O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (21) com uma desvalorização de 0,27%, aos 127.411,55 pontos. Na mínima do dia, chegou a bater os 127.205,34 pontos, enquanto a máxima foi de 128.271,87 pontos. Já o volume financeiro diário somou R$ 19,7 bilhões.
Com poucos catalisadores para orientar os negócios nesta terça-feira, o Ibovespa hoje teve mais um dia de variação contida, tendendo ao negativo pela terceira sessão consecutiva e retroagindo 872 pontos ante o mais recente fechamento positivo, da última quinta-feira, 16, então aos 128.283,62 pontos. Na semana, o índice acumula perda de 0,58%, limitando o avanço do mês a 1,18% – no ano, cai 5,05%.
A sessão mais recente em que a cotação do Ibovespa teve variação de ao menos 1% foi no último dia 9 – então, em baixa de 1,00%. Antes, em 3 de maio, o índice havia subido 1,09% na segunda sessão do mês, após ter encerrado abril pouco abaixo de 126 mil pontos. Desde 10 de maio – ou seja, há oito sessões -, as variações do Ibovespa têm sido inferiores a 0,5%, em ambas as direções, com a incerteza sobre a perspectiva para os juros, no Brasil como nos Estados Unidos, limitando o apetite por risco especialmente por aqui – tampouco induzindo uma queima de ações na B3.
Cautela dá o tom no Ibovespa
Nesta terça, na ausência de novidades que sugiram mudança de posição, a cautela continuou a dar o tom aos negócios em São Paulo. “A semana tem se mostrado mais esvaziada, tanto em noticiário como em agenda de dados, no Brasil e no exterior”, resume Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, destacando em especial as falas de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) que se estendem aos próximos dias.
“Ainda há cautela com relação à inflação nos EUA, sem celebração de vitória quanto à convergência dos preços para a meta oficial, de 2% ao ano”, acrescenta. Dessa forma, observa o economista, “os mercados têm operado estáveis, sem gatilhos para oscilações mais fortes” no momento. Em Nova York, contudo, com os leves ganhos desta terça-feira, tanto o S&P 500 (+0,25%) como o Nasdaq (+0,22%) voltaram a fechar em máximas históricas.
No front doméstico, a futura presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tende a alterar a diretoria da empresa, ainda que preserve parte dos executivos. Um dos que devem permanecer, conforme apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), é o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim. Para além da provável permanência de Tolmasquim – e de Carlos Travassos balançando na divisão de engenharia -, restam dúvidas nos bastidores quanto a diretores mais ligados a atividades-fim, relata do Rio o jornalista Gabriel Vasconcelos.
Ante a expectativa para a confirmação de Magda para a presidência pelo Comitê de Pessoas da estatal, nesta terça-feira, as ações de Petrobras, que acumularam perda de cerca de 12% na semana passada, mantiveram como na segunda-feira leve variação, nesta terça negativa no fechamento, com a ações ordinárias da Petrobras (PETR3) em baixa de 0,75% (na mínima do dia no encerramento) e ações preferenciais da companhia, PETR4, de 0,19%, em dia de queda do petróleo.
O dia foi negativo, como na véspera, para o petróleo Brent e para a referência americana, o WTI. O governo Biden venderá 1 milhão de barris de gasolina dos estoques oficiais para reduzir preços nos EUA antes do feriado de 4 de julho, segundo comunicado. Para cumprir o prazo, o Departamento de Energia deve transferir o combustível ou entregá-lo até 30 de junho.
No Brasil, os investidores continuam atentos aos debates sobre a política monetária, com chance crescente de a Selic permanecer em 10,50% até o final do ano, observa a Guide Investimentos, em nota. “Após o relatório Focus de ontem indicar uma Selic de 10% no final de 2024, uma reunião de analistas com o Banco Central no Rio de Janeiro, também ocorrida na véspera, sugeriu possibilidade de elevação da taxa básica de juros. Outro ponto de atenção é a questão fiscal, que pode impactar também o câmbio”, acrescenta.
No exterior, destaque também para a alta do minério de ferro, o que impulsionou as empresas do setor para o campo positivo, como CSN Mineração (CMIN3), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3).
O avanço na cotação do minério de ferro acontece após a China divulgar uma flexibilização das regras hipotecárias e um empréstimo de US$ 45 bilhões para habitação. Apesar dos avanços das companhias do segmento, a Vale (VALE3) teve queda de 0,29%, puxando a cotação do Ibovespa para baixo.
Entre os grandes bancos do Índice Bovespa, o desempenho no fechamento ficou entre -0,51% – Itaú (ITUB4) – e +0,83% do Santander (SANB11).
A movimentação do Ibovespa hoje foi distinta das Bolsas de Nova York, que fecharam o dia em alta.
- Dow Jones: +0,17%, aos 39.873,58 pontos;
- S&P500: +0,25%, aos 5.321,49 pontos;
- Nasdaq: +0,22%, aos 16.832,62 pontos.
Enquanto isso, o preço do dólar à vista registrou valorização de 0,24% frente ao real, cotado a R$ 5,1168.
Segundo Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, o Ibovespa hoje operou à espera da ata do Fed, que será anunciada amanhã (22).
Cohen destaca que o mercado também observa a questão fiscal no Brasil. Recentemente, divulgou-se uma arrecadação recorde, lembra ele: “A gente sabe que o governo está cada vez mais abrindo novas frentes de gastos e isso tira a credibilidade do nosso atingimento de metas, do governo, da questão fiscal, o que deixa o investidor nervoso”, diz o analista.
Destaque também para as diversas falas de membros do Fed, com a expectativa de que, por enquanto, não vem no curto prazo uma “inflação de segurança, aumentando a dificuldade de que os juros possam recuar”.
Cohen acrescenta: “Isso também traz instabilidade muito grande, principalmente para os países emergentes. Esses dois pontos contribuem para a queda da bolsa e do petróleo, também em baixa, com a demanda menor, e os Estados Unidos anunciando que vão vender 1 milhão de barris de gasolina, principalmente para poder reduzir o preço e assim verificar se consegue ajudar no controle dos indicadores inflacionários nos Estados Unidos”,
Em dia de queda do petróleo, as ações da Petrobras (PETR4) também recuaram no Índice Bovespa. As ações preferenciais da companhia tiveram leve baixa de 0,19%, enquanto as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) apresentaram desvalorização de 0,75%.
Destaques do Ibovespa hoje
A Yduqs (YDUQ3) liderou as altas do Ibov neste pregão, após anunciar um guidance com projeção de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões de fluxo de caixa operacional somado para os próximos cinco anos.
Além disso, a companhia divulgou uma previsão de lucro líquido por ação que vai de R$ 1,60 a R$ 1,90 em 2024, o que acabou animando o mercado e fez as ações liderarem os ganhos da sessão.
Na ponta negativa estão as ações da Suzano (SUZB3), depois de uma notícia dizendo que a companhia vem discutindo uma proposta maior pela International Paper, algo que não agradou o mercado, visto a última proposta, no montante de U$S 15 bilhões, também tinha sido vista como “muito agressiva”.
“Os juros futuros por aqui estão em queda, acompanhando o retorno dos treasuries lá fora. O movimento acontece também depois de um dos membros do Fed afirmar que o viés de atual dos indicadores de inflação nos Estados Unidos é mais de baixa que de alta”, conclui Cohen.
Maiores altas do Ibovespa
- Yduqs (YDUQ3): +10,22%
- CSN Mineração (CMIN3): +2,42%
- CPFL (CPFE3): +2,35%
- Eztec (EZTC3): +2,13%
- Copel (CPLE6): +2,11%
Maiores quedas do Ibovespa
- Vamos (VAMO3): -4,24%
- Lojas Renner (LREN3): -3,95%
- Suzano (SUZB3): -3,72%
- Prio (PRIO3): -3,47%
- Petz (PETZ3): -2,91%
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (20) em queda de 0,31%, aos 127.750,92 pontos.
Com Estadão Conteúdo