Ibovespa fecha em queda, na contramão do exterior; bancos caem, Petrobras (PETR4) sobe e CVC (CVCB3) lidera altas
O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (30) em baixa de 0,73%, aos 117.535,10 pontos, com a mínima de 117.470,87 pontos e a máxima de 118.840,80 pontos. O volume financeiro fora de R$ 16,5 bilhões.
No padrão de idas e vindas que tem pautado o Ibovespa desde a série histórica de 13 quedas – concluída no dia 17 quando fechou abaixo dos 115 mil pontos -, o índice se aproxima do fim de agosto com perda de 3,61% no mês, voltando a ceder terreno nesta quarta-feira. Na semana, vindo de ganhos nas duas sessões anteriores, o índice sobe 1,47% e, no ano, avança 7,11%.
O Ibovespa hoje se descolou das Bolsas dos Estados Unidos, que terminaram o dia em alta:
- Dow Jones: +0,11%, aos 34.890,77 pontos;
- S&P500: +0,39%, aos 4.515,00 pontos;
- Nasdaq: +0,54%, aos 14.019,31 pontos.
Já o dólar à vista registrou ganhos de 0,30%, a R$ 4,8692, chegando a atingir a máxima de R$ 4,8833.
Entre as maiores altas, CVC (CVCB3) disparou 17,09%, enquanto a Dexco (DXCO3) avançou 3,03%. A CSN Mineração (CMIN3), por sua vez, teve uma valorização de 2,84%.
Por outro lado, Via (VIIA3) liderou as perdas, com quase -7%. IRB (IRBR3) tombou 5,2%, enquanto a Alpargatas (ALPA4) caiu 4,96%.
Entre as ações de maior peso do índice, Vale (VALE3) ficou praticamente estável, com +0,02%. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) avançaram 0,68%, enquanto os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) tiveram baixa de 0,08%.
Neste meio de semana, as ações do setor financeiro – que na terça-feira haviam avançado com a expectativa de que o JCP (distribuição de juros sobre capital próprio) não acabaria, mas teria mudança em relação à tributação – voltaram a pesar sobre o desempenho do Ibovespa. Entre os bancos, o Itaú (ITUB4) recuou 2%, o Banco do Brasil (BBAS3) caiu 1,24%, o Bradesco (BBDC4) despencou 2,26% e o Santander (SANB11) cedeu 1,33%.
“Mercado não anima”
“Mercado não anima: enquanto a China não melhorar, e o investidor estrangeiro continuar na ponta de venda, vai subir por quê?”, questiona Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acrescentando que os ativos em Bolsa têm reagido, pontualmente, ao noticiário das empresas. Assim, enquanto as ações de bancos subiram na terça com expectativa mais favorável sobre JCP, hoje voltaram a cair, realizando o avanço do dia anterior, ainda em meio às incertezas sobre a questão. Depois do fechamento da Bolsa, fontes do governo ouvidas pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) em Brasília indicaram que o pacote de receitas, no âmbito da PLOA 2024, vai considerar o fim da dedutibilidade do JCP para todos os setores.
Nesse contexto, na ausência de novos gatilhos do exterior ou da concretização de novidades no front doméstico, “estamos vivendo de eventos corporativos”, ressalta Monteiro. “Para a Bolsa subir, tem que entrar dinheiro”, o que não tem acontecido, destaca o operador.
Dessa forma, o detalhamento no período da tarde, feito pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, sobre a Proposta de Lei Orçamentária para 2024 foi praticamente um não evento, incapaz de direcionar os ativos na B3 em uma direção ou outra. “O governo vai cumprir o que a área econômica vem falando?”, aponta Monteiro, referindo-se ao ceticismo que tem prevalecido no mercado quanto ao cumprimento da meta de déficit zero em 2024, ante a dificuldade para obtenção de receita.
“Pauta fiscal no Brasil tem dificultado, ainda há um descasamento no fechamento entre receita e despesa. Não se sabe de onde vai vir a receita para cobrir o déficit, o que traz algum estresse também para a Bolsa, que hoje operou em baixa, com o dólar subindo um pouco”, diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos. No fechamento, o dólar à vista marcava alta de 0,30%, a R$ 4,8692.
Para André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o mercado doméstico “transcreveu o resultado do PIB dos Estados Unidos, que cresceu 2,1% no segundo trimestre, abaixo do consenso de 2,4%, e dados do Brasil, com o Caged em linha com as expectativas, e queda do IGP-M, de 0,14% em agosto”.
Em Nova York, a leitura do PIB americano foi olhada como copo meio cheio, no momento em que o mercado ainda segue atento à orientação da política monetária nos EUA, especialmente quanto ao espaço para aumentos adicionais nos juros de referência.
“Apesar de parecer contraditório, o freio pode indicar a efetividade dos juros mais altos para controlar a inflação, com esfriamento da economia”, observa Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos.
“Aqui, o relatório de empregos, o Caged, registrou desaceleração gradual, reforçando cenário de pouso suave para a economia brasileira. E os investidores estarão atentos ao resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre, que será publicado na sexta-feira”, acrescenta o analista da Rico, casa que estima crescimento de 0,5% no segundo trimestre em relação ao anterior, para o Brasil.
Nos Estados Unidos, os dados da ADP sobre a folha de pagamentos do setor privado, embora costumem mostrar pouca correlação com o relatório oficial sobre o mercado de trabalho americano – que será divulgado na sexta-feira -, mostraram um quadro mais “tranquilo” na leitura de agosto, observa Meira, da Valor Investimentos. A leitura da ADP trouxe geração de 177 mil vagas em agosto, ante expectativa de 200 mil para o mês.
Maiores altas e baixas do Ibovespa
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed, os dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos trouxeram “um bom humor” no mercado norte-americano, afastando temporariamente as possibilidades de novas altas nos juros.
Entre as altas do Ibovespa hoje ficou a CVC (CVCB3, dando continuidade ao movimento de alta iniciado ontem (29).
“Outro ponto que chama a atenção é que pode estar se iniciando um movimento de short squeeze no ativo. Dados da B3, de 28 de agosto último, compilados pela plataforma Quantzed, apontam para uma posição alugada de 19,5% do free float, ao preço médio de R$ 2,57. Ou seja, quem tem posições vendidas e o ativo começa a subir pode recomprar as ações, trazendo fluxo ao ativo”, destaca Petrokas.
A CSN Mineração (CMIN3) também subiu junto com a Vale (VALE3), e com o minério de ferro, que encerrou com ganhos de 2% na Bolsa de Dalian na sessão de hoje (30). As preocupações em relação à China parecem estar se dissipando, com vários ativos associados às commodities metálicas avançando nos últimos dias.
A Dexco (DXCO3) também valorizou, refletindo o relatório e recomendação de compra pelo banco BTG. Por outro lado, as quedas contam com Alpargatas (ALPA4), assim como o IRB (IRBR3), que passa por um movimento de correção técnica do ativo.
A Via (VIIA3) também caiu, enquanto a Marfrig (MRFG3) está devolvendo parte dos ganhos de ontem (29), quando subiu 10%.
“Juros seguem o comportamento do exterior, depois de dados econômicos fracos lá fora (emprego, PIB e inflação pelo PCE). Também tivemos inflação, medida pelo IGP-M abaixo do esperado. Tudo isso, na minha opinião, corrobora para uma desidratação da curva de juros, que cai de ponta a ponta”, conclui Petrokas.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa fechou a sessão de ontem (29) em alta de 1,10%, aos 118.403,61 pontos.