Ibovespa sobe pela 9ª semana seguida; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) tombam forte hoje e IRB (IRBR3) dispara 7,3%
O Ibovespa encerrou o pregão de hoje (23) em ligeira alta de 0,04%, aos 118.977,10 pontos, depois de variar entre 118.178,09 e 119.386,09. O volume financeiro do dia totalizou R$ 26,2 bilhões. O índice teve sua 9ª semana consecutiva de alta, após valorização semanal de 0,18% – a mais longa sequência desde agosto de 2016.
A aversão global ao risco derrubou as ações de empresas exportadoras de commodities, mas não foi suficiente para impedir o Ibovespa de encerrar o dia no positivo.
Os ganhos dos setores elétrico (+3,0%), imobiliário (+2,72%) e de consumo (+0,74%) puxaram a Bolsa brasileira nesta sexta-feira, 23, beneficiados pelo noticiário corporativo e pela queda firme dos juros futuros
As bolsas dos EUA operaram no negativo, como Dow Jones e Nasdaq, depois que o banco central elevou o tom no combate à inflação, sinalizando manutenção de aperto monetário nos Estados Unidos.
- Dow Jones: -0,64%, aos 33.728,62 pontos;
- S&P500: -0,76%, aos 4.348,38 pontos;
- Nasdaq: -1,01%, aos 13.492,52 pontos.
“Esse pode ser o tom dos principais bancos centrais até o final do ano. Para muitos investidores pode vir com o preço de uma recessão global. Só assim para se parar a inflação persistente”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
O dólar comercial teve um dia sem muitas surpresas, com os juros futuros (DIs) reduzindo por toda curva, acompanhando a expectativa de que no Brasil o corte na Selic pode ser postergado. Apesar disso, a moeda dos EUA teve alta de 0,12%, a R$ 4,7779.
Em contrapartida, as baixas de Petrobras – 4,10% (PETR4), -3,39% (PETR3) e Vale (VALE3), -1,01% – limitaram o desempenho e chegaram a manter o Ibovespa hoje no negativo durante a maior parte da sessão.
Profissionais do mercado atribuem as quedas de Petrobras e Vale à piora da expectativa para o desempenho da economia global e, portanto, da demanda por commodities. Esse ambiente de cautela se instalou após dados de atividade mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos, Europa e Japão, que reforçaram temores de recessão um dia após os bancos centrais do Reino Unido, Turquia, Noruega e Suíça terem elevado juros.
Os contratos futuros do petróleo tiveram quedas de 0,50% (WTI) a 0,46% (Brent), em um dia já marcado por uma baixa de 2,34% dos preços do minério de ferro na Bolsa de Cingapura. Em meio à aversão ao risco, os índices acionários de Nova York fecharam em queda generalizada – Nasdaq (-1,01%), S&P 500 (-0,77%) e Dow Jones (-0,65%) – e emitiram sinal negativo para o País.
Mesmo assim, 57 dos 86 papéis listados no Ibovespa conseguiram sustentar alta no dia, contra apenas 27 em queda. Ao final do dia, todos os principais índices setoriais da B3 mostravam ganhos, incluindo o Imat, de materiais básicos, que ganhou 0,07% apesar das perdas observadas na Vale.
“De maneira geral, o dia foi de recuperação para as ações, e quem segurou o Ibovespa foram Vale e Petrobras, que caíram por causa da piora no tom internacional”, diz o analista da Empiricus Research Matheus Spiess. “Ontem tivemos uma correção pautada em fatores macro e em um ambiente internacional que não tem ajudado, mas, hoje, voltamos à tendência natural, especialmente pela queda dos juros.”
Na véspera, o Ibovespa havia cedido 1,23% – com perdas em 76 dos 86 papéis -, seguindo dúvidas sobre o aperto monetário global e sobre o ritmo do afrouxamento no Brasil, após um comunicado mais hawkish do que o esperado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Para Spiess, os papéis que mais perderam na sessão anterior foram beneficiados pelo recuo dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) nesta sexta-feira.
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Idean Alves, o Ibovespa teve dia estável, refletindo um dia “morno” para a Bolsa brasileira, assim como a semana, que começou bem, testando os 120 mil pontos – mas teve um “banho de água fria” com as decisões de política monetária no Brasil e no mundo, em especial nos EUA.
O presidente do Fed sinalizou que apesar da pausa na última reunião, devemos ter mais 2 altas na taxa de juros dos EUA. No Brasil, o mercado aguardava uma sinalização de corte de juros na próxima reunião, o que não aconteceu. O tom do comunicado veio mais hawkish do que se esperava.
“Os próximos dois meses serão decisivos para a trajetória de juros e inflação no Brasil após a ‘pausa’ na tempestade dos últimos meses e com a pressão por novas quedas de juros. Devemos ter a manutenção da Selic na próxima reunião em agosto, em que deve haver a sinalização de quando o corte pode ocorrer. Ao que tudo indica ele se dará muito provavelmente na reunião de setembro. Se fosse para agosto teriam sinalizado agora. O Copom está bem assertivo no discurso e não vai mudar agora”, diz Alves.
Entre as ações, diferente de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), o setor de energia avançou com força, sobretudo CPFL Energia (CPFE3), Equatorial (EQTL3), Copel (CPLE6), com ações alcançando máximas históricas.
O setor elétrico se destaca com a melhora do cenário macroeconômico, que deve trazer um maior consumo de energia para a produção e pelas famílias. Além disso, também pesam na escolha dos investidores as buscas por ativos descontados e com o pagamento de dividendos atrativos.
O Assaí (ASAI3) registrou a segunda maior valorização da bolsa de valores hoje no Brasil, depois do block trade que marcou a saída do grupo Casino da companhia, embora isso já fosse aguardado e bem visto pelo mercado, o que fez com que as ações subissem mais de 7% hoje.
Já a Yduqs (YDUQ3) tombou quase 7% depois que o JP Morgan cortou a recomendação das ações para “neutra”. Os papéis da companhia também passaram por correção hoje.
Maiores altas e baixas hoje (23)
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Maiores altas da semana
- IRB (IRBR3): +10,81%
- Raízen (RAIZ4): +10,13%
- Lojas Renner (LREN3): +9,74%
- Aliansce Sonae (ALSO3): +7,86%
- Gol (GOLL4): +6,88%
Maiores quedas da semana
- CVC (CVCB3): -15,78%
- Embraer (EMBR3): -14,01%
- Méliuz (CASH3): -8,70%
- Minerva (BEEF3): -8,69%
- Alpargatas (ALPA4): -7,71%
Última cotação do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (22) em baixa de 1,23%, aos 118.934,20 pontos.
(Com Estadão Conteúdo)