Ibovespa cai 0,80%, aos 117 mil pontos; Vale (VALE3) puxa quedas, em dia de tombo da Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3)
O Ibovespa hoje (10) fechou em queda de 0,80%, aos 117.942,44 pontos. A máxima do dia foi de 118.897,42 pontos, enquanto a mínima foi de 117.814,49 pontos. Já o volume financeiro totalizou R$ 17,9 bilhões.
Vindo de ganho de 1,25% na sexta-feira, o Ibovespa manteve variação contida nesta primeira sessão de semana que trará novos dados de inflação nos Estados Unidos, no momento em que o mercado tenta auscultar sinais do Federal Reserve quanto aos juros americanos – e os emitidos hoje vieram no sentido de novos aumentos nos custos de crédito na maior economia do globo. Apesar do avanço moderado que prevaleceu no fechamento de Nova York, e mais cedo também nos principais mercados da Europa, a cautela se impôs na B3, que operou em baixa desde a abertura
“Dados de inflação na China – estável para o consumidor e em queda para o produtor – corroboraram a percepção de desaceleração da atividade no país asiático, que se mantém no foco de atenção dos investidores, especialmente em mercados com exposição a commodities, como o Brasil”, diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos. Assim, entre as ações de maior peso no Ibovespa, destaque para a queda de 1,53% em Vale ON nesta segunda-feira, em dia de retração de 3,46% para o minério de ferro em Dalian, na China, e de quase 4% em Cingapura.
O desempenho de Petrobras chegou a contribuir para mitigar o efeito negativo no Ibovespa, mas ao final as ações da empresa não mostravam sinal único, com a ON estável (PETR3) e a PN (PETR4) em leve alta, apesar do recuo em torno de 1% para o Brent e o WTI nesta segunda-feira.
“Nos Estados Unidos, as bolsas americanas operaram entre perdas e ganhos, em semana que marca o início da temporada de resultados do segundo trimestre. Empresas do setor financeiro como BlackRock, JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citi irão divulgar balanços no decorrer da semana”, diz Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos.
Conforme movimentação já observada no início da sessão, o Ibovespa não acompanhou as altas das Bolsas dos EUA.
- Dow Jones: +0,63%, aos 33.946,25 pontos;
- S&P500: +0,24%, aos 4.409,72 pontos;
- Nasdaq: +0,18%, aos 13.685,48 pontos.
O preço do dólar à vista terminou o dia em alta de 0,34%, a R$ 4,8825, com a moeda chegando a registrar a máxima de R$ 4,8924.
Juros, Fed e IPCA no radar
Por lá, a presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, afirmou hoje que não acredita que os juros americanos estão restritivos o suficiente, de forma que deverão subir mais para conseguir controlar a pressão dos preços e trazer a inflação de volta à meta de 2%. Falando em evento na Universidade da Califórnia, ela destacou ainda que o Fed está mais perto do fim do ciclo de aperto monetário do que do início, mas ressaltou que o banco central americano está comprometido em trazer a estabilidade de preços de volta.
Por outro lado, nos Estados Unidos, as expectativas de inflação de um ano caíram pelo terceiro mês consecutivo, de 4,1% em maio para 3,8% em junho, segundo pesquisa do Federal Reserve de Nova York divulgada nesta segunda-feira. Foi a menor leitura desde abril de 2021, e três pontos porcentuais menor que as de junho de 2022.
Por sua vez, a presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, disse que é cedo para comemorar o fim da inflação alta nos EUA, e que as projeções que defendem mais dois aumentos de juros pela autoridade monetária até o fim de 2023 são “realistas e razoáveis”. O aperto monetário, segundo ela, aparenta estar na etapa final.
Aqui, em outro ponto de destaque na agenda da semana, os investidores conhecerão amanhã, antes da abertura dos negócios, o IPCA de junho.
Em relatório, a equipe de pesquisa global do Bank of America (BofA) destaca que a América Latina está em “posição privilegiada” em comparação ao restante dos mercados emergentes. “Há pouca exposição a conflitos geopolíticos, e Brasil e Chile podem estar entre os primeiros países a cortar juros”, observa o BofA, acrescentando que a inflação em ambos já está em rápido declínio. “Os mercados de ações no Chile têm avançado desde o quarto trimestre de 2022; no Brasil, vêm em recuperação desde abril”, nota o banco americano.
Mas o BofA destaca também que, para o Brasil, uma questão-chave é quem estará na ponta compradora daqui para frente. “Vimos fracas entradas de fluxo estrangeiro durante a maior parte desse rali de recuperação, e os fundos de ações locais continuam a apresentar resgates desde que os fluxos chegaram a um pico em setembro de 2021”, acrescenta o banco, no relatório.
Ainda assim, o BofA observa que o rali desde o fim de abril trouxe valorização de 17% para o Ibovespa, comparado a um avanço médio de apenas 2% para os mercados emergentes, em dólar.
“A inflação abaixo do esperado contribuiu para declínio dos juros e para o prosseguimento do movimento de recuperação das ações, no Brasil”, acrescenta o relatório, em que o BofA observa também que o Ibovespa, excluindo commodities, está sendo negociado agora com apenas 5% de desconto em relação ao padrão histórico, comparado a um desconto de 26% nas mínimas de 2023.
Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje
No campo positivo, a maior alta do Ibovespa hoje foi da Azul (AZUL4), que disparou 3,11%, seguida por Ambev (ABEV3), que subiu 1,08%.
As empresas de varejo dominaram o campo negativo, com queda de 6,46% das Lojas Renner (LREN3), de 4,09% do Magazine Luiza (MGLU3) e de 3,77% de Via (VIIA3). Os juros futuros também avançaram, em meio à correção depois de diversas baixas registradas nas últimas semanas, afetando o desempenho das varejistas.
Entre as ações de peso no índice, Petrobras (PETR4) teve leve queda de 0,17% nas ações preferenciais, enquanto as ações ordinárias ficaram no zero a zero. Os papéis da Vale (VALE3), por sua vez, terminaram o dia em baixa de 1,53%.
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu me banco, o Ibovespa hoje caiu com diversas ações corrigindo ganhos da semana passada.
“É justamente essa alta dos juros que colabora para as varejistas caírem forte no dia como Lojas Renner (LREN3), que é um dos papéis que mais registram quedas hoje, além de Via (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3) e Alpargatas (ALPA4). A proximidade da divulgação de resultados do segundo trimestre também não anima os investidores do setor, que ainda está sendo bem pressionado”, explicou Louzada.
Na China, repercutiram entre os investidores os dados ruins referentes ao CPI, com uma baixa de 0,2% em junho, enquanto se aguardava uma estabilidade no número mensal. O núcleo, que desconsidera alimentos e energia, teve alta de 0,4% na comparação anual.
Os dados da China reforçam a desaceleração da economia do país asiático e contribuem para que as ações do setor de commodities caiam no dia de hoje. Com isso, CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) caíram fortemente hoje.
“Com a Câmara em recesso, o mercado acalma os ânimos em relação à aprovação da reforma tributária e outras pautas. E fica de olho nos dados que serão divulgados nos próximos dias, como o IPCA amanhã e temporada de balanços. Nos EUA, também teremos o CPI americano, dados importantes a serem observados de perto para a tomada de decisões do Fed em relação aos juros americanos”, diz o especialista.
Entre as quedas do Ibovespa hoje, estava a BRF (BRFS3), que recuou em meio a uma realização de lucros e com o fim do período de subscrição de follow-on. Nas altas do dia, companhias do setor aéreo se recuperaram depois de grandes quedas nas últimas semanas, caso da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4).
Além disso, entre as altas do Ibovespa hoje despontou a Ambev (ABEV3), que avançou depois de um relatório do Bank of America ter aumentado a recomendação do papel de neutro para compra, o que acabou animando os investidores.
Última cotação do Ibovespa
O Ibovespa terminou a sessão da última sexta-feira (7) em alta de 1,25%, aos 118.897,99 pontos.