O Ibovespa fechou a sessão de hoje (25) em alta de 0,55%, aos 122.007,77 pontos. A mínima do dia foi de 121.343,58 pontos, enquanto a máxima foi de 123.009,90 pontos. O volume financeiro somou R$ 24,4 bilhões.
Com o IPCA-15 referente a julho em deflação de 0,07% – retração maior do que se antecipava para o mês, o que reforçou a expectativa por corte de meio ponto porcentual na Selic, na reunião do Copom na próxima semana -, o Ibovespa mostrou fôlego, desde a manhã, para emendar o quarto ganho diário e retomar os 122 mil pontos, no maior nível de fechamento em quase dois anos.
Apesar do desempenho ainda negativo das ações de grandes bancos nesta terça-feira – à exceção, hoje, de Itaú (ITUB4 +0,21%) -, o forte avanço das ações de commodities, em especial do setor metálico, com Vale (VALE3 +3,09%) à frente mais uma vez, colocou o Ibovespa no campo positivo desde a abertura. Como ontem, as ações do setor financeiro foram pressionadas pelo sinal do governo de que pode colocar fim à distribuição, pelas instituições financeiras, de JCP (juros sobre capital próprio) a partir de 2024.
Em meio às discussões do governo sobre possível fim dos juros sobre capital próprio na reforma dos tributos sobre a renda, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) observou hoje que a medida, sem contrapartida, aumentaria o custo de crédito e os juros ao consumidor. “A hipótese de simplesmente retirar o JCP ou instituir a tributação sobre os dividendos distribuídos aos acionistas, sem nenhuma outra medida em contrapartida, se traduziria em significativa elevação da carga tributária sobre as empresas e seus acionistas em todos os setores da economia”, afirmou a Febraban em nota.
O Ibovespa hoje ficou em linha com a alta das Bolsas dos Estados Unidos, que também avançaram.
- Dow Jones: +0,08%, aos 35.437,93 pontos;
- S&P500: +0,28%, aos 4.567,53 pontos;
- Nasdaq: +0,61%, aos 14.144,56 pontos.
Enquanto isso, o dólar à vista terminou o dia em alta de 0,36%, a R$ 4,75, tendo a máxima de R$ 4,7593 hoje.
China, juros e IPCA-15
“Tivemos, na sessão, a convergência de dois fatores que explicam essa recuperação do Ibovespa, que até a última quinta-feira estava de lado no mês: sinais de que o Politburo, órgão central do governo chinês, vai tomar iniciativas para estimular a economia do país, em especial o setor imobiliário, o que ajuda diretamente o desempenho de Vale, uma ação na B3 que tinha ficado muito para trás; e a reação dos juros à possibilidade de um corte maior do que se antecipava para a Selic na semana que vem, o que contribui para as ações de setores como os de varejo, consumo e construção”, diz Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset.
“O arrefecimento da inflação no Brasil, com o IPCA-15 no negativo em julho, mantém o País na trilha de ser um dos primeiros a baixar juros. A curva de juros futuros voltou a fechar, e a Bolsa a subir, mesmo com o dólar em leve alta hoje, véspera do Fed, o que resulta em montagem natural de posição para esta aguardada alta da taxa de juros por lá”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
Em outro desdobramento favorável ao apetite por risco na sessão, o Boletim Focus – cuja divulgação foi adiada de ontem para a manhã de hoje – trouxe nova redução nas expectativas de inflação, com destaque para “horizontes mais longos, 2025-26, que se encontram em 3,50%, mais próximas à meta”, aponta em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Além do Fed como ponto alto da agenda, Naio Ino, da Western Asset, ressalta que a temporada de resultados trimestrais ganha tração nesta semana, aqui e no exterior, com destaque para nomes como Santander Brasil, amanhã antes da abertura, e Vale, na quinta-feira – em Nova York, a atenção permanece concentrada nos números das grandes empresas de tecnologia.
“Julho costuma ser um mês mais acomodado inclusive em fluxo, com menos notícias políticas, no recesso do Congresso, e também as férias no Hemisfério Norte, de forma que a temporada de resultados, dependendo do que trouxer, deve ser bem importante para dar direção aos negócios, caso, conforme se espera, o Federal Reserve venha amanhã dentro do consenso, com um aumento de 25 pontos-base na taxa de juros, já precificado pelo mercado para esta reunião”, acrescenta o gestor, que aguarda outra alta além da desta quarta-feira para os Fed funds, que atingiriam então “platô” antes de se iniciarem, mais adiante, os cortes de juros nos EUA.
“A grande dúvida é qual será a postura do Federal Reserve na reunião de setembro”, observa em nota Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. “Na última decisão, o Fed sinalizou que a intenção do comitê Fomc era elevar os juros ainda duas vezes, mas isso dependeria da atividade econômica, que têm dado sinais divergentes. Por um lado, a inflação nos EUA está em ritmo de desaceleração, conforme mostrou o CPI de junho – tanto o índice cheio quanto o núcleo dos preços ao consumidor. Por outro, há indicadores de atividade fortes, sendo o PIB americano o principal, além de dados do setor imobiliário e PMIs”, acrescenta.
Para Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos, enquanto se espera por definições como a dos juros americanos e também da Selic, prevalece na B3 uma “troca de fichas, sem dinheiro novo”, com volume financeiro em geral ainda enfraquecido, tendendo à faixa de R$ 20 bilhões por sessão.
Altas e quedas
As 3 principais altas do Ibovespa hoje foram EzTec (EZTC3), CSN (CSNA3) e Méliuz (CASH3), que avançaram 6,21%, 5,90% e 4,20%, respectivamente.
Já as 3 principais maiores quedas do dia foram Gol (GOLL4), Minerva (BEEF3) e Prio (PRIO3), que caíram 3,06%, 2,71% e 2,62%, nessa ordem.
Nas ações de maior peso na composição do Ibovespa, a Vale (VALE3) disparou 3,09%, a R$ 72,01. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) subiram 2,31%, a R$ 31,00, e os papéis ordinários (PETR3) tiveram alta de 1,79%.
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o Ibovespa sobe hoje (25) com as ações ligadas a commodities, que estão renovando máximas nesta sessão.
Em dia de alta do minério de ferro, o mercado se mostra mais otimista com a China, depois dos anúncios em relação a estímulos para combater o desemprego e retomar o crescimento da economia.
Em meio a esse cenário, Vale (VALE3) sobe, assim como outras empresas do setor como CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4). Enquanto isso, o dólar passa por correção técnica e se valoriza no dia de hoje.
Nos EUA, estão sendo divulgados os resultados de empresas de tecnologia, em que alguns deles têm vindo melhores que o esperado, o que ajuda a bolsa de valores a continuarem subindo.
Cohen também comentou sobre a divulgação do IPCA-15 hoje, que representa a prévia da inflação oficial do Brasil, o que ajudou a movimentar o Ibovespa neste pregão.
“IPCA-15 hoje veio com deflação, números muito bons, que reforçam, na minha opinião a queda de juros na próxima reunião do Copom na semana que vem. Mas acredito que eles virão com uma queda em 0,25%, uma queda mais lenta. E nem uma queda de 0,25% nem 0,50% promete mexer com o mercado, pois isso já vem sendo precificado”.
Na opinião do especialista, algo que poderia surpreender o mercado é a manutenção da Selic no patamar atual.
“O que pode assustar o mercado é caso não venham a derrubar os juros, o que seria visto como uma surpresa. Com dados de inflação melhores que o esperado, temos o setor de construção em alta hoje, já que são setores que se beneficiam de um cenário de queda de juros. Com isso, EzTec (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) estão entre os destaques de altas”.
Um dos destaques de quedas do Ibovespa hoje é a Gol (GOLL4), que caiu depois de diversas altas nos últimos dias. Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) seguem em queda após a disparada dos preços do trigo e milho, já que isso acaba “prejudicando” essas empresas.
Maiores altas do Ibovespa
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (24) com uma valorização de 0,94%, aos 121.341,69 pontos.
(Com Estadão Conteúdo)