Ibovespa sobe forte e supera os 119 mil pontos, no maior patamar desde outubro; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) disparam
O Ibovespa encerrou em alta de 1,99%, aos 119.068,77 pontos, depois de registrar a mínima de 116.744,58 pontos e a máxima de 119.084,50 pontos. O volume financeiro do dia foi de R$ 71,8 bilhões. O índice ficou acima dos 119 mil pontos pela primeira vez desde outubro de 2022. Foi o maior patamar do índice desde outubro de 2022.
Após um movimento de correção na véspera, o Ibovespa retomou a tendência positiva. O índice operou em alta ao longo do dia, mas teve os ganhos turbinados nas últimas horas do pregão pela mudança na perspectiva da S&P para o rating do Brasil (BB-) de estável para positiva.
O anúncio da agência de classificação de risco favoreceu o otimismo com os ativos do País e aprofundou a queda dos juros futuros domésticos, que já operavam em baixa após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, ter deixado em aberto as próximas decisões de política monetária no país. O sinal do dirigente reduziu o pessimismo após a “pausa hawkish” da autoridade, que manteve os juros na faixa de 5% a 5,25%, mas sinalizou a necessidade de novas altas.
Assim, a chance de uma nova alta da taxa dos Fed Funds em julho, que chegou a tocar 75,5% após a divulgação do comunicado do BC americano, encerrou o dia em 64,5%, conforme a ferramenta de monitoramento do CME Group. A maioria dos índices de Nova York encerrou o dia no azul – com altas de 0,39% do Nasdaq e de 0,08% do S&P 500, contrabalanceadas pela queda de 0,68% do Dow Jones -, o que favoreceu o desempenho do Ibovespa.
A combinação desses fatores fez com que o Ibovespa encerrasse o dia com ganhos em todos os setores, com destaque para os sensíveis aos juro domésticos, como imobiliário (2,29%), consumo (2,04%) e small caps (2,70%). Dos 86 papéis que compõem o Ibovespa, apenas 11 cederam.
“Existe um otimismo com países emergentes, onde estamos chegando mais perto de um ciclo de baixa dos juros e as economias seguem crescendo, com o Fed prestes a parar o ciclo. A mudança de perspectiva da S&P lembra ao gringo que o Brasil pode voltar a ser um player relevante na sua carteira”, diz o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. “O principal fator do dia foi essa mudança de perspectiva que deu um impulso à queda dos juros e do dólar, o que é bom para a Bolsa também.”
Vale e Petrobras impulsionam o Ibovespa
As ações que mais pesam no índice sustentaram a alta: Petrobras (PETR4) disparou 4,30% nos papéis preferenciais e ordinários. Já a Vale (VALE3) terminou a sessão com alta de 1,75%.
“Os preços ligados a commodities acabaram sendo um destaque positivo do dia, com Petrobras e Vale subindo bem, o que tem a ver com a expectativa de que teremos estímulos na China, que vão impulsionar a economia global neste período”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. Ele lembra que o comportamento dos ativos domésticos ainda vai depender da decisão do Banco Central sobre a taxa Selic da próxima quarta-feira, 21.
Mais cedo, o desempenho melhor do que o esperado das vendas do varejo ampliado já havia sugerido uma atividade econômica um pouco mais forte também no Brasil. O índice recuou 1,6% na passagem de março para abril, menos do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de queda de 2,0%. Após a divulgação dos números, o Itaú Unibanco informou que sua estimativa em tempo real (tracking) para o PIB do segundo trimestre avançou de 0,2% para 0,3%.
No Ibovespa hoje (14), outro destaque de alta veio com a disparada das ações da Gol (GOLL4), que avançaram 11,80%. Os papéis da Azul (AZUL4) subiram 8,66%, enquanto a Yduqs (YDUQ3) disparou quase 10%.
No lado negativo, lideraram as perdas as ações da Cielo (CIEL3), com queda de 2,35%, seguido por CVC (CVCB3), que recuou 1,91%. Apenas 12 ações que compõem o Ibovespa tiveram quedas no dia de hoje (14).
No setor bancário, os resultados foram positivos. O Itaú (ITUB4) registrou um avanço de 1,37%, fechando a sessão a R$ 28,19. O Bradesco (BBDC4) apresentou um ganho de 0,66% (R$ 16,85), e o Banco do Brasil (BBAS3) teve um avanço de 0,49% e foi negociado a R$ 48,86. O Santander (SANB11), que enfrentou pressão devido à decisão do STF sobre o PIS/Cofins e à falta de provisionamento do banco, ganhou fôlego após abrir em forte baixa e encerrou o dia com queda de 0,23%, cotado a R$ 30,23.
No exterior, as bolsas dos EUA operaram sem direção definida, enquanto os investidores repercutem a decisão dos juros pelo Fed.
- Dow Jones: -0,68%, aos 33.980,72 pontos;
- S&P500: +0,08%, aos 4.372,67 pontos;
- Nasdaq: +0,39%, aos 13.626,48 pontos.
Já o dólar à vista fechou em forte queda de 1,14%, a R$ 4,8068, chegando a mínima de 4,8058.
O que movimentou o Ibovespa hoje?
A S&P, agência de classificação de risco, revisou para cima a perspectiva de nota do Brasil, passando de neutro para positivo. Foi a primeira vez desde 2019 que essa perspectiva foi elevada, conforme comunicado nesta quarta-feira (14).
A S&P também reafirmou o rating soberano do país de longo prazo em moeda estrangeira em “BB-”, ou seja, continuando em grau especulativo.
A agência considera que o Brasil tem sinais de estabilidade fiscal, além de ter destacado maiores certezas sobre as políticas fiscal e monetária, o que poderia aumentar a perspectiva de crescimento da economia.
Segundo a agência, mesmo com o Brasil apresentando déficits fiscais relevantes, o crescimento de forma contínua do PIB, assim como uma maior organização de sua política fiscal poderiam gerar uma menor elevação da dívida do governo do que era esperado inicialmente.
“Nossa visão positiva baseia-se na perspectiva de que medidas contínuas para enfrentar a rigidez econômica e fiscal podem reforçar nossa visão da resiliência da estrutura institucional do Brasil e reduzir os riscos à sua flexibilidade monetária e posição externa líquida”, diz o comunicado.
Fed interrompe ciclo de altas, mas dá susto no mercado
Enquanto isso, os investidores repercutem a decisão do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), que interrompeu o ciclo de alta da taxa de juros e a manteve na faixa de 5% a 5,25%.
Segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, a decisão do Fed veio em linha com o esperado. “Foi correta, na minha visão. Mantiveram a taxa de juros inalterada, como esperado por parte do mercado”.
“Apesar da decisão, o país ainda está muito forte em relação a emprego, inflação, em relação à força da economia, atividade e salário. Mesmo assim, eles optaram nesse momento por uma pausa na alta para poder fazer uma reavaliação do cenário”, explica Cohen.
Por outro lado, o Fed informou que os juros possivelmente vão subir pelo menos mais duas vezes, ou seja, a expectativa é que se tenha mais duas altas na casa de 0,25 ponto percentual.
O mercado teve uma reação muito negativa na hora. O dólar subiu e o Ibovespa reduziu ganhos.
“Vemos nitidamente que o mercado não gostou, levou um verdadeiro susto. O mercado tinha a expectativa de juros inalterados, não mudou nada. Mas na hora da divulgação, e como tiveram um discurso mais hawkish já deixando claro novas altas e afirmando que inflação não vai cair tão fácil assim, o mercado ficou nervoso”.
Posteriormente, o mercado “se acalmou”, já que essa decisão também já era prevista. O dólar subiu no susto e passou a cair lá fora. A bolsa de valores não devolveu queda razoável que teve hoje (14).
“Com os juros mantidos lá fora, podemos esperar um próximo CPI um pouco mais alto do que o esperado. Ficou claro também que como a inflação continua alta nem tão cedo veremos essa queda de juros, que devem se manter altos por um bom tempo. Na verdade, ainda devem subir devido à inflação ainda persistente”, conclui Cohen.
Cotação do Ibovespa nesta terça (13)
Nesta terça-feira (13), o Ibovespa registrou queda de 0,51%, aos 116.742,71 pontos.
Com Estadão Conteúdo