O Ibovespa fechou a sessão de hoje (14) em queda de 1,30%, aos 117.710,54 pontos, após oscilar entre a mínima de 117.525,54 pontos e a máxima de 119.328,65 pontos. Na semana, o índice recuou 1%. O volume financeiro desta sexta-feira foi de R$ 21,4 bilhões.
Com piora em Petrobras – PETR3, -2,11%, e PETR4, -1,96% – e Vale (VALE3), estável, o Ibovespa acentuou a correção desta sexta-feira, do meio para o fim da tarde, colhendo a perda na semana. Dessa forma, mais do que reverteu o leve avanço de 0,69% que havia acumulado no intervalo anterior. Em consolidação nas últimas três semanas, de ontem para hoje o Ibovespa basicamente devolveu o que havia visto um dia antes, dos 119 mil aos 117 mil, retornando ao nível do meio da semana, uns 200 pontos abaixo do patamar em que havia encerrado a segunda-feira, então aos 117,9 mil.
No mês, o Ibovespa segue em baixa de 0,32% e, no ano, avança 7,27%.
Passado o efeito da aprovação da reforma tributária na Câmara, o Ibovespa não conseguiu acompanhar, nesta semana, o sinal positivo de Nova York, após leituras benignas sobre a inflação ao consumidor e ao produtor em junho terem contribuído para reanimar a percepção de que o ciclo de elevação de juros nos Estados Unidos esteja perto de nova pausa, após a reunião do fim de julho. Assim, os ganhos em Nova York, na semana, ficaram entre 2,29% (Dow Jones) e 3,32% (Nasdaq), com o índice amplo (S&P 500) também no positivo, em alta de 2,42% no intervalo.
As Bolsas de Nova York fecharam o dia sem direção definida:
- Dow Jones: +0,34%, aos 34.510,61 pontos;
- S&P500: -0,10%, aos 4.505,70 pontos;
- Nasdaq: -0,18%, aos 14.113,70 pontos.
Hoje, os índices de NY perderam o sinal único na sessão perto do fim da tarde, com os investidores ponderando alertas de banqueiros de Wall Street quanto a sinais econômicos que sugerem a possibilidade de recessão mais à frente.
Sinais de desaceleração?
“Ambas as economias EUA e Brasil dão sinais de uma desaceleração gradual da atividade, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho se mostra resiliente e oferece riscos para o processo de convergência da inflação, sobretudo para o componente de serviços”, aponta em nota a BlueLine Asset Management.
“Entre as ‘large caps’ ações de maior capitalização de mercado, Vale e Bradespar (BRAP4) no fechamento chegaram a segurar um pouco o Ibovespa mas perderam força em direção ao fim do dia. As ações ligadas ao ciclo doméstico foram muito afetadas hoje pelos dados do IBGE sobre as vendas do varejo em maio, que trouxeram um pouco de mau humor para o mercado”, diz João Piccioni, analista da Empiricus Research, acrescentando que tal ajuste tende a se mostrar pontual, possivelmente restrito ao pregão de hoje.
O índice de consumo (ICON), correlacionado à demanda interna, fechou o dia em baixa de 2,02%, enquanto o de materiais básicos (IMAT), exposto ao exterior, teve desempenho mais discreto na sessão, em baixa de 0,40% no fechamento.
No lado oposto, poucas exceções positivas nesta sexta-feira, em que apenas quatro ações do Ibovespa conseguiram encerrar o dia em terreno positivo. Destaque absoluto para Méliuz (+13,26%), após relatório do BTG Pactual indicar potencial de 153% de valorização para o papel, considerando o nível de fechamento de ontem. Muito à distância, completaram a lista de altas da sessão: Suzano (+0,41%), Copel (+0,12%) e Bradespar (+0,04%)
“Com a agenda local mais esvaziada, os investidores reagiram ao recuo de 1% nas vendas do varejo em maio ante abril”, observa em nota Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank. “No cenário político, os investidores devem ficar atentos ao início das discussões sobre a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que deverá atingir um ponto de equilíbrio inferior a 25% no longo prazo.”
Apesar do tom menor visto nesta sexta-feira, o otimismo do mercado financeiro sobre o comportamento das ações no curtíssimo prazo deu um salto no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A expectativa, entre os participantes, de que a próxima semana será de alta para o Ibovespa atingiu 66,67%, enquanto a de estabilidade tem fatia de 33,33%. Nenhuma das respostas indicou queda. Na última pesquisa, 50,00% diziam que o índice fecharia a atual semana com ganho; 16,67%, com perda; e 50,00% com variação neutra.
O Ibovespa hoje teve apenas 4 ações em alta, que foram:
- Méliuz (CASH3): 13,26%
- Suzano (SUZB3): +0,41%
- Copel (CPLE6): +0,12%
- Bradespar (BRAP4): +0,04%
Assim como a Vale (VALE3), CSN Mineração (CMIN3) fechou no zero a zero e as demais empresas em queda.
As maiores quedas vieram com BRF (BRFS3), Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que recuaram 6,71%, 6,30% e 5,88%, respectivamente.
O dólar à vista, por sua vez, fechou com ligeira valorização de 0,10%, a R$ 4,7950, mas a máxima diária foi de R$ 4,8148.
Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Maiores altas e baixas da semana
Na semana, Vale (VALE3) disparou 4,81%, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 1,53% e as ordinárias recuaram 1,75%.
As 5 maiores altas da semana foram:
- JBS (JBSS3): +7,10%
- Prio (PRIO3): +5,51%
- Vale (VALE3): +4,81%
- Cyrela (CYRE3): +3,99%
- Gerdau (GGBR4): +3,90%
As 5 maiores quedas da semana foram:
- Gol (GOLL4): -17,25%
- Petz (PETZ3): -14,03%
- Lojas Renner (LREN3): -12,68%
- Azul (AZUL4): -12,16%
- BRF (BRFS3): -11,71%
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, o Ibovespa cai hoje impactado fortemente por dados do varejo que vieram bem abaixo do esperado.
Nesse sentido, as vendas no varejo recuaram 1% em maio em relação a abril, enquanto a projeção do mercado era de estabilidade. Na comparação com o mesmo período de 2022, a queda também é de 1%.
“Achava-se que, com a inflação mais baixa, iríamos ter uma melhora no consumo e no final das contas, não tem até porque os juros continuam muito altos. Nos EUA, por exemplo, com a recessão próxima, os americanos aproveitaram para fazer compras no Prime Day porque não sabem se terão dinheiro na Black Friday desse ano. Então, esse cenário de crédito apertado e endividamento não se resume apenas ao Brasil. O Banco Santander, por exemplo, tem uma projeção de queda mensal de 0,4% para o IBC-Br, a prévia do PIB”, explica Ricardo.
Sendo assim, os dados do varejo acabaram contribuindo para a baixa de empresas de varejo hoje, como Lojas Renner (LREN3), Hapvida (HAPV3), Natura (NTCO3), Magazine Luiza (MGLU3) e outras.
Entre as quedas do Ibovespa hoje, também está a BRF (BRFS3), que teve uma oferta de follow-on a R$ 9,00.
“É super normal o preço procurar essa oferta. Foi uma oferta de mais de R$ 5 bilhões. Então, se tem um investidor que já estava comprado no papel e comprou o papel a R$ 9,00, e ela amanheceu a R$ 9,50, então o investidor prefere vender o papel e fazer trade de curto prazo. Então é comum esse movimento de ela voltar para o preço da follow-on, afinal de contas tem mais de R$ 5 bilhões ali comprados a R$ 9,00”, diz o especialista.
Outra ação em queda hoje é da Azul (AZUL4), que vem novamente se reestruturando, precisando emitir títulos. Um novo comunicado de ontem (13) divulgou a tentativa da empresa de captar R$ 800 bilhões no exterior.
A Gol (GOLL4), por sua vez, divulgou dados positivos que ficaram acima do esperado, entre eles, a melhora da receita líquida e do Ebitda, embora ainda exista um certo receio do mercado sobre como a empresa vai mudar a gestão. Com a baixa do petróleo no exterior, a Petrobras (PETR4) também cai hoje.
Entre as altas do Ibovespa hoje (14) está Méliuz (CASH3), que teve uma recomendação do BTG. Os analistas da casa afirmaram que o upside da ação ainda pode ser grande, o que gerou euforia no mercado.
Outra empresa que se destaca entre as altas do Ibovespa hoje é o Santander (SANB11), depois da aprovação da distribuição de JCP no valor de R$ 1,5 bilhão, que serão distribuídos no dia 20 de julho.
Destaque negativo também para Hapvida (HAPV3), -3,95%, Locaweb (LWSA3), -3,83%, e Vibra (VBBR3), -3,74%.
Última cotação do Ibovespa
O Ibovespa encerrou o pregão de ontem (13) em alta de 1,36%, aos 119.263,89 pontos.
Com Estadão Conteúdo