O Ibovespa fechou a sessão de hoje (30) na mínima do dia, aos 118.087,00 pontos, registrando queda de 0,25%. A máxima do pregão foi de 119.447,25 pontos. O índice caiu 0,75% na semana, mas avançou 9,00% em junho e 7,61% no primeiro semestre de 2023. O volume financeiro do dia marcou R$ 32,7 bilhões.
O Ibovespa iniciou a semana em tom menor, com três perdas, mas passada a expectativa, no fim da tarde de ontem, para a deliberação do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação (tornada contínua a partir de 2025, e mantida a 3% para o ano seguinte), o índice parecia a caminho de engrenar dois dias de leve recuperação.
Nesta sexta-feira, a forte correção em Petrobras (PETR3, -5,13%, PETR4, -4,83%) impediu que o Ibovespa tocasse 10% de ganhos no mês, como sugeria mais cedo, quando ainda mostrava avanço moderado na sessão. No fechamento, prevaleceu perda, com recuo de 0,75% para o índice na semana, o que interrompe série de nove ganhos semanais iniciada ainda em abril.
Hoje, a reação negativa do mercado a novo corte de preço da gasolina, anunciado ainda pela manhã, foi o mote para um ajuste mais profundo nos papéis da Petrobras que, ainda assim, acumularam ganho na casa de 19% para a PETR3 e a PETR4 no mês – e de 37% e 43%, respectivamente, no ano. O anúncio reforça a reocupação em torno do aumento da defasagem entre o preço doméstico do combustível e a cotação externa do petróleo, em dia de alta moderada para o Brent e o WTI, em Londres e Nova York.
Ainda assim, com a gordura que havia acumulado até o dia 21 – que o colocou aos 120,4 mil pontos, no maior nível de fechamento desde abril do ano passado -, o índice da B3 avançou 9,00% em junho, superando o desempenho dos três principais índices de Nova York, que ficou entre +4,56% (Dow Jones) e +6,59% (Nasdaq) no mês.
Ganho do semestre: o melhor desde dezembro de 2020
O ganho de 9% foi o melhor desempenho mensal para a Bolsa brasileira desde dezembro de 2020, quando o Ibovespa subiu 9,30% – na ocasião, ainda no contexto da forte volatilidade global que marcou o primeiro ano da pandemia de covid-19. Curiosamente, está agora perto do nível em que se encontrava no fechamento daquele ano, então aos 119 mil pontos.
No semestre que chega ao fim – os melhores primeiros seis meses desde 2019, quando havia subido 14,88% no mesmo intervalo -, o Ibovespa acumula alta de 7,61%, comparada a uma retração de 5,99% entre janeiro e junho do ano passado, quando temores fiscais domésticos se combinavam a incertezas quanto ao grau de desaceleração da economia mundial, pautada então pelo ciclo de aperto monetário, especialmente nos Estados Unidos.
Um ano depois, a inflação dá sinais de arrefecimento no Brasil e também no exterior, reforçando a expectativa de que os juros americanos estão bem perto – a um ou dois ajustes – do fim do ciclo de alta. Aqui, declarações desta semana do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a própria ata do Copom, da última terça-feira, recolocaram na mesa a expectativa de corte da Selic na próxima reunião, em agosto, após o comunicado da semana anterior ter adiado as projeções de uma primeira redução, de 0,25 ponto porcentual, para setembro.
Assim, junho de 2023 chega ao fim de forma oposta ao que se viu no mesmo período do ano passado, quando havia cedido nada menos de 11,50%, em seu pior desempenho para o mês em 20 anos – em junho de 2002, havia colhido perda de 13,39%. Agora, tanto o Ibovespa como o câmbio e os DIs futuros mostram uma recuperação de confiança dos investidores: a percepção é de resiliência da economia global, distanciando-a de temores quanto a um baque mais profundo, recessivo, e de correção de rota também no espaço doméstico, corroborada ontem pela deliberação do CMN, que tirou da sala os ruídos do governo sobre o trabalho do Banco Central.
Com a recuperação gradual ao longo do segundo trimestre (2,50% em abril, 3,74% em maio e 9,00% em junho), o Ibovespa fechou o intervalo com ganho de 15,9%, vindo de desempenho negativo nos primeiros três meses de 2023, quando cedeu 7,16%, a pior abertura de ano desde 2020 – em que o começo da pandemia lançou o Ibovespa no abismo, entre fevereiro e março.
O Ibovespa hoje descolou das bolsas dos Estados Unidos, que subiram nesta sessão.
- Dow Jones: +0,83%, aos 34.405,99 pontos;
- S&P500: +1,22%, aos 4.450,16 pontos;
- Nasdaq: +1,45%, aos 13.787,92 pontos.
Segundo Apolo Duarte, head de renda variável e sócio da AVG Capital, o último pregão do primeiro semestre de 2023 (1S23) apresentou bastante volatilidade.
A bolsa de valores começou no campo positivo, buscando os 120 mil pontos novamente. Ao observar o dólar, a moeda dos EUA seguiu em perspectiva negativa, indicando ainda uma continuidade de fluxo de entrada de capital aqui no Brasil.
“Isso é confirmado pela curva de juros, que caiu em praticamente em todos os vértices. Entre as quedas há algumas quedas bem importantes e expressivas, como as curvas de 2033 e 2030”, explica Duarte.
A queda do Ibovespa hoje tem relação também com a reunião do CMN, que acalmou o mercado, além da perspectiva de baixa da Selic que já perdura por algumas semanas.
“É super importante essa queda de juros para a gente balizar as próximas quedas que a gente venha a ter na Selic mais pra frente”, diz o especialista.
Mas as blue chips travaram o Ibovespa. Entre as companhias de peso no Ibovespa, a Petrobras (PETR4) registrou forte queda de 4,83% para as ações preferenciais e de 5,14% nas ações ordinárias. Enquanto isso, Vale (VALE3) recuou 1,97%, ambos papéis puxando o índice para baixo.
Liderou as altas a Hapvida (HAPV3) com ganhos de 4,29%, enquanto a maior queda veio com Lojas Renner (LREN3), que tombou 6,50%.
O que movimentou o Ibovespa hoje?
A queda da Petrobras veio após a empresa anunciar que vai fazer uma redução no preço da gasolina e do gás de cozinha.
Isso acabou não sendo bem recebido pelos investidores, conforme explica Duarte. “Dá para perceber um movimento contrário em algumas outras empresas de petróleo, como a PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), que aumentaram a alta depois que a Petrobras anunciou essas reduções. Então, claramente o investidor está fazendo uma troca de posição, saindo da Petrobras e comprando empresas menores de petróleo, que talvez não se impactem por essa redução”.
No setor de commodities, o pregão teve queda para as ações da Vale e também para Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5), que seguem a tendência vista na madrugada do minério de ferro.
No campo positivo, destaque para o setor de saúde, com Hapvida e Rede D’Or (RDOR3) subindo forte. O especialista explicou o desempenho e o otimismo dos investidores com essas ações.
“Hapvida é um papel que vem bastante descontado há um bom tempo. E em relação à Rede D’Or, me parece que a qualidade diferenciada da companhia chama a atenção dos investidores no final do mês, principalmente para aqueles que estão buscando outros setores para aportar”.
Outra ação que subiu hoje foi a MRV (MRVE3), após a companhia vender um empreendimento importante nos Estados Unidos, notícia que gerou um aumento de confiança do investidor na estratégia que a empresa vem adotando.
No campo negativo, Lojas Renner registrou forte queda hoje, já que não foram bem recebidos os últimos dados divulgados pela empresa pelos investidores.
“Mesmo considerando tudo o que se andou até os 120 mil pontos, a Bolsa não está cara, o que se reflete também no fluxo positivo do investidor estrangeiro, que tem acompanhado de perto, mostrando interesse pelo País. Vale lembrar que México está caro, Rússia não é opção e a China tem mostrado PMIs negativos, com ritmo de atividade ainda em contração”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, contrapondo o bom momento dos ativos brasileiros.
“Aqui, as projeções para o crescimento econômico têm melhorado, e a inflação arrefecido, o que se reflete não só no comportamento da Bolsa mas também no câmbio e nos juros longos”, observa o gestor, destacando que o mercado começa a separar “ruído” ante o que é “efetivo” na condução da política econômica. “Haddad tem sido uma grata surpresa”, acrescenta.
No exterior, a chave também tem se mostrado favorável especialmente nos Estados Unidos, com a resiliência da atividade econômica e dos resultados corporativos mesmo em ambiente de juros bem elevados pelo padrão histórico do país.
“Se considerarmos as empresas de maior capitalização de mercado, o que se tem hoje é um grupo de nomes bem distintos do que prevalecia na recessão de 2008. O setor de tecnologia ganhou muito mais peso, o que se reflete no desempenho bem superior do Nasdaq e do S&P 500 em comparação ao tradicional Dow Jones no semestre. Inteligência artificial é algo que, agora, pode desempenhar o papel que a internet teve nos preços dos ativos, tempos atrás”, aponta Mikail.
Maiores altas e baixas hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Última cotação do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão da última quinta-feira (29) em alta de 1,46%, aos 118.382,65 pontos.
Com Estadão Conteúdo