Ibovespa cai 0,33% em dia de perda para Petrobras (PETR4); Vale (VALE3) sobe e Petz (PETZ3) tomba quase 10%

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (24) em queda de 0,33%, aos 124.740,69 pontos, registrando a mínima de 124.555,92 pontos e a máxima de 125.472,55 pontos. Enquanto isso, o volume financeiro diário somou R$ 20 bilhões.

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O Ibovespa seguiu em baixa, sem conseguir acompanhar a virada pontual dos índices de ações em Nova York ao positivo no meio da tarde desta quarta-feira, em dia de retomada da pressão sobre os rendimentos dos Treasuries após nova leitura, acima do esperado, sobre dados americanos, desta vez referentes a encomendas de bens duráveis.

Na semana, o Ibovespa recua 0,31% e, no mês, cede 2,63% – no ano, perde 7,04%.

O dia no Ibovespa hoje foi moderadamente negativo para as ações de maior peso no Ibovespa, à exceção de Vale (VALE3, +1,24%), que divulgará o balanço do primeiro trimestre após o fechamento da B3, nesta noite. As ações de grandes bancos mostraram sinal misto no encerramento, entre -0,44% (Itaú, ITUB4) e +0,11% (Santander, SANB11). O dia foi levemente negativo para Petrobras (PETR3, -0,44%, PETR4, -0,46%), com o petróleo ainda se ajustando à relativa distensão geopolítica no Oriente Médio.

As Bolsas de Valores de Nova York encerraram o dia sem direção definida.

  • Dow Jones: -0,11%, aos 38.461,12 pontos;
  • S&P500: +0,02%, aos 5.071,68 pontos;
  • Nasdaq: +0,10%, aos 15.712,75 pontos.

A sessão foi marcada por retomada na trajetória de alta dos rendimentos dos Treasuries e, por consequência, na curva de juros no Brasil, com os investidores à espera, ainda nesta semana, de novos dados de peso sobre a economia americana, como a leitura preliminar sobre o PIB do primeiro trimestre e o PCE, métrica de inflação ao consumidor acompanhada de perto pelo Federal Reserve, o BC americano. Na agenda desta quarta-feira, as encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos mostraram alta de 2,6% em março, na margem, acima da expectativa de consenso, que indicava avanço de 2% no mês.

Segundo Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, a cotação do Ibovespa recua hoje (24) com a alta da curva de juros futuros, o que reflete uma deterioração no “sentimento macro global”.

“O dia foi de ganho global para o dólar, o que favoreceu nova correção, leve, para o Ibovespa, com os bancos, em parte da sessão, alinhando-se entre as maiores quedas considerando as ações de maior liquidez após as falas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo”, diz Alex Carvalho, analista da CM Capital.

Cautela e inflação

“Na minha visão, os investidores têm demonstrado cautela a partir da alta da expectativa de inflação no Brasil para 2025 e PIB em 2024 no Boletim Focus desta semana, de olho no IPCA-15 e do PCE de março nos EUA a serem divulgados na sexta-feira”, destaca a especialista.

Para o IPCA-15, a expectativa do mercado é de uma alta de 0,3% no cenário mensal. O consenso de mercado aponta uma possível alta de 0,3% no PCE nos Estados Unidos, que representa o principal índice de inflação para o Federal Reserve (Fed), com os dois indicadores sendo divulgados na sexta-feira.

Na avaliação da Fitch Ratings, os bancos brasileiros enfrentarão contínuos ventos contrários nas receitas devido a novos cortes nas taxas de juros em 2024, reporta a jornalista Marcia Furlan, do Broadcast. O ritmo e a magnitude desses cortes ainda são incertos, mas o aumento das margens líquidas no curto prazo será equilibrado com empréstimos de menor rendimento e crescimento modesto do crédito real, acrescenta a agência de classificação de risco de crédito.

Para Carvalho, da CM Capital, os comentários de Galípolo, nesta quarta-feira, contribuíram para reforçar dúvidas sobre os juros, no sentido de que, ante as incertezas globais e domésticas, o Copom pode optar por ritmo menor, em ciclo possivelmente mais curto, de ajuste na Selic até o fim do ano – especialmente se forem consideradas as mais recentes falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, lidas como ‘hawkish’, duras, pelo mercado.

Em evento em São Paulo nesta manhã, Galípolo defendeu que o BC mantenha “parcimônia e serenidade” e evite reagir muito rapidamente a variações nos preços dos ativos, ainda que atrase um pouco a sua “função de reação”. “Acho importante a gente ter calma, entender como isso vai se desenrolar o processo de reprecificação de ativos, tendo em vista os juros nos EUA, ainda que o risco que você esteja correndo seja o de estar um pouco mais atrasado nesse processo de função de reação”, apontou Galípolo, em comentários considerados suaves, ‘dovish’.

“A gente não tem meta de diferencial de juros e não tem meta de taxa de câmbio, a gente tem meta de inflação, que vem se comportando bem”, observou o diretor do BC, citando a surpresa positiva no IPCA de março. Mesmo com juro alto e atividade resiliente, há um processo de desinflação global ainda em curso, acrescentou.

“A probabilidade de manutenção dos juros nos Estados Unidos nos patamares atuais por mais tempo e a tendência de alta do índice DXY que contrapõe o dólar a referências como euro, iene e libra tornam o cenário mais desafiador”, diz Inácio Alves, analista da Melver, destacando também fala de Mario Felisberto, executivo-chefe de investimentos (CIO) da Santander Asset, de que possível postergação dos cortes de juros pelo Federal Reserve deixa o mercado mais cauteloso, à espera de “redução das incertezas para tomar decisões com menos riscos”.

“Os investidores têm demonstrado cautela a partir da alta na expectativa de inflação no Brasil para 2025 e para o PIB em 2024 no Boletim Focus desta semana, de olho agora no IPCA-15 e no PCE de março nos EUA, a serem divulgados na sexta-feira”, diz Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital.

Destaques da Bolsa hoje

Nas maiores quedas do Índice Bovespa hoje (24) estão as ações da Petz (PETZ3). O papel operou com a maior queda do dia, devolvendo parte da valorização de cerca de 40% observada no fechamento de sexta-feira, depois da divulgação de uma possível fusão com a Cobasi.

Apesar da queda, a ação ainda acumula alta de aproximadamente 36% sobre o fechamento de sexta-feira, impactado pela avaliação de sinergia entre as duas companhias. Também foi registrado um aumento relevante no volume das posições vendidas do papel desde a última sexta-feira, precificando uma eventual correção depois da movimentação de alta, podendo gerar um short squeeze.

Outra queda do Ibov foi a Usiminas (USIM5). Apesar do avanço do minério de ferro, as ações da companhia tiveram a segunda maior baixa na sessão de hoje, assim como o sexto maior volume de negociação na bolsa de valores.

Já no campo positivo estiveram as ações da PetroReconcavo (RECV3), cujo avanço ocorreu depois do anúncio de uma possível fusão com a Eneva, noticiada pelo Valor Econômico. Também impacta positivamente na movimentação do Ibovespa hoje a ação da Ambev (ABEV3).

“Sem fato ou notícia relevante em relação à empresa na semana, a Ambev vê recuperação nos papéis da companhia após queda acentuada no ano, estando no radar de compra com avaliação de valuation barato”, destacou Jaqueline.

Maiores altas do Ibovespa

  • PetroRecôncavo (RECV3): +4,74%
  • Iguatemi (IGTI11): +2,10%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): +1,81%
  • Ambev (ABEV3): +1,52%
  • Vale (VALE3): +1,24%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Petz (PETZ3): -9,52%
  • Casas Bahia (BHIA3): -4,86%
  • Vamos (VAMO3): -4,11%
  • CVC (CVCB3): -3,85%
  • Usiminas (USIM5): -3,74%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (23) em queda de 0,34%, aos 125.148,07 pontos.

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João Vitor Jacintho

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