Ibovespa cai 1,69% e perde os 130 mil pontos; Petrobras (PETR4), bancos e Vale (VALE3) recuam. O que aconteceu?

O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (16) em baixa de 1,69%, aos 129.294,04 pontos, encerrando o dia no menor nível desde 12 de dezembro passado – também o primeiro fechamento de 2024 abaixo daquele limiar. Durante o dia, a cotação do índice se movimentou entre a mínima de 129.146,61 e a máxima de 131.516,52 pontos, enquanto o volume financeiro diário somou R$ 23,4 bilhões.

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Nas duas primeiras sessões da semana, o Ibovespa recua 1,29%, com perda a 3,65% no mês.

O desempenho do Ibovespa terminou a sessão em linha com as Bolsa de Nova York, que também fecharam em queda.

  • Dow Jones: -0,62%, aos 37.360,99 pontos;
  • S&P500: -0,37%, aos 4.765,94 pontos;
  • Nasdaq: -0,19%, aos 14.944,35 pontos.

Enquanto isso, o dólar à vista terminou o dia em alta de 1,22%, cotado a R$ 4,9256. A cotação mínima foi de R$ 4,8873, enquanto o preço máximo foi de R$ 4,9333.

Em Nova York, os três principais índices de ações fecharam em baixa, com Dow Jones à frente nas perdas. O dia foi marcado pelo prosseguimento da reprecificação de expectativas quanto aos juros do Federal Reserve, com efeito direto para a curva futura nos Estados Unidos e resquícios para a dos DIs, no Brasil. Os rendimentos dos Treasuries voltaram a operar acima do limiar de 4% nesta terça-feira, desde vencimentos curtos, como o de 2 anos, a 4,26% na máxima da sessão, como também nos mais longos, de 10 anos (4,07%) e 30 anos (4,32%).

“Política monetária permanece no foco das atenções”

“Dia negativo para os ativos de risco lá fora, com os juros abrindo e, também, apreciação global para o dólar. Nesta semana, a política monetária permanece no foco das atenções, com falas de autoridades de BCs, como o da zona do euro (BCE), expressando cautela quanto aos juros, sobre quando poderão começar a cair. E hoje, nos Estados Unidos, Christopher Waller diretor do Fed ainda mostrou cautela com relação aos juros americanos”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. Ele acrescenta que o noticiário doméstico, sem muitas definições e em marcha lenta, reforça a reação dos ativos do Brasil a desdobramentos externos.

Nos Estados Unidos, Waller observou que a inflação parece estar retornando à meta de 2%, com reequilíbrio no mercado de trabalho, e dados recentes positivos, o que deve permitir ao Federal Reserve cortar os juros de referência em 75 pontos-base em 2024 – o correspondente a três reduções de 25 pontos-base, até dezembro.

Após a fala de Waller, no começo da tarde, a curva de juros americana mostrou redução significativa das apostas em relaxamento monetário agressivo nos EUA este ano. Antes das declarações, o mercado trabalhava com cenário mais provável de 175 pontos-base em redução da taxa básica do Fed até dezembro – ou seja, sete cortes se for considerado o ritmo de baixa em 25 pontos-base por reunião. Com o ajuste na curva visto nesta terça-feira, a hipótese mais forte passou a ser de alívio um pouco mais suave, de 150 pontos-base (seis baixas de 25 pb), opção que cresceu de 29%, ontem, para 39,4% nesta tarde.

Em Nova York, contribuindo para enfraquecer o apetite dos investidores por risco, a atual temporada de resultados trimestrais dos grandes bancos americanos tem se mostrado “mista”, observa Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, destacando, nesta terça-feira, os números apresentados pelo Morgan Stanley, com queda de lucro, o que resultou em perda de quase 5% para a ação do banco durante o dia. “Os resultados dos bancos têm mostrado a sensibilidade do setor ao nível de juros por lá, que permanece o maior em 15 anos”, acrescenta.

Ibovespa: apenas uma ação em alta

Apenas uma ação do Ibovespa terminou a sessão de hoje em alta, a SLC Agrícola (SLCE3), que registrou +1,97%. Todos os outros papéis ficaram no campo negativo, embora alguns apresentaram quedas mais relevantes.

As ações da Raízen (RAIZ4) e Cosan (CSAN3) ficaram entre os destaques de baixa do Ibovespa hoje, diante de um volume nas vendas de açúcar, sobretudo no caso da Raízen, conforme explicou Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT CAPITAL. Os papéis da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) também recuaram.

“A área de aviação é bem instável em termos de fundamentos, de gestão corporativa, então sempre requer uma atenção”, afirma o especialista.

A ação que mais caiu hoje foi do Grupo Soma (SOMA3), com -6,18%, seguido por Cosan (CSAN3), que recuou 6,14%.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 1,24% hoje (16), enquanto as ações ordinárias (PETR3) apresentaram baixa de 1,10%. Enquanto isso, os papéis da Vale (VALE3) encerraram o dia com -1,30%.

Melhores desempenhos do Ibovespa

  • SLC Agrícola (SLCE3): +1,97%
  • Telefônica (VIVT3): -0,04%
  • Embraer (EMBR3): -0,33%
  • Taesa (TAEE11): -0,53%
  • Banco do Brasil (BBAS3): -0,57%

Maiores quedas

  • Grupo Soma (SOMA3): -6,18%
  • Cosan (CSAN3): -6,14%
  • Azul (AZUL4): -5,28%
  • Raízen (RAIZ4): -5,25%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -4,80%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Dierson Richetti, depois do feriado de Martin Luther King nos Estados Unidos, o mercado todo operou em queda. A Ásia e Europa terminaram em baixa, assim como as bolsas de valores dos EUA. Para Richetti, o Brasil está refletindo essa queda dos mercados também.

“O Ibovespa perdeu um suporte muito importante, que era os 130 mil pontos e está em queda. E isso está muito atrelado à intensidade do conflito no Mar Vermelho, que está gerando muita instabilidade no Brasil e no mundo. O Mar Vermelho é uma rota importantíssima, seja de insumos para as indústrias, seja de commodities”, disse Richetti.

Outro ponto destacado pelo especialista é que a taxa americana de 10 anos voltou a superar os 4%, o que representa um dado muito relevante para o mercado.

“Então o resumo do dia é a aversão ao risco com o Mar Vermelho como pano de fundo hoje. Esse risco vem pressionando o preço do petróleo. Hoje de manhã a commodity estava em alta mais acelerada, depois acabou voltando um pouco. Inclusive hoje tivemos falas também de membros do Fed que ainda não sinalizaram efetivamente uma queda de juros a partir de março e isso também gera uma instabilidade, uma volatilidade para o mercado e uma preocupação em relação à definição de juros por lá. Então a grande questão hoje é que ninguém quer assumir riscos”, completa Richetti.

Os treasuries dos EUA também voltaram a operar com alta. Com isso, as taxas DIs brasileiras ficaram no positivo tanto na ponta curta como na longa, com avanços expressivos. Há também um contexto de dólar subindo, em meio aos juros altos no Brasil e no exterior e com a tensão política do Mar Vermelho.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou a sessão de ontem (15) em alta de 0,41%, aos 131.520,91 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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