Ibovespa cai pela 13ª vez seguida e tem novo recorde negativo; Vale (VALE3) sobe, enquanto Itaú (ITUB4) derrapa

O Ibovespa fechou com mais um dia de baixa nesta quinta-feira (17), a 13ª seguida, com a maior sequência da história. Dessa vez, o índice caiu 0,53%, aos 114.982,30 pontos, próximo a mínima do dia, que foi de 114.859,21 pontos. Mais cedo, alcançou a máxima de 116.610,49, operando no campo positivo, mas devolveu os ganhos. O volume financeiro foi de R$ 27,2 bilhões.

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O Ibovespa enfim cumpriu a profecia desenhada aos poucos a partir de 1º de agosto e colheu, nesta quinta-feira, 17, a maior sequência de perdas de que se tem registro no índice, em série histórica que retrocede ao início de 1968. Nesta quinta-feira, sem ainda marcar ganho diário desde a abertura do mês, a referência da B3 chegou ao 13º revés seguido, uma sequência sem precedentes. Dessa forma, supera as 12 perdas entre maio e junho de 1970 conforme o AE Dados, série que havia sido igualada na quarta-feira, 16, pelo índice. Antes, o Ibovespa, em ritmo bem gradual de ajuste, vinha se equiparando a outras séries marcantes, de 1998, 1995 e 1984.

Em agosto, o índice acumula perda de 5,71%, limitando o avanço do ano a 4,78% – no fim de julho, estava em 11,13% para 2023, então bem perto dos 122 mil pontos.

Entre as ações de maior peso na B3, o setor financeiro foi o vilão – ou protagonista – para que o Ibovespa alcançasse a nova marca, com os grandes bancos mais uma vez em bloco no negativo, como o Itaú (ITUB4) – queda de 1,18% – à exceção da Bando do Brasil (BBAS3, +0,93%).

As 3 principais perdas do Ibovespa hoje vieram com Via (VIIA3), São Martinho (SMTO3) e Magazine Luiza (MGLU3), com quedas de 6,15%, 5,40% e 5,05%, respectivamente.

Na ponta positiva, os principais destaques foram Cielo (CIEL3), com +2,67%, Eletrobras (ELET3), que subiu 2,15%, e Minerva (BEEF3), com valorização de 1,53%.

A Vale (VALE3), apesar de fechar com alta de 1,41%, não impediu mais uma perda do Ibovespa, que recuou junto às empresas varejistas e bancos. A Petrobras (PETR4), por sua vez, caiu 0,32% nas ações preferenciais e 0,75% nas ações ordinárias.

Na sessão, a recuperação parcial em Vale , que ainda acumula perdas de 3,08% na semana e de 8,20% no mês, foi o único contraponto significativo, insuficiente para segurar o pequeno avanço que o índice sustentava no início da tarde. Petrobras, outro peso-pesado da carteira, não conseguiu preservar os ganhos vistos mais cedo

O Ibovespa ficou alinhado com a queda das Bolsas de Valores nos Estados Unidos.

  • Dow Jones: -0,84%, aos 34.473,90 pontos;
  • S&P500: -0,78%, aos 4.370,13 pontos;
  • Nasdaq: -1,17%, aos 13.316,93 pontos.

O dólar à vista encerrou a sessão em queda de 0,10%, a R$ 4,9814, depois de registrar a mínima de R$ 4,9598.

Cautela externa e títulos do tesouro dos EUA

Desde a quarta, a cautela externa foi reforçada pelos sinais que chegaram da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), divulgada à tarde.

“A ata deu pistas sobre a possibilidade de a taxa de juros dos Estados Unidos voltar a subir em setembro”, diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. “Certos trechos da ata foram considerados importantes, com alguns dirigentes considerando a inflação em nível um pouco alto, ainda inaceitável, e que é preciso mais evidências para acreditar que as pressões sobre os preços estão perdendo força. O que pode exigir novos aumentos de juros”, acrescenta.

Além dos temores relacionados à possibilidade de aumento adicional nos custos de crédito na maior economia do mundo, o mercado segue atento também à China, especialmente pela exposição que o Brasil e a B3 têm a commodities, o que já coloca a saída de investimento estrangeiro da Bolsa a quase R$ 8,5 bilhões no mês, considerando dados disponíveis até o dia 15.

Conforme nota outro observador do mercado local, os resultados no segundo trimestre foram “bons, mas não excelentes”, especialmente entre os bancos, setor que responde por cerca de 30% a 40% da Bolsa – o que pressiona o desempenho do Ibovespa e ajuda a entender o “banho de sangue” que tem sido visto desde o começo do mês, acrescenta a fonte.

No Estados Unidos, o destaque desta quinta ficou com os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano, que atingiram o maior nível em 15 anos, com reflexos na demanda por ativos de risco em todo o mundo, especialmente nas bolsas de Nova York, que fecharam o dia em baixa, aponta André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

“Os ‘yields’ chegam assim aos maiores níveis desde outubro passado, equivalentes aos de 2007, quando houve a grande crise do ‘subprime’, com reflexo direto sobre as Bolsas”, acrescenta Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos, referindo-se à crise global deflagrada então, há 16 anos, no segmento de hipotecas de alto risco nos Estados Unidos.

Com ainda menos catalisadores internos do que os disponíveis na quarta, os investidores continuam a monitorar sinais externos, que têm pautado mais os negócios do que, em geral, o noticiário doméstico nas últimas sessões.

“Os investidores seguem atentos ao noticiário corporativo chinês, que trouxe como destaque o plano de reestruturação da gestora Zonghzi, que deixou de remunerar diversos ativos nos últimos dias. Além disso, também se avalia a notícia de que Pequim deve intensificar a intervenção no câmbio nos próximos dias, buscando aliviar as perdas registradas pelo yuan recentemente”, observa a Guide Investimentos, em nota.

Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, destaca que o Ibovespa chegou ao seu 13° dia de queda consecutiva.

“Podemos justificar essa queda através de um misto de realização de lucros por parte dos investidores (principalmente estrangeiros) que carregavam posições compradas desde os 100.000 pontos”, explicou.

Caumont ainda diz que, em algum momento, essa realização poderia acontecer, de modo que o estopim foi o risco de uma recessão global em razão da dificuldade da China, que apesar de diversos estímulos econômicos, vem tendo dificuldade de retomar o aquecimento de sua economia, com “grande chance de default por parte de grandes construtoras, repetindo o caso da Evergrande”.

“Consequentemente tivemos um enfraquecimento das commodities que, apesar de trabalharem em alta hoje, foram responsáveis pelas quedas dos últimos dias, pois impactam diretamente as empresas de maior peso na bolsa brasileira, uma vez que China segue sendo nosso maior importador no campo das commodities”, concluiu.

Entre as maiores quedas do Ibovespa hoje está o setor de varejo, com Alpargatas (ALPA4), Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) no campo negativo. Com a forte alta registrada ontem (16) e uma forte alta nos juros futuros hoje com o cenário atual, o especialista diz que “era de se esperar uma realização de posições nos papéis de varejo”.

Em movimento de realização de lucros, outra empresa que cai é a Cyrela (CYRE3), após as altas recentes obtidas.

Entre as altas do Ibovespa hoje, um dos destaques foi a Minerva (BEEF3), que subiu forte depois da permissão da autoridade concorrencial do Uruguai para a compra da BPU Meet por parte da empresa.

Outro destaque positivo foi a Vale (VALE3), cuja ação foi impulsionada principalmente pela alta no minério de ferro lá fora, tendo uma “correção” para cima depois dos consecutivos dias de baixa.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão de ontem (16) em baixa de 0,50%, aos 115.591,52 pontos.

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João Vitor Jacintho

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