Ibovespa sobe com Fed e PEC dos Precatórios; Minerva (BEEF3) dispara
O Ibovespa fechou esta quarta-feira (15) em alta de 0,63%, aos 107.431,18 pontos. A volatilidade do dia se deve à indecisão dos investidores sobre as novidades em relação à política monetária do Federal Reserve (Fed).
Com a alta de hoje, o Ibovespa quase zera a alta na semana e recua 0,30%. No ano, avança 5,41%.
O índice oscilou, a princípio, entre pequenas altas e baixas. Em seguida ao anúncio do Fed, o Ibovespa chegou à máxima do dia, aos 107.603 pontos (+0,79%), mas logo perdeu os ganhos. Próximo ao fim do pregão, Wall Street se animou e levou a bolsa de valores junto.
O cenário doméstico foi posto de lado durante o dia, com exceção da PEC dos Precatórios, aprovada no segundo turno da Câmara dos Deputados, por 332 votos contra 142. O próximo passo será analisar os destaques que alteram o conteúdo do texto aprovado pelo Senado, mas a cúpula dos deputados age para evitar novas mudanças.
Outros destaques nacionais foram o Índice de Atividade (IBC-Br) medido pelo Banco Central, que mostrou a quarta queda consecutiva, de 0,40% (em linha com as expectativas). Além disso, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre, prometeu pautar a reforma tributária após o recesso, em fevereiro.
Federal Reserve: detalhes sobre a política monetária
O Fed confirmou hoje que vai acelerar a redução dos estímulos monetários (tapering) de US$ 20 bilhões para US$ 30 bilhões ao mês e elevou a projeção para os juros nos próximos 3 anos.
Já sobre o início da alta de juros de 2022, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que não espera ter de subir os juros antes do prazo atual previsto para encerramento do tapering, em março. Contudo, ressaltou que ainda não há um fim definitivo do período entre a injeção monetária e a alta de juros. O objetivo, de acordo com ele, é elevar as taxas antes de atingir o pleno emprego.
Além disso, ele indicou que a frequência de elevações de juros (prevista pelos dirigentes do Fed em 3 alta em 2022) pode mudar se o Produto Interno Bruto (PIB) se enfraquecer.
Após a conclusão da reunião do Fed, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, afirmou em coletiva de imprensa que precisa avaliar os efeitos da variante Ômicron da Covid-19 na economia dos EUA, pois “não estão claros os seus efeitos sobre a inflação e demanda”. Powell destacou que os dirigentes do Fed estão “confortáveis para lidar com a Ômicron, sem o programa de afrouxamento quantitativo”, que poderá ser encerrado pelo banco central americano em março.
O presidente do Federal Reserve também destacou que será observado se a alta dos salários supera a produtividade total de fatores da economia, o que segundo ele ainda não ocorreu.
“Os Estados Unidos estão nessa posição de ter uma economia crescendo e possibilitando você subir juros, ao contrário de outras regiões fortes, como a Europa”, explica Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos.
“O recado do Fed é: vou diminuir minha liquidez e o mundo inteiro vai ter de ajustar isso em 2022. E ao mesmo tempo vou subir juros”, aponta Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, completando: “O Fed criou (com o programa de estímulo) um fluxo de liquidez que foi para a bolsa americana e emergentes. Quando tem a diminuição desse programa, então não teremos mais US$ 1,5 trilhão no ano que vem de liquidez no mercado. Vou ter dólar mais forte e menos dinheiro rodando na economia, menos dinheiro de risco”.
Minerva (BEEF3) lidera no Ibovespa hoje
As Bolsas de Valores da Europa fecharam majoritariamente em alta nesta quarta-feira, com investidores atentos com a posição do Fed. Além disso, investidores reagiram à informação negativa de que a inflação ao consumidor no Reino Unido acelerou 5,1% na comparação anual de novembro.
Ações das varejistas, como a do Magazine Luiza (MGLU3), se recuperaram e avançaram com força após a decisão do Fed de manter as taxas de juro inalteradas por ora.
A China anunciou nesta quarta-feira (15) que irá retomar a importação de carne bovina brasileira. Segundo, a Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês) as importações de produtos de carne bovina desossada com menos de 30 meses do Brasil serão retomadas hoje.
Após a notícia, as ações da Minerva (BEEF3) lideraram os ganhos do Ibovespa desde a manhã, com avanço de 7,80%, até o fim do pregão, subindo 11%. Em comunicado ao mercado, a companhia disse que tem “início imediato” a retomada das operações de abate e produção de carne bovina dedicadas ao mercado chinês.
O dólar encerrou o pregão em alta de 0,35%, cotado a R$ 5,6937, número próximo da máxima do dia (R$ 5,6981). Na mínima, a divisa bateu os R$ 5,6190.
O petróleo fechou em alta, após ter invertido seu sinal diante da melhora do sentimento por risco após o anúncio do Fed. No restante da sessão, a commodity energética operou pressionada, com o noticiário que envolve a variante Ômicron e de olho em dados que indicaram desaceleração da economia da China.
O barril de Brent para janeiro subiu 0,24%, a US$ 73,88. Já o barril de WTI para janeiro fechou com alta de 0,20%, a US$ 70,87.
O ouro com entrega prevista para fevereiro recuou 0,44%, a US$ 1.764,50 por onça-troy.
Veja as maiores altas do Ibovespa
As empresas do setor frigorífico foram os principais destaques entre as altas do Ibovespa.
- Minerva (BEEF3): +11,19% // R$ 9,84
- Magazine Luiza (MGLU3): +7,49% // R$ 6,17
- Americanas (AMER3): +7,46% // R$ 28,66
- Lojas Americanas (LAME4): +7,41% // R$ 5,36
- Braskem (BRKM5): +6,19% // R$ 55,78
Maiores baixas
- Iguatemi (IGTI11): -2,77% //R$ 192,00
- Dexco (DXCO3): -2,32% // R$ 16,30
- Ecorodovias (ECOR3): -2,10% // R$ 7,39
- Banco do Brasil (BBAS3): -1,75% //R$ 31,51
- Marfrig (MRFG3): -1,32% // R$ 23,26
Notícias que movimentaram a bolsa de valores
- Cade aprova compra da Unidas (LCAM3) pela Localiza (RENT3) com votação acirrada
- Eletrobras (ELET3) despenca 12% com interrupção de análise da privatização no TCU
- Eneva (ENEV3) incorpora Focus (POWE3) por R$ 960 milhões
Cade aprova compra da Unidas (LCAM3) pela Localiza (RENT3) com votação acirrada
O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (15) a união entre a Localiza (RENT3) e a Unidas (LCAM3), e incluiu na decisão “remédios” para diminuir a fatia do mercado da nova empresa para menos de 50%. A votação foi apertada: 3 a 2. A Unidas foi comprada pela Localiza e a aprovação saiu com restrições.
A junção das duas maiores empresas do setor de aluguel de veículos e gestão de frotas do país foi aprovada com ressalvas. É necessário o cumprimento de cláusulas de restrições que incluem venda “significativa” de ativos na área de locação, de acordo com a relatora, Lenise Prado. Conforme a conselheira, o acordo firmado é sigiloso e os termos não foram divulgados durante a leitura de seu voto.
A Superintendência-Geral recomendou, em setembro deste ano, a aprovação incorporação da Unidas pela Localiza mediante “remédios”. A autarquia avalia ainda a combinação de negócios entre as duas companhias.
A proposta de fusão foi anunciada em 22 de setembro de 2020 e dependia da decisão final do Cade. “Após estudos e consultas ao mercado, a Superintendência verificou que, entre os segmentos afetados pelo ato de concentração, os relacionados à venda de veículos usados e à Gestão e Terceirização de Frotas (GTF) não apresentam maiores preocupações do ponto de vista concorrencial”, diz o Cade.
A Localiza e a Unidas divulgaram fato relevante conjunto, informando sobre a aprovação pelo Cade com “restrições estruturais e comportamentais, nos termos do Acordo em Controle de Concentração – ‘ACC’”. De acordo com as notas, o fechamento do negócio está ainda sujeito a outras condições, como a aprovação pela autarquia do comprador do pacote de ativos a serem desinvestidos nos termos do ACC.
Eletrobras (ELET3) despenca 12% com interrupção de análise da privatização no TCU
As ações da Eletrobras (ELET3) já despencaram mais de 12% e operam em baixa de 9% na manhã desta quarta-feira (15) após a interrupção da análise do processo de desestatização do Tribunal de Contas da União (TCU).
A interrupção do processo de privatização da Eletrobras se deu após um pedido de vista do ministro Vital do Rêgo, e desagradou o mercado.
O ministro afirmou que as obrigações impostas à ‘nova Eletrobras’ trazem impactos às tarifas de energia elétrica. Ou seja, a decisão muito provavelmente pode comprometer o cronograma de venda da elétrica para o primeiro semestre do ano que vem.
“Ontem à noite, fiz chegar ao Cedraz o desejo de pedir vista desse processo. Se o ministro Cedraz ler o relatório, apresentarei razões do meu pedido de vistas regimental”, afirmou Vital do Rêgo.
Com isso, a análise da matéria só será retomada no ano que vem, após a revisão pela equipe de Vital.
Ministro Aroldo Cedraz afirmou não se opor a “esse tipo de medida”, mas que é necessário ter “respeito ao tempo de maturação do processo de privatização”.
Eneva (ENEV3) incorpora Focus (POWE3) por R$ 960 milhões
A Eneva (ENEV3) vai incorporar a Focus Energia (POWE3), empresa que atua nos segmentos de comercialização e geração renovável de energia, por meio de uma subsidiária integral da companhia. O negócio é de R$ 960 milhões e envolve a subscrição privada de debêntures da Focus. Após a notícia, as ações da Eneva disparavam 4,37%, negociadas a R$ 15,05.
Segundo o fato relevante, em decorrência da operação, a Focus será extinta, com a consequente migração da base acionária da companhia para a Eneva. Por sua vez, a Eneva permanecerá a ser companhia aberta e passará a ser titular do patrimônio da Focus. A implementação da operação deve ocorrer até dia 14 de abril de 2022, prorrogável por 3 meses adicionais.
O pagamento será de R$ 715 milhões em dinheiro e R$ 244,9 milhões em troca de ações, com base no fechamento de terça-feira (14), totalizando R$ 960 milhões.
Conforme o documento, a troca será de 0,189616054 novas ações da Eneva para cada ação dos acionistas da Focus, totalizando 17 milhões de novas ações ordinárias de emissão.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,63%
- IFIX hoje: +0,28%
- IBRX hoje: +0,57%
- SMLL hoje: +1,19%
- IDIV hoje: +0,42%
Cotação do Ibovespa nesta terça (14)
Na última terça-feira (14), o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,58%, 106.759,92 pontos, a segunda baixa consecutiva da semana.
(Com informações do Estadão Conteúdo)