Ibovespa cai 0,86% na véspera do Fed e Copom; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) recuam. Suzano (SUZB3) sobe
O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (30) em queda de 0,86%, aos 127.401,81 pontos. Na máxima diária chegou a bater os 128.492,38 pontos, enquanto a mínima foi de 127.104,69 pontos. Já o volume financeiro de hoje somou R$ 21,7 bilhões.
O Ibovespa seguiu em terreno negativo pelo segundo dia, colocando as perdas em janeiro na casa de 5% nesta penúltima sessão do mês. Caso o porcentual se confirme amanhã, será semelhante à retração do índice em agosto passado (-5,09%), quando o Ibovespa registrou sua mais longa sequência de perdas diárias – ao todo, 13 -, na série histórica iniciada em 1968. Se vier a superar amanhã o revés de agosto, pode ser o maior recuo para o índice desde fevereiro de 2023, quando havia cedido 7,49%.
“Em véspera de decisão sobre juros do Federal Reserve, nos EUA, e do Copom, no Brasil, o dia foi de espera na Bolsa – que segue em realização de lucros, muito por conta da questão fiscal, com o rombo nas contas públicas no ano passado de R$ 230,5 bilhões deixando o mercado ainda um pouco desconfortável”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. “Foi um dia sem grandes novidades e destaques, aguardando definição mais clara sobre o início dos cortes de juros nos EUA para que o volume possa voltar”, acrescenta.
Em dia de queda do Ibovespa, o dólar à vista fechou com leve variação de -0,01%, a R$ 4,9454, enquanto as Bolsas de Nova York encerraram a sessão sem direção definida.
- Dow Jones: +0,35%, aos 38.467,31 pontos;
- S&P500: -0,06%, aos 4.924,94 pontos;
- Nasdaq: -0,76%, aos 15.509,90 pontos.
Em dia de despedida do Ibovespa, as ações da Gol (GOLL4) fecharam em forte queda de 27,23%. O dia também foi negativo para Casas Bahia (BHIA3), que recuou 7,36%.
Apenas 10 ações encerraram o dia no campo positivo, com destaque para Suzano (SUZB3), que avançou 2,56%, Carrefour (CRFB3), com +2,51%, e Embraer (EMBR3), com +2,46%.
A queda do Ibovespa hoje (30) foi apoiada pela baixa de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3). A petroleira recuou 0,45% nas suas ações ordinárias (PETR3) e 0,62% nas ações preferenciais.
Enquanto isso, as ações da Vale acompanharam a queda do minério de ferro no exterior, fechando em baixa de 0,56%. Prevalecem ainda preocupações sobre a demanda pelo insumo em meio à crise imobiliária na China, após a liquidação da antiga gigante do setor, Evergrande, pela Justiça de Hong Kong na abertura da semana.
Stuhlberger, da Verde: “China não passará por quebra abrupta equivalente à crise de 2008”
O sócio-fundador da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, avalia que a China não passará por quebra abrupta equivalente à crise gerada pelo colapso do Lehman Brothers em 2008, nos EUA. Ele estima que as taxas de crescimento chinesas serão cada vez menores, em queda lenta e gradual, e que o país asiático exportará deflação para o mundo todo. “A China vai se convencer de que o menor dos males é desvalorizar a própria moeda”, disse Stuhlberger em evento do UBS nesta terça-feira, reportam os jornalistas Altamiro Silva Jr. e Aramis Merki II, do Broadcast.
Na B3, “além das questões sobre sucessão na mineradora, China é naturalmente o nome do jogo para Vale, que está com valuation atrativo – mas sofre com a incerteza, a falta de clareza sobre o ritmo da economia chinesa, o que dificulta a volta ao papel nesse momento”, diz Naio Ino, gestor de renda variável na Western Asset.
O Bank of America (BofA) avalia que a Vale reportou, ontem à noite, números de produção de minério de ferro “fortes” no quarto trimestre de 2023. Com base no relatório divulgado pela companhia, o banco reitera que a empresa deve apresentar Ebitda de cerca de US$ 6,5 bilhões no balanço do último trimestre do ano passado.
Para outro grande banco americano, o Goldman Sachs, os números vieram essencialmente em linha com o esperado – o que embasaria a reação neutra do mercado aos dados de produção e vendas do trimestre.
Em outro desdobramento recente relacionado à mineradora, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse hoje que a cobrança de R$ 25,7 bilhões da Vale pelo governo federal não tem relação com a tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da mineradora. O ministério dos Transportes notificou a Vale na última sexta-feira, 26, como mostrou o Estadão/Broadcast, por outorgas não pagas na renovação antecipada dos contratos das Estradas de Ferro Carajás e Vitória Minas. “O que fizemos foi cumprir recomendação do TCU Tribunal de Contas da União”, disse Renan Filho.
Olhando o Ibovespa como um todo e o quadro macroeconômico, Naio Ino, da Western Asset, destaca que, amanhã, os sinais do Federal Reserve sobre a orientação da política monetária serão fundamentais para eventual ajuste da curva de juros dos Estados Unidos, o que teria efeito global – lembrando que o cenário de corte de juros do Fed, na reunião de março, passou de 70%, no início do ano, para fatia minoritária das apostas, agora na casa de 40%, com a curva futura nos EUA tendo deslocado para maio a expectativa pela redução inicial, na visão do mercado.
“No quadro mais amplo, esta é a questão essencial. Houve uma correção neste início de ano em relação ao otimismo do fim de 2023, e o gringo, que então comprava ação na B3, passou a vender, resultando nesse fluxo de saída em janeiro”, diz Naio, acrescentando que, em dólar, a depreciação da Bolsa brasileira está em torno de 6,5% no mês, com o estrangeiro aproveitando para embolsar parte do dinheiro obtido em um mercado ‘outperformer entre os emergentes no ano passado.
Maiores altas do Ibovespa
- Suzano (SUZB3): +2,56%
- Carrefour (CRFB3): +2,51%
- Embraer (EMBR3): +2,46%
- Vibra (VBBR3): +1,43%
- CSN Mineração (CMIN3): +1,03%
Maiores quedas do Ibovespa
- Gol (GOLL4): -26,97%
- Casas Bahia (BHIA3): -8,32%
- Braskem (BRKM5): -5,64%
- Petz (PETZ3): -5,03%
- Azul (AZUL4): -4,62%
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
As ações da Gol mais uma vez assumiram o protagonismo entre as quedas, diante dos desdobramentos em relação ao Chapter 11 na semana passada, equivalente a um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Ainda ontem (29), foi comunicado pela Bolsa de Valores brasileira que as ações da Gol deixariam de fazer parte do Ibovespa e de outros índices, sendo eles: IBXX, IBRA, ICO2, IGCT, IDVR, IGCX, IVBX, ITAG e SMLL.
Assim, hoje foi o último dia em que a Gol ainda fará parte da composição do Ibovespa. O seu peso no índice vai ser distribuído de maneira proporcional aos demais papéis componentes da carteira.
Apesar disso, cabe lembrar que as ações da Gol continuarão sendo negociadas na Bolsa de Valores, mas agora categorizadas como “Outras Condições”.
Apesar da forte queda das ações da Gol, a maioria dos papéis de peso que compõem o Ibovespa fecharam no campo negativo, como Petrobras (PETR3/PETR4) e Vale (VALE3).
A queda das ações da Vale acompanhou o desempenho negativo do minério de ferro no exterior.
Os contratos futuros de minério de ferro com maior liquidez para maio tiveram baixa de 1,76% na Bolsa de Dalian, a 979,5 iuanes por tonelada, o que equivale a US$ 136,46, chegando ao menor patamar de preço desde o dia 24 de janeiro de 2024.
A queda da commodity ocorre em meio aos receios do mercado em relação ao endividamento do setor imobiliário chinês.
Já as ações da Petrobras recuaram mesmo com o petróleo subindo lá fora. Os contratos futuros de petróleo WTI com vencimento em março tiveram ganhos de 1,35%, a US$ 77,82 por barril na Nymex. Já os futuros do petróleo Brent com vencimento em abril subiram 0,82%, a US$ 82,50 por barril na ICE.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa terminou a sessão de ontem (29) em queda de 0,36%, aos 128.502,66 pontos.
Com Estadão Conteúdo