Ibovespa acompanha exterior e recua aos 131 mil pontos; Petrobras (PETR4), Bradesco (BBDC4) e Vale (VALE3) caem

O Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, encerrou a sessão de hoje (9) em baixa de 0,71%, aos 131.446,59 pontos. A cotação mínima diária foi de 131.203,45 pontos, enquanto a máxima fora de 132.425,91 pontos. O volume financeiro somou R$ 18,5 bilhões. Em janeiro, cede agora 2,04%.

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Como ontem, a cotação do Ibovespa não contou com o apoio de pesos-pesados da B3, como Vale (VALE3), queda de 1,27% e Petrobras (PETR3, -0,55%, PETR4, -0,86%), mas o desempenho das ações com exposição ao ciclo doméstico, hoje, foi insuficiente para que o índice progredisse, quebrando assim sequência de dois ganhos moderados.

Assim como para o segmento de commodities, o dia foi negativo na Bolsa de Valores também para outro setor vital, o financeiro, com as ações do Bradesco em queda superior a 2% (BBDC3, -2,65%, BBDC4, -2,69%), após rebaixamento da recomendação do Goldman Sachs para os papéis da instituição financeira, de neutro para venda, com preço-alvo de R$ 16,00 – um potencial de desvalorização de 4,4% em relação ao fechamento de ontem.

O Itaú (ITUB4) recuou 0,09%, o Santander (SANB11) caiu 2,91 e o Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 1,50%.

Agenda esvaziada

“Foi um dia mais fraco, de agenda esvaziada, tanto aqui como no exterior, o que favoreceu a realização de lucros, com o mercado ainda de olho em dados de inflação que começam a sair a partir de amanhã, no Japão e na Europa. Mas o mais importante, obviamente, vem na quinta-feira, com o CPI dos Estados Unidos”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

“Internamente, pouco acontece no recesso deste início de ano para além da divergência entre governo e Congresso sobre a MP da reoneração, o que traz um pouco mais de volatilidade – ainda assim, com volume diário bem abaixo da média em que o mercado vinha negociando”, acrescenta Moliterno. Ele destaca a correção mais forte nas ações de commodities, e em especial nas do setor de siderurgia, em meio a enfraquecimento de demanda que sinaliza piora nas margens dessas empresas.

Em Brasília, passado o dia de lembrança sobre o ataque de 8 de janeiro de 2023 aos Três Poderes, a atenção esteve concentrada hoje exatamente neste embate entre Congresso e Executivo sobre a medida provisória, apresentada pelo governo no fim do ano passado, após Senado e Câmara terem revogado o veto do presidente Lula à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores até 2027.

Hoje, o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), disse que, para pacificar a questão, o ideal seria o governo enviar projetos de lei separados sobre cada tema incluído na MP da reoneração. Após reunião de lideranças partidárias com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Efraim afirmou que o sentimento geral é favorável à devolução total da MP, apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim de dezembro.

Nesse caso, a discussão seria feita por meio de projeto de lei, que não tem efeito imediato como as MPs. Por sua vez, o presidente do Senado, depois da reunião, afirmou que só tomará uma decisão quanto à devolução ou não da medida provisória após conversar com Haddad, que está de férias neste começo de ano. Pacheco disse querer buscar uma “solução de arrecadação sustentável” para compensar a reoneração.

Para além da política, “a agenda econômica do dia foi bem fraca”, sem catalisadores de peso para orientar os negócios, observa Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos, em semana que reserva destaques para quinta e sexta-feira – respectivamente com os índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) nos Estados Unidos -, além do início da temporada de balanços de empresas americanas, na sexta-feira. Até lá, a tendência é de que prevaleça certa cautela entre os investidores, aponta em nota a Guide Investimentos.

Ibovespa em linha com NY

O Ibovespa hoje termina alinhado com o desempenho de algumas das Bolsas de Nova York, com exceção da Nasdaq, que encerrou no campo positivo:

  • Dow Jones: -0,42%, aos 37.525,10 pontos;
  • S&P500: -0,15%, aos 4.756,45 pontos;
  • Nasdaq: +0,09%, aos 14.857,71 pontos.

A retomada vista neste começo de ano nos rendimentos dos Treasuries refletiu expectativa de que o Federal Reserve pode vir a ser mais cauteloso neste primeiro trimestre, sem cortar ainda os juros de referência em março, contrariamente a projeções que vinham ganhando intensidade no mercado de juros futuros – o que reforça o interesse pelas leituras desta semana sobre o CPI e o PPI de dezembro, apontam analistas.

A cotação do dólar à vista encerrou o dia com uma valorização de 0,74%, a R$ 4,9061, depois de registrar a mínima de R$ 4,8769 e a máxima de R$ 4,9091.

De acordo com Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, o dólar continua em movimento lateral após recuar bastante no ano de 2023. Ele diz que parte dessa baixa se deu com o superávit da balança comercial do Brasil, já que “para comprar do Brasil o estrangeiro precisa trazer dólar para cá e converter para real”.

Já a Bolsa de Valores do País estaria passando por uma correção, enquanto os juros futuros mostram um “repique” de alta. No radar dos investidores estão as expectativas para as próximas reuniões dos Bancos Centrais.

“Acredito que o IBOV deve se acostumar a trabalhar entre 130 mil pontos e o novo topo que é 134 mil pontos. O que vemos nesse início de ano é apenas uma correção natural e serve como oportunidade para investidores aumentarem suas posições em renda variável”, explicou o head de renda variável.

A principal alta do Ibovespa hoje foi Locaweb (LWSA3), que avançou 5,52%, enquanto a pior queda foi das ações da Gerdau (GGBR4), com -5,22%.

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) registraram o terceiro seguido de alta. Na sessão de hoje (9), o papel avançou 2,39%, com performance positiva de 10,88% em 3 dias.

Maiores altas do Ibovespa

  • Locaweb (LWSA3): +5,52%
  • 3R Petroleum (RRRP3): +4,20%
  • Isa CTEEP (TRPL4): +2,57%
  • CVC (CVCB3): +2,41%
  • Magazine Luiza (MGLU3): +2,39%

Maiores quedas

  • Gerdau (GGBR4): -5,22%
  • Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -4,58%
  • CSN (CSNA3): -4,47%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): -4,16%
  • Cielo (CIEL3): -4,02%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Anderson Silva, a Bolsa de Valores hoje caiu em movimento de correção. “Quando estamos em uma tendência de alta, como a que estamos agora, toda e qualquer correção, além de ser saudável, é oportunidade para que possamos comprar mais ativos a preços mais baratos”, diz Silva.

Ele destaca que o movimento de queda do minério de ferro puxou a baixa do setor de mineração e de siderurgia. A partir disso, ações de Vale (VALE3), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) ficaram entre as quedas do pregão.

Já nas altas do Ibovespa hoje (9) estão as ações de Locaweb (LWSA3), que avançou depois do BTG destacar a ação como uma das melhores para investir.

Diante de uma agenda de notícias mais “fraca” nos primeiros dias deste ano, e também com o recesso em Brasília, o mercado brasileiro se movimenta conforme dados passados e de acordo com as estimativas do mercado para taxa de juros deste ano.

“Após uma grande puxada de alta no final do ano passado, é hora de colocar parte dos lucros no bolso e ficar de olho no balanço das empresas correspondentes ao 4º trimestre 2023 que logo começam a ser divulgados. Ainda com base em projeções, em especial, da curva de juros, vemos um maior apetite ao risco dos investidores por empresas com grande upside, caso de LWSA3, MGLU3 entre as maiores altas e ainda RRRP3 depois de ter divulgado uma produção de petróleo acima do esperado”, explicou Silva.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão desta segunda-feira (8) em alta de 0,31%, aos 132.426,54 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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