O Ibovespa fechou a sessão de hoje (21) em queda de 0,85%, aos 114.429,35 pontos. A mínima do dia foi de 114.066,51 pontos, enquanto a máxima fora de 115.424,65 pontos. O volume financeiro da sessão foi de R$ 19,4 bilhões.
O Ibovespa ficou perto de ceder a linha dos 114 mil pontos na mínima desta segunda-feira, 21, após ter interrompido na sexta-feira série histórica de 13 perdas consecutivas, a mais longa desde 1968.
No mês, o Ibovespa acumula perda de 6,16%, limitando o ganho do ano a 4,28%.
Enquanto isso, as Bolsas de Nova York encerraram o dia sem direção definida.
- Dow Jones: -0,11%, aos 34.464,41 pontos;
- S&P500: +0,69%, aos 4.399,95 pontos;
- Nasdaq: +1,56%, aos 13.497,59 pontos.
Já o dólar à vista encerrou o dia de hoje (21) com uma valorização de 0,22%, a R$ 4,9787, chegando a máxima de R$ 4,9985.
A Petz (PETZ3) liderou os ganhos da sessão, com +2,45%, seguida pela Cemig (CMIG4), com +1,67%. Magazine Luiza (MGLU3) também despontou entre as altas, com avanço de 1,67%.
Os bancos também caíram nesta segunda: Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,36%, Itaú (ITUB4) caiu 0,40%, Santander (SANB11) perdeu 0,45% e o Bradesco (BBDC4) cedeu 0,72%.
Por outro lado, IRB (IRBR3) tombou 9,24% e liderou as perdas, seguido por Carrefour (CRFB3), com baixa de 4,14%.
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 0,70%, enquanto as ordinárias (PETR3) recuaram 0,99%. A Vale (VALE3), por sua vez, terminou o dia em baixa de 0,03%, praticamente estável.
Luz de alerta
“A queda do Ibovespa por si só já é ruim, mas com tantas perdas acumuladas, começa a acender luz de alerta, com possibilidade de revisões para o cenário, no sentido de baixa. A China cortou mais uma vez os juros, o segundo em dois meses para a taxa de um ano, mas os analistas esperavam redução um pouco maior, em meio às preocupações quanto ao risco de contágio, na economia, dos problemas do setor imobiliário do país, a partir de grandes empresas do segmento, como a Evergrande”, diz Fernanda Bandeira, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, mencionando a correlação de ações de peso na B3, como Vale, à demanda por commodities na China.
“O Banco Popular da China cortou sua taxa principal de um ano, referência para empréstimos domésticos e corporativos, em 10 pontos-base, de 3,55% para 3,45%, abaixo dos 15 pontos-base que se esperava como corte”, aponta em nota a Monte Bravo Investimentos, acrescentando que, ainda assim, parte dos mercados globais ensaiou uma recuperação nesta segunda-feira, apesar do nível, ainda alto, nos rendimentos dos Treasuries – títulos públicos americanos, referência de segurança para os investidores em momentos como o atual, de aversão a risco.
Outro destaque da semana, que contribui para manter a cautela vista nesta segunda-feira, é a expectativa pelo simpósio de Jackson Hole, evento anual organizado pelo Federal Reserve de Kansas City, sempre acompanhado com interesse pelo mercado em razão das pistas que costumam emergir, no evento, quanto à orientação da política monetária não apenas dos Estados Unidos, mas também de outras grandes economias globais. O presidente do Fed, Jerome Powell, falará na sexta-feira no evento de Jackson Hole, que começa na quinta.
Na agenda doméstica, destaque para o IPCA-15, na sexta-feira, e para a possibilidade de nova votação do arcabouço fiscal na Câmara após a passagem da matéria, com algumas modificações, pelo Senado. A votação pelos deputados pode ocorrer ainda nesta semana, mesmo com a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem à África do Sul para reunião de cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Na manhã desta segunda-feira, destaque para o Boletim Focus que trouxe projeção um pouco maior para o IPCA deste ano, a 4,90%, comparada a 4,84% no boletim da semana anterior, e o câmbio projetado passando, no mesmo intervalo, de R$ 4,93 para R$ 4,95 com manutenção do PIB e da Selic, sem variações, no fechamento do ano, observa Roseane Duarte, analista da Toro Investimentos.
Como pano de fundo, na semana passada terminou o período de divulgação dos resultados do segundo trimestre das empresas no Brasil. “Em resumo, os resultados vieram muito machucados pelo impacto das altas taxas de juros, tanto diretamente, com o incremento das despesas financeiras das empresas, como na própria parte operacional, com a dificuldade de fazer com que o faturamento cresça”, diz Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos.
Mesmo com a pequena redução da Selic, de 13,75% para 13,25% ao ano decidida no início de agosto, “o mercado de crédito segue restrito, com muitas empresas ainda encontrando dificuldade para rolar seus financiamentos, em ambiente também difícil para os bancos, o que ainda amarra a economia”, acrescenta o gestor, prevendo melhora nos resultados das empresas apenas no médio prazo, à medida que os efeitos da redução da Selic se transmitam à atividade econômica.
Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o motivo da queda do Ibovespa hoje (21) se deu principalmente em razão da grande alta dos juros nos Estados Unidos, dos Treasuries. Sendo assim, o índice brasileiro seguiu o exterior.
“Isso se dá muito em virtude dos acontecimentos da semana passada, problemas com a China, mas principalmente Estados Unidos mostrando que a política de juros ainda é bem altista e hawkish em relação aos juros”, destaca Cohen.
O especialista acredita que o mercado vai ficar em compasso de espera até sexta (25), quando Jerome Powell vai falar em Jackson Hole, podendo trazer alguma novidade sobre as próximas decisões em relação aos juros. Por essa imprevisibilidade, as incertezas geram medo ao mercado, fazendo com que os juros subam, o dólar avance e as bolsas de valores recuam em um cenário de aversão a riscos.
Petrobras (PETR4) e grandes bancos caíram em bloco na sessão de hoje (21), principalmente em razão dessa incerteza. A Petrobras também acompanhou a baixa do petróleo no exterior, que recua com as incertezas da economia da China.
“A gente está com uma queda sistêmica e não uma queda por setor específico. Não são só bancos, empresas do varejo como Carrefour (CRFB3), Natura (NTCO3), Alpargatas (ALPA4) e Arezzo (ARZZ3) também caem acompanhando a alta dos juros futuros hoje. Juros altos são negativos para as empresas do setor”, ressalta o analista de investimentos.
Entre as altas do Ibovespa hoje está a São Martinho (SMTO3), que avançou depois de várias quedas recentes em um movimento de ajuste. A Petz (PETZ3) também se destaca entre as altas em movimento de ajuste depois de recentes quedas.
“Na minha opinião, o Ibovespa tem espaço para cair ainda pelo menos mais uns 2 ou 3% até por volta dos 113 mil pontos. E aí, depois sim, por questão técnica, o Ibovespa tem chance de voltar a subir. Ainda tem um terreno aí para o Ibovespa cair um pouquinho mais e depois quando começar a subir, na minha opinião, pode reverter tendência sim porque graficamente estamos numa figura de reversão ou alargamento, que é o que a gente chama quando rompe lá para cima, como foi quando rompeu agora a máxima do ano no Ibovespa, depois cai, perde as mínimas, depois rompe para cima de novo, stopando todo mundo e fazendo com que o investidor fique totalmente sem saber o que fazer, se é compra ou se é venda”, conclui.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa fechou a sessão de sexta-feira (18) em alta de 0,37%, aos 115.408,52 pontos.