Ibovespa tem forte queda após tombo de mais de 5% da Petrobras (PETR4); Magazine Luiza (MGLU3) sobe 2,6%
O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (27) em queda de 2,10%, aos 119.989,64 pontos. Na máxima do dia, o índice registrou 122.598,97 pontos, mas acabou fechando o pregão próximo a mínima, que foi de 119.824,52 pontos. O volume financeiro somou R$ 22,7 bilhões.
O Ibovespa fechou alinhado com as Bolsas de Nova York, que também caíram na sessão de hoje (27).
- Dow Jones: -0,67%, aos 35.281,35 pontos;
- S&P500: -0,64%, aos 4.537,43 pontos;
- Nasdaq: -0,55%, aos 14.050,11 pontos.
Enquanto isso, o dólar à vista encerrou em alta de 0,65%, a R$ 4,7587, chegando a atingir a máxima de R$ 4,7592.
O Assaí (ASAI3) liderou os ganhos da sessão, com forte alta de 4,90%. SLC Agrícola (SLCE3) subiu 3,14% e o Magazine Luiza (MGLU3) disparou 2,59%.
Vindo de cinco altas seguidas – progressão que o alçou dos 117,5 mil no fechamento de 19 de julho para os 123 mil pontos no melhor momento intradia do intervalo, anteontem -, o Ibovespa realizou lucros nesta antepenúltima sessão do mês, em que acumula leve ganho de 1,61% após ter ficado lateralizado, com dificuldade para vencer a região de resistência dos 120 mil pontos, em boa parte de julho.
Hoje, o índice de referência da B3 conseguia conter as perdas e segurar a linha dos 121 mil pontos, mas a virada de Nova York, do positivo ao negativo no meio da tarde, contribuiu para que se acentuasse o movimento de correção na B3, levando o Ibovespa a retroceder primeiro à faixa dos 120 mil, e depois à de 119 mil pontos pouco antes do fechamento desta quinta-feira. A mudança de tom em NY, atingindo quase todos os setores, veio após reunião do Federal Reserve para discutir possível elevação dos níveis de exigência de capital de instituições financeiras.
Passado o ponto alto da agenda semanal – a deliberação sobre juros e os sinais de ontem, emitidos pelo Federal Reserve, sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos -, os investidores se debruçaram nesta quinta-feira sobre números e o noticiário corporativos, à medida que o noticiário macro vai perdendo intensidade em direção ao fim da semana.
Dessa forma, desconectado do avanço de mais de 1% para os preços do petróleo na sessão, o desempenho negativo nesta quinta-feira foi puxado pelas ações de Petrobras (PETR4), em queda de 5,19% e 5,63% (PETR3), segurando a ponta perdedora do Ibovespa, pouco atrás de Gol (GOLL4), que desabou 5,83% e liderou perdas – apesar do balanço trimestral da companhia aérea, em que saiu de prejuízo para lucro líquido de R$ 556,3 milhões entre abril e junho. Por sua vez, na noite anterior, a Petrobras divulgou dados de produção referentes ao segundo trimestre.
Em relatório nesta quinta-feira, o Itaú BBA avalia que a estatal deve entregar fortes resultados no segundo trimestre, sustentada por sólidos números operacionais e um ambiente de preços que se mantém elevado para o petróleo e derivados. Mas um fator de preocupação e incerteza, segundo o banco, é a nova política de dividendos – a instituição manteve recomendação neutra para a empresa.
A produção da Petrobras no segundo trimestre do ano ficou em linha com a previsão do analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, que projeta leve queda para o segmento de Exploração e Produção (E&P) da estatal no resultado financeiro referente ao período, que será apresentado no próximo dia 3. Além da ligeira queda da produção de petróleo de abril a junho, o analista cita menores preços do petróleo na comparação dos trimestres e um real mais forte.
Segundo apurou a Coluna do Estadão, gente de peso e influente junto ao governo dá conta de que haverá mudanças “o quanto antes” na diretoria da Petrobras e que a gestão de Jean Paul Prates estaria desagradando Lula e o PT. Fontes ouvidas pelo Broadcast já falam na saída de Prates do comando da estatal – um ruído que contribui para ampliar incerteza sobre a estatal no momento em que a política de dividendos segue no foco de atenção do mercado.
Na agenda doméstica, destaque à tarde para a divulgação dos números do Caged, sobre a geração de vagas de trabalho, com criação de postos com carteira assinada em junho abaixo das expectativas, aponta o economista Rafael Perez, da Suno Research. Ainda assim, “todos os cinco grandes grupos de atividade econômica tiveram expansão no número de contratações, principalmente os setores de serviços e a agropecuária, que corresponderam a dois terços das vagas criadas”, acrescenta o economista.
Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, a queda do Ibovespa hoje foi impulsionada pela pressão das ações de commodities como Vale (VALE) e Petrobras (PETR4).
“Preocupações com políticas de dividendos da Petrobras após divulgação de resultado financeiro e forte alta de commodities nos últimos dias trazem incertezas com relação ao reajuste de preços de combustíveis. A Petrobras também divulgou no relatório uma queda na produção de óleo e gás no segundo tri. No índice, também temos uma realização de lucros gerando correções naturais de preços após altas recentes do índice”, explica o especialista.
Nos Estados Unidos, os investidores repercutem a elevação de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros americanos e dados do PIB anunciados hoje pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos apontaram um mercado de trabalho ainda forte e PIB americano crescente a 2,4% no segundo trimestre deste ano.
Nesse sentido, o PIB superou as expectativas dos economistas e colocou mais dúvidas sobre o rumo da política monetária por lá, mostrando que os juros altos podem se manter assim por mais tempo.
A Petrobras tem um movimento de correção depois de recorrentes altas nos últimos dias. Os investidores também esperam divulgação da nova política de dividendos da Petrobras e observam se vai haver reajustes nos preços de combustíveis pela companhia, em meio ao avanço recente dos preços do petróleo. Além disso, o mercado também repercute a possibilidade de mudanças na diretoria da companhia.
Um dos destaques negativos do Ibovespa hoje é a Gol (GOLL4), depois de anunciar um balanço positivo que em parte foi beneficiado pela queda do dólar e uma baixa no preço dos combustíveis, que representa 40% dos custos da empresa.
A ação da Gol registrou altas significativas no último trimestre. Assim, Almeida diz que o movimento atual da empresa na Bolsa pode ser uma realização de lucros e ajustes de posições em razão de um bom balanço, mas abaixo das expectativas do mercado.
Nas altas do Ibovespa, um dos destaques é o Assaí (ASAI3), que anunciou um lucro líquido de R$ 156 milhões no segundo trimestre de 2023, uma queda de 51,1% em comparação ao 2T22, o que acabou agradando o mercado. O Ebitda ajustado da empresa teve alta anual de 13,9%, chegando a R$ 1,113 bilhão no 2T23.
As ações do Carrefour (CRFB3) também avançam no Ibovespa hoje, depois que a empresa reportou uma receita fraca, com rentabilidade prejudicada pela inflação de alimentos mais baixa, assim como volumes mais fracos e concorrência mais acirrada.
Apesar da queda do Ibovespa, o DI Futuro nos vértices curtos também recuou, assim como o dólar, o que impacta diretamente o setor de varejo, favorecendo essas empresas, ajudando a impulsionar Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) hoje (27).
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão desta quarta (26) em alta de 0,45%, aos 122.560 pontos.