Ibovespa cai aos 117,5 mil pontos, após ata do Copom; Vale (VALE3) sobe forte em dia de queda do Banco do Brasil (BBAS3) e varejistas

O Ibovespa fechou a sessão de hoje (27) em queda de 0,61%, aos 117.522,87 pontos, depois de registrar a mínima de 116.561,04 pontos, enquanto a máxima foi de 119.211,58 pontos, com dia mais volátil em meio a divulgação da prévia da inflação (IPCA-15) e da ata do Copom. O volume financeiro diário somou R$ 25,2 bilhões.

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A suave ata do Copom e o desempenho positivo dos índices em Nova York não foram o suficiente para impedir o segundo dia de recuo do Ibovespa, em sessão na qual Vale (VALE3) fechou com alta de 1,20% foi a principal exceção entre as ações de maior peso na referência da B3. Contudo, o índice conseguiu moderar perdas em relação ao início da tarde

Na semana, o Ibovespa acumula perda de 1,22% nessas duas primeiras sessões, colocando os ganhos do mês a 8,48%. No ano, o índice sobe 7,10%.

A suave ata do Copom e o desempenho positivo dos índices em Nova York (S&P 500 +1,15%, Nasdaq +1,65%) não foram o suficiente para impedir o segundo dia de recuo do Ibovespa, em sessão na qual Vale (ON +1,20%) foi a principal exceção entre as ações de maior peso na referência da B3. Contudo, o índice conseguiu moderar perdas em relação ao início da tarde

O Ibovespa hoje se descolou do mercado norte-americano, já que as bolsas dos EUA fecharam o dia em alta.

  • Dow Jones: +0,63%, aos 33.926,47 pontos;
  • S&P500: +1,14%, aos 4.378,33 pontos;
  • Nasdaq: +1,65%, aos 13.555,67 pontos.

Ata do Copom, IPCA-15 e Ibovespa

Embora não tenha confirmado uma queda na Selic, a ata do Copom mostrou que o comitê ficou dividido sobre a sinalização que seria dada ao mercado.

Como parte dele enxerga espaço para sinalizar “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, as ações do Ibovespa mais sensíveis ao movimento dos juros tiveram ganhos mais expressivos na abertura dos negócios e o índice registrava alta.

“O dia foi positivo para as bolsas de Nova York, com índices mostrando resiliência da atividade econômica americana, hoje com o conhecimento de dados de confiança, que surpreenderam positivamente, acima do esperado, assim como os de vendas e preços de residências – o que, por outro lado, mantêm cenário difícil para a política monetária, com possibilidade ainda de aumento de juros nos Estados Unidos”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

“Aqui, a ata do Copom veio menos dura do que o comunicado da semana passada, indicando maior possibilidade de início do ciclo de corte de juros em agosto. Mas, para o início de cortes, esperamos algo bem cauteloso, de 0,25 ponto porcentual, considerando alguns núcleos ainda elevados para a inflação e a necessidade de ancorar as expectativas para o longo prazo, e uma atividade econômica que continua surpreendendo positivamente, na margem”, acrescenta.

A leitura do IPCA-15 referente a junho, divulgada nesta manhã assim como a ata do Copom, também contribuiu para a perspectiva de que um primeiro corte da Selic possa vir em agosto, e não em setembro como o comunicado da semana passada do comitê do BC – sem referência a redução da taxa básica de juros – parecia sugerir.

“Serviços, serviços subjacentes e a média dos núcleos arrefeceram no acumulado dos últimos 12 meses. E o índice de difusão – que mostra o porcentual de itens que aumentaram de preços no mês – teve queda, de 64% em maio para 51% em junho”, observa em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Em junho, o IPCA-15 teve pequena alta de 0,04%, após avanço de 0,51% no mês anterior.

No acumulado em 12 meses, a leitura passou de 4,07% em maio para 3,40% em junho, menor variação desde setembro de 2020, de acordo com Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena. “A desaceleração na leitura mensal, de 0,51% para 0,04%, se deve em grande medida ao arrefecimento em combustíveis e alimentação: juntos contribuem com -0,42 p.p, na margem”, acrescenta.

Conforme aponta Sung, da Suno, no mês atual seis dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta de preços, com destaque para Habitação (0,96%), que teve impacto de 0,14 ponto porcentual para o IPCA-15 em junho, o maior efeito de alta sobre o índice na divulgação desta manhã.

“Nossa estimativa para o IPCA dezembro de 2023 passa a ser de 4,80%, IPCA que estará no ‘limiar do teto da meta de inflação’ do ano, de 4,75% (3,25% de meta + 1,50% de margem superior de flutuação)”, indica em nota Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).

“Esse cenário deverá promover queda das expectativas de inflação para 2024 e 2025, contribuindo para início da redução de juros em agosto (cenário base) ou em setembro. Mantemos nossa avaliação de início de corte de juros no Copom de agosto, com redução de 0,25 p.p., e de redução de 0,50 p.p. a cada reunião até o fim do ano”, acrescenta.

Para a Nova Futura Investimentos, a ata desta manhã é “condizente com uma maior inclinação na curva, com os juros curtos precificando o início antecipado do ciclo, com corte de 0,25 p.p. em agosto, mas uma taxa terminal mais alta, prevista no trecho 6 da ata, com o Copom sinalizando juro real neutro mais alto”, aponta em nota o economista-chefe, Nicolas Borsoi.

Na avaliação da casa, o sexto parágrafo da ata do Copom de junho eleva a estimativa de taxa real de juros neutra, de 4,0% para 4,5%. A taxa neutra corresponde a nível de juros que, teoricamente, não estimula nem restringe a atividade econômica.

Queda do índice pelo 2º dia seguido

No entanto, no decorrer do pregão, o Ibovespa virou para a queda, e terminou o dia no campo negativo, pela segunda vez seguida.

Petrobras (PETR4) terminou o dia em baixa, em meio a queda na cotação dos contratos futuros de petróleo lá fora. As ações preferenciais da petroleira caíram 0,78%, enquanto as ordinárias recuaram 0,87%.

A Vale (VALE3) acompanhou o movimento positivo do minério de ferro na China e registrou ganho de 1,20%.

A Alpargatas (ALPA4) liderou as perdas do dia, com forte queda de 7,74%. Na ponta positiva, a maior alta veio com a Minerva (BEEF3), que subiu 3,98%.

Os bancões também registraram quedas – menos o Bradesco (BBDC4), com leve alta de 0,18% (R$ 16,37). O Banco do Brasil (BBAS3) anotou recuo de 1,84%, atingindo R$ 50,20, o Itaú (ITUB4) caiu 1,12%, atingindo R$ 28,31, o Santander (SANB11) teve uma redução de 0,71%, a R$ 30,57.

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, o Ibovespa cai hoje em dia de realização de lucros, depois de nove semanas de altas.

“Nosso índice caminha na contramão das bolsas americanas. O dia nos EUA está sendo positivo após divulgação de dados de confiança do consumidor. Bolsas europeias fecharam com otimismo acompanhando exterior”, destaca.

Apesar do IPCA-15 mostrar desaceleração e a ata do Copom sinalizar que parte do comitê acredita no início de “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, não se confirmou que pode de fato haver de fato uma queda de juros. As falas do Copom abrem espaço para corte pela primeira vez desde que a Selic chegou a 13,75% ao ano.

Com a ata do Copom anunciada hoje (27), a curva de juros recuou com a chance de um possível início da queda da Selic em agosto. Por outro lado, voltou a subir posteriormente, o que prejudicou ações do setor de construção e varejo.

Entre as altas do Ibovespa hoje, destaque para Vale (VALE3), que acompanhou a recuperação do minério de ferro no exterior. Enquanto isso, as ações da Petrobras (PETR4) caíram, com papéis do setor também desvalorizando em meio ao movimento de queda do petróleo lá fora.

Já as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) registraram mais um dia de perdas depois da notícia sobre a possível venda de parte do Casino. Assim, os investidores estão avaliando com cautela a empresa, visto que a saída da companhia poderia elevar o fluxo vendedor de PCAR3 e fazer com que os preços do papel caíssem.

Entre as quedas do Ibovespa hoje também está a Qualicorp (QUAL3), recuando em dia de correção depois da forte alta vista ontem (26), influenciada pela troca do CEO da empresa, o que acabou agradando o mercado.

Maiores altas e baixas

Última cotação do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão desta segunda-feira (26) em queda de 0,62%, atingindo os 118.242 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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