Ibovespa avança e encosta nos 120 mil pontos; Petrobras (PETR4) sobe forte e Vale (VALE3) recua com minério de ferro
O Ibovespa terminou a sessão de hoje (19) em alta de 0,93%, aos 119.857,76 pontos, A mínima do dia foi de 118.557,81, enquanto a máxima registrada foi de 119.939,00 pontos. O volume financeiro foi reduzido, a R$ 15,8 bilhões, em meio ao feriado em NY. O índice renovou mais uma vez o pico do ano nesta segunda-feira.
Em feriado nos Estados Unidos de “Juneteenth”, mais conhecido como “Freedom Day”, ou “O Dia da Liberdade”, as bolsas americanas permaneceram fechadas.
A expectativa por um corte da taxa Selic em agosto foi a principal responsável pelo desempenho do índice, após o relatório Focus ter mostrado uma redução das expectativas do mercado para a inflação de 2023 a 2026 e a taxa básica de juros no fim deste ano e do próximo.
Profissionais do mercado atribuem o desempenho ao fortalecimento das apostas em uma redução da taxa Selic em agosto após a divulgação do relatório Focus. Às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima quarta-feira, 21, o boletim mostrou queda das medianas para o IPCA de 2023 (5,42% para 5,12%), 2024 (4,04% para 4,0%), 2025 (3,88% para 3,80%) e 2026 (3,90% para 3,80%).
“A melhora das expectativas de inflação para 2024 e para o horizonte mais longo, de 2025 a 2026, deve ser percebida e bem-vinda pelo BC. Isso e a recente dinâmica favorável do IPCA e da inflação no atacado, e o fortalecimento do real, devem permitir que o BC considere uma virada na política monetária e cortes de juros já em agosto”, afirmou o diretor de Pesquisa Macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.
O Focus também registrou uma queda das estimativas intermediárias do mercado para a taxa Selic no fim de 2023 (12,5% para 12,25%) e de 2024 (10,0% para 9,5%). Os analistas do mercado ainda anteciparam de setembro para agosto a projeção do primeiro corte dos juros, quando passaram a prever uma queda de 0,25 ponto porcentual da taxa, de 13,75% para 13,5%.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a aposta em um corte dos juros em breve e o aumento geral do otimismo com os ativos domésticos explicam a alta do Ibovespa nesta sessão. “De forma geral, temos um otimismo com a expectativa de que o BC possa sinalizar um corte de juros em agosto na quarta-feira”, afirma a analista.
Assim, mesmo em meio à baixa liquidez, que levou a um giro financeiro fraco – de R$ 15,9 bilhões -, 69 das 86 ações que compõem o Ibovespa anotaram ganhos no pregão. O setor financeiro avançou 1,37% e liderou o índice, puxado por altas acima de 1% nos papéis de grandes bancos como Bradesco (BBDC4) +2,06%), Santander (SANB11), +1,44%, e Itaú Unibanco (ITUB4), alta de 1,36%. O Banco do Brasil (BBAS3) valorizou 1,86% e foi negociado a R$ 50,41
Em dia sem Nova York, o preço do dólar à vista encerrou em queda de 0,92%, a R$ 4,7755, chegando a registrar a mínima diária de R$ 4,7755.
Na sessão de hoje (19), Petrobras (PETR4) subiu forte, 2,63% para ações preferenciais e 2,49% para ordinárias (PETR3). Já os papéis da Vale (VALE3) recuaram 0,4%.
O que movimentou o Ibovespa hoje (19)?
Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, com o feriado nos Estados Unidos, o mercado operou com uma liquidez mais baixa, o que dificultou ainda mais quem estava reajustando suas posições para uma visão mais otimista para o Brasil.
O Ibovespa hoje terminou no campo positivo, também embalado pelo otimismo com o último relatório Focus de hoje, colocando a Selic a 12,25% para o fim de 2023. Essa perspectiva reforça que a reunião do Copom nesta quarta-feira (21) já deve soltar um comunicado sinalizando que já se pode ter um início no corte de juros na reunião seguinte, em agosto.
“Na minha visão, há ainda um otimismo a mais no ar no Ibov com a expectativa da divulgação do texto da Reforma Tributária”, explica Fernandes.
Entre os destaques de alta, ficaram a JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), duas ações que estão bastante descontadas na bolsa de valores e que tiveram uma pressão nas margens em função do ciclo da arroba do boi atualmente nos EUA.
O especialista explica que os investidores estão buscando ativos que ainda não andaram na bolsa, e JBS e Marfrig hoje estão atraindo esse fluxo comprador.
Também brilharam no Ibovespa as ações da Cogna (COGN3), sensíveis a alterações na taxa de juros. Com um Focus revisando para baixo a Selic para 2023, as ações da empresa de educação ficaram entre as maiores altas do Ibovespa.
Entre as quedas, chamaram atenção as ações da CVC (CVCB3), depois de subir forte por vários dias neste mês. Os investidores passam a colocar esse resultado positivo no bolso. Por essa razão, Fernandes considera como um movimento mais técnico de realização de lucros.
Outro ponto negativo hoje foram as ações da Alpargatas (ALPA4), que após subirem mais de 50% desde o início de maio também tiveram uma realização de lucros hoje.
As ações da Vale caíram em meio aà queda das commodities metálicas, com a retomada mais lenta na economia da China.
O especialista destaca que a Petrobras ainda é uma das ações mais baratas da bolsa de valores, e os investidores que estão reajustando suas posições estão com um fluxo comprador para a ação hoje, o que vem puxando o ativo nesta segunda-feira (19).
Em relação aos juros, o mercado já precifica Selic a 12,25% para o fim de 2023, tanto na curva como no relatório Focus, o que vem ajudando a derrubar os juros futuros.
Além disso, alguns agentes como a XP acreditam que o primeiro corte na Selic deve ser de 0,25% no mês de agosto. Posteriormente, a perspectiva é de que os cortes sejam de 0,50% em 0,50% levando a Selic a 11,00% até o final do primeiro trimestre de 2024.
Maiores altas e baixas do Ibovespa
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Cotação no Ibovespa nesta sexta (16)
O Ibovespa encerrou o pregão da última sexta-feira (16) em queda de 0,39%, aos 118.758 pontos, mas registrou um ganho de 1,49% na semana.
Com Estadão Conteúdo