Ibovespa cai com Copom rachado; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) sobem e Banco do Brasil (BBAS3) recua 4,37%

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (9) em baixa de 1,0%, aos 128.188,34 pontos. Na mínima do dia, chegou a bater os 127.375,91 pontos, enquanto a máxima alcançada foi de 129.467,87 pontos. O volume financeiro diário totalizou R$ 25,6 bilhões.

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Descolados do dia positivo no exterior, os ativos domésticos tiveram uma quinta-feira de ajuste à confirmação do racha no Copom entre hawks em relativo fim de mandato e doves indicados pelo governo, com efeito sobre a percepção do mercado quanto à direção futura do Banco Central, uma vez que terminem os mandatos de dirigentes mais alinhados à visão do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que deixará a instituição no fechamento de 2024.

Na semana, o Ibovespa passa a acumular perda de 0,25%, ainda avançando 1,80% no mês – no ano, o índice da B3 recua 4,47%.

Veja o desempenho das Bolsas de Nova York.

  • Dow Jones: +0,85%, aos 39.387,63 pontos;
  • S&P500: +0,51%, aos 5.214,08 pontos;
  • Nasdaq: +0,27%, aos 16.346,26 pontos.

Já o dólar à vista encerrou o dia com uma valorização de 1,01%, cotado a R$ 5,1428. Segundo Fabio Louzada, economista, planejador financeiro CFP e fundador da Eu me banco, a movimentação do Ibovespa se deu em meio à alta dos juros futuros depois da decisão do Copom, realizada ontem (9).

O Copom reduziiu em 0,25 ponto percentual (p.p.) a taxa Selic, decisão que rachou os membros do colegiado, indicando divergência entre eles, o que acabou estressando o mercado.

Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, observa que o corte de 0,25 ponto porcentual – e não de meio ponto como defenderam na noite da quarta-feira quatro diretores indicados pelo presidente Lula – era a decisão considerada mais provável pelo mercado. E, apesar da dissidência desses quatro diretores com relação à maioria de cinco que optou por ajuste menor na Selic – reduzida de 10,75% para 10,50% ao ano -, o Copom afirmou, no comunicado, que “a extensão e a adequação dos ajustes serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, destaca Lohmann.

“Com a decisão, o Copom não seguiu o forward guidance da última reunião de março, em que era previsto um corte maior de 0,50 ponto percentual. No comunicado, mais hawkish, o comitê destacou preocupações com o cenário global e com a atividade econômica mais aquecida por aqui”, diz Louzada.

Esse compromisso, reiterado no comunicado do Copom, foi lido como um sinal de firmeza com relação ao combate à inflação e à necessidade de manter a Selic ainda em nível restritivo – ou seja, uma vitória da ala do maior rigor, os hawks, sem que houvesse, no texto, qualquer menção aos fundamentos para a ala dissidente, dove, ter optado na quarta pela manutenção do ritmo de cortes em meio ponto porcentual. “Vamos aguardar a ata para uma análise mais completa e aprofundada”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, ao destacar que a “novidade” – a dissidência no Copom – não se fez acompanhar por explicações no comunicado

O olhar do mercado se voltou desde a noite da quarta ao que tende a prevalecer quando o colegiado for renovado ao fim dos atuais mandatos, a começar por Campos Neto, que pode ser substituído, em 2025, por Gabriel Galípolo – diretor de Política Monetária do BC e ex-secretário-executivo de Fernando Haddad no ministério da Fazenda -, que na quarta votou com os ‘doves’.

“No ano que vem, o governo passará a ter sete membros indicados para o Copom. Com a mudança na presidência da autarquia, na virada para 2025, o temor é de que se tenha então um BC muito mais expansivo, inclinado a cortes de juros independentemente, talvez, de dados que mostrem confiança quanto à inflação”, diz Pedro Moreira, sócio da One Investimentos.

Rogério Mori, economista-chefe da Davos Investimentos, destaca que a redução do ritmo de corte da Selic, na noite da quarta, foi uma decisão mais alinhada com cenário que se deteriorou nos últimos 45 dias, em meio à perspectiva de que as taxas de juros nos Estados Unidos permaneçam altas por mais tempo.

No caso do Brasil, há fatores agravantes, lembra Mori, como o “quadro fiscal”, que também se deteriorou após a revisão de metas oficiais para os próximos anos. “Tornou-se evidente que o esforço fiscal do governo será menor do que inicialmente projetado”, acrescenta o economista, chamando atenção para os efeitos da catástrofe natural no Rio Grande do Sul, que deve afetar a oferta de produtos, especialmente agropecuários, “o que exercerá pressão adicional sobre os preços”.

Destaques do ibovespa hoje

Nas quedas do Ibov hoje estão as ações da Eletrobras (ELET3), após anunciar um balanço trimestral aquém das expectativas do mercado financeiro. A Eletrobras reportou lucro de R$ 331 milhões, com baixa anual de 19%. A partir disso, os investidores vendem a ação, procurando por novas oportunidades.

Também se destacam entre as quedas as ações da Lojas Renner (LREN3). A empresa anunciou um lucro líquido de R$ 139,3 milhões, acima das expectativas do mercado. O CEO comentou em teleconferência que o forte calor dos meses passados poderá atrapalhar as vendas no segundo trimestre.

Na ponta positiva do Índice Bovespa figurou a Rede D’Or (RDOR3), que avançou depois que a empresa divulgou uma parceria com a Atlântica Hospitais e Participações, buscando criar uma nova rede chamada Atlântica D’Or. “A notícia animou o mercado e fez a empresa liderar as altas do índice hoje”, diz o especialista.

As ações da Petrobras também subiram, diante da valorização do petróleo no exterior. As ações preferencias (PETR4) avançaram 0,97%, enquanto as ordinárias tiveram ganho de 1,76%. Já a Vale (VALE3) apresentou uma alta de 0,81%. Apesar do dia positivo para as ações de maior peso no índice, isso não impediu que a cotação do Ibovespa tivesse perdas hoje.

Outra ação que teve alta hoje foi a da BRF (BRFS3), que divulgou um balanço considerado “positivo”. Conforme explicou Louzada, a companhia “divulgou números acima do esperado com lucro de R$ 594 milhões no primeiro tri”.

Maiores altas do Ibovespa

  • LWSA (LWSA3): +4,06%
  • Minerva (BEEF3): +2,63%
  • Rede D’Or (RDOR3): +2,54%
  • BRF (BRFS3): +2,16%
  • Petrobras ON (PETR3): +1,76%

Maiores quedas do Ibovespa

  • 3R Petroleum (RRRP3): -6,67%
  • Lojas Renner (LREN3): -6,47%
  • Ultrapar (UGPA3): -6,34%
  • Cogna (COGN3): -5,65%
  • Banco do Brasil (BBAS3): -4,37%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (8) em alta de 0,21%, aos 129.480,89 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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