mais fortes para a inflação em áreas como a zona do euro”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
De acordo com relato da Argus, a Opep+ está prestes a concordar com outro aumento em sua meta de produção de petróleo quando os ministros se reunirem em 2 de junho. A coalizão deve carimbar aumento de 432.000 b/d em sua meta de julho, conforme acordo com roteiro esboçado no ano passado, disseram delegados.
Segundo a Reuters, a reunião técnica da Opep+ nesta quarta-feira não discutiu a suspensão da Rússia de um acordo de fornecimento de petróleo, disseram quatro fontes, na véspera do encontro em que deve ser confirmado plano para elevar a produção.
No quadro mais amplo, “embora o Brasil tenha chamado atenção com maio de boa rentabilidade, a grande protagonista continua a ser a inflação. Com a sequência de aumentos da inflação ao redor do mundo, os principais BCs têm indicado preocupação com o tema, com aumentos de juros”, aponta Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.
A presidente da distrital do Federal Reserve em São Francisco, Mary Daly, defendeu nesta quata que a autoridade monetária eleve juros mais rapidamente em direção ao nível neutro, o patamar em que as taxas nem estimulam, nem comprimem a atividade econômica. Em entrevista à CNBC, a dirigente estimou que esse nível está em 2,5%. Atualmente, a taxa de juros de referência do Fed está na faixa entre 0,75% e 1,00%.
“Maio foi bom para a Bolsa brasileira, com alta de 6% no ano, recuperando um pouco o call do ‘Brazil bull’. Os primeiros 15 dias do mês passado foram muito ruins para as bolsas americanas, que mostraram recuperação nos últimos 10 dias de maio, com melhora de dois de três pilares que estavam atrapalhando o cenário de risco: reabertura de China, com o alívio dos lockdowns, o que contribui para os preços de commodities; e más notícias (sobre a economia) que viraram boas notícias, com visão sobre juros que chegou a ficar um pouco mais branda por lá”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando o efeito sobre o câmbio no Brasil, com recente recuo do dólar para baixo do limiar de R$ 4,80.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta quarta-feira, à medida em que as preocupações com a inflação e uma possibilidade de desaceleração da economia norte-americana geraram cautela para investidores. A sequência de aperto monetário Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) é alvo de atenção, em um dia no qual dirigentes voltaram a reforçar os sinais de novas altas de juros pela autoridade.
- Dow Jones em queda de 0,54%, em 32.813,23 pontos;
- S&P 500 perdeu 0,75%, a 4.101,23 pontos;
- Nasdaq recuou 0,72%, a 11.994,46 pontos.
O dólar à vista fechou com queda de 0,02%, a R$ 4,7526, após oscilar entre R$ 4,6985 e R$ 4,7780.
Os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos nesta quarta. Investidores monitoraram notícias sobre a atividade na China, importante consumidora do óleo. Além disso, havia expectativa por novidades da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, como a Rússia, que formam o grupo Opep+.
O petróleo WTI para julho fechou em alta de 0,51% (US$ 0,59), a US$ 115,26 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para agosto avançou 0,60% (US$ 0,69), a US$ 116,29 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contratos mais líquido do ouro fechou em leve alta nesta quarta, em um cenário no qual os temores com a inflação global e a guerra na Ucrânia reforçam o metal como um porto-seguro. No entanto, o avanço do dólar e dos juros dos Treasuries limitam os ganhos do ativo. A moeda americana, na qual o ouro é cotado, teve ganhos fortes ante pares, incluindo o euro, que recua ainda de olho nas perspectivas para alta de juros do Banco Central Europeu (BCE) e a inflação na região.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega marcada para agosto encerrou a sessão com alta de 0,02%, a US$ 1.848,70 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, o grande destaque foi Hypera (HYPE3), que liderou as maiores altas do dia com +7,66%, após acordo de leniência com a CGU e AGU. Em seguida, Weg (WEGE3) subiu 3,31% e Usiminas (USIM5), +2,74%.
A Vale (VALE3) também esteve entre as maiores altas, com ganhos de 2,35%, acompanhando o minério de ferro na China. As ações da companhia seguraram o Ibovespa hoje.
Petrobras (PETR3, PETR4) caiu 0,09% e 0,13%, respectivamente, apesar da alta do petróleo, devido as preocupações sobre a ingerência política na estatal pesando.
Entre os grandes bancos, somente Banco do Brasil (BBAS3) teve valorização, de +0,19%. Itaú (ITUB4) caiu 1,38%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) desvalorizou 1,66% e 1,80%, respectivamente, e Santander (SANB11) baixou 1,94%.
Pressionadas pelas altas do petróleo e do dólar, as ações de companhias aéreas se destacaram entre as maiores perdas do índice. Azul (AZUL4) recuou 5,82% e Gol (GOLL4) cedeu 3,86%. Também figurou no terreno negativo Banco Inter (BIDI11), com -4,69%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Hypera (HYPE3): +7,66% // R$ 41,76
- Weg (WEGE3): +3,31% // R$ 26,21
- Usiminas (USIM5): +2,74% // R$ 11,26
- Qualicorp (QUAL3): +2,67% // R$ 11,52
- CPFL Energia (CPFE3): +2,52% // R$ 34,55
Maiores baixas do Ibovespa:
- Azul (AZUL4): -5,82% // R$ 18,94
- Banco Inter (BIDI11): -4,69% // R$ 12,00
- Gol (GOLL4): -3,86% // R$ 13,95
- Ecorodovias (ECOR3): -3,80% // R$ 7,09
- Americanas (AMER3): -3,78% // R$ 19,34
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Ação da Hypera (HYPE3) dispara após empresa fechar acordo por corrupção
- Eneva (ENEV3) assina acordo de compra da Celsepar por R$ 6,1 bilhões
Ação da Hypera (HYPE3) dispara após empresa fechar acordo por corrupção
A Hypera (HYPE3) fechou acordo de leniência, relacionado à investigação de pagamento de propinas a políticos entre 2010 a 2015, informação que se tornou pública no ano seguinte. As investigações internas foram concluídas em maio de 2020.
De acordo com o fato relevante, a Hypera vai pagar R$ 110 milhões à União e continuar cumprindo com o plano de desenvolvimento de seu programa de integridade, que será monitorado pela Controladoria-Geral da União (CGU) por 18 meses.
A companhia também informou que o valor do acordo será pago integralmente pelo acionista e fundador João Alves de Queiroz Filho. Essa notícia foi positiva para o mercado: as ações da Hypera subiram 7,6%, negociadas a R$ 41,76.
Na análise da XP, o desempenho dos papéis ocorre em razão ao fim das investigações e ao valor que não será descontado do caixa da Hypera.
“O pagamento não terá efeito caixa e encerrará a investigação, o que – a nosso ver – torna a ação menos arriscada e mais adequada para investidores preocupados com a governança da empresa”, informou o relatório.
Com isso, a recomendação da corretora é de compra para as ações da Hypera, com preço-alvo de R$ 48, potencial de valorização (upside) de 23%.
A investigação começou em 2016, quando se descobriu que ex-executivos haviam feito doações ilegais a políticos. Segundo a empresa, as doações não tinham relação com os negócios da Hypera e não beneficiaram a empresa.
Segundo os especialistas da XP, o acordo resolve uma questão de longa data e o efeito líquido do valor da indenização é zero, pois a empresa será ressarcida (e o valor seria equivalente a apenas 0,5% do valor de mercado da empresa). “A nosso ver, o comunicado retira uma carga significativa de incerteza quanto às obrigações da Hypera, além de tornar a ação um ativo mais atrativo para investidores preocupados com a governança.”
Eneva (ENEV3) assina acordo de compra da Celsepar por R$ 6,1 bilhões
A Eneva (ENEV3) informou ao mercado que assinou o acordo para a compra da totalidade das ações da Centrais Elétricas de Sergipe (Celsepar) e sua subsidiária Centrais Elétricas Barra dos Coqueiros (Cebarra) pelo valor de R$ 6,1 bilhões.
Segundo o fato relevante, o valor total a ser pago pela Eneva está sujeito a correção pela variação do CDI mais 1% ao ano (a.a.). Além disso, a companhia vai assumir a dívida líquida da Celse — subsidiária da Celsepar — no valor de R$ 4,1 bilhões.
A operação ainda depende da aprovação dos acionistas da Eneva em assembleia geral, a ser convocada, a anuência dos credores da Celsepar e a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
De acordo com o documento, a Celsepar tem como principal ativo operacional a UTE Porto de Sergipe I (“Usina”), uma usina termelétrica a gás natural em ciclo combinado, com capacidade instalada de 1.593 Megawatt (MW), localizada em Barra dos Coqueiros, no Estado de Sergipe, na região Nordeste do país.
A Usina está integralmente contratada no ambiente regulado até dezembro de 2044, fazendo jus a uma receita fixa anual de R$ 1,9 bilhão (data-base: novembro de 2021), indexada ao IPCA, acrescida de receita variável equivalente a R$ 406,2/MWh (data-base: junho de 2022), indexada ao Petróleo Brent, conforme os termos do contrato de suprimento de gás.
A UTE Porto de Sergipe I é suprida através de uma Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação (FSRU), que permanecerá afretada à Usina até 2044, com capacidade de até 21 MM m³/dia, dos quais aproximadamente 6 MM m³/dia estão dedicados a UTE Porto de Sergipe I.
“Assim, a aquisição garante à Eneva acesso a gás importado e infraestrutura com capacidade disponível que permite a gestão de flexibilidade de suprimento com confiabilidade, contribuindo adicionalmente para a expansão do segmento de comercialização de gás.”
Adicionalmente, a Eneva passará a deter projetos de expansão adjacentes à Usina, que poderão somar 3,2 Gigawatt (GW) de capacidade instalada, quando desenvolvidos.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,01%
- IFIX hoje: +0,08%
- IBRX hoje: +0,10%
- SMLL hoje: -0,06%
- IDIV hoje: -0,07%
Cotação do Ibovespa nesta terça (31)
O Ibovespa fechou o pregão da última terça-feira (31) com alta de 0,29%, aos 111.350,51 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)