Ibovespa fecha quase estável, em dia de altas do Itaú (ITUB4) e Petrobras (PETR4); Braskem (BRKM5) tomba 14,5%
O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (6) em leve baixa de 0,03%, quase estável, aos 128.465,69 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a alcançar os 128.293,68 pontos, enquanto a máxima foi de 129.180,57 pontos. Já o volume financeiro diário somou R$ 18,3 bilhões.
Dúvidas em relação ao impacto fiscal da ajuda federal ao Rio Grande do Sul, em meio aos efeitos de inundação sem precedente no Estado e na capital, Porto Alegre, neutralizaram os ganhos do Ibovespa ao longo da tarde, distanciando o índice da B3 do avanço observado em Nova York nesta abertura de semana.
Nas três primeiras sessões de maio, o Ibovespa acumula alta de 2,02%, que limita a perda do ano a 4,26%.
O dia foi majoritariamente positivo para as principais ações do Ibovespa, à exceção de Bradesco (BBDC3,1,36%, BBDC4 -0,07%) e de alguns nomes do setor metálico, como Gerdau (GGBR4, -0,10%) e CSN (CSNA3 -0,21%).
Entre os grandes bancos, Itaú (ITUB4, +0,62%) e Banco do Brasil (BBAS3, +0,57%) também tiveram ganhos na sessão.
O Ibovespa hoje (6) se descolou das Bolsas de Valores de Nova York, que fecharam a sessão com ganhos.
- Dow Jones: +0,46%, aos 38.851,94 pontos;
- S&P500: +1,03%, aos 5.180,76 pontos;
- Nasdaq: +1,19%, aos 16.349,25 pontos.
Já o preço do dólar à vista encerrou a sessão de hoje (6), com uma valorização de 0,08%, alcançando R$ 5,0741. Na máxima do dia, a cotação chegou a R$ 5,0918.
Cautela antes da decisão do Copom
“Dia de agenda esvaziada no exterior, e cautela para a decisão do Copom sobre a Selic, na quarta-feira, com dúvida se o corte será de meio ponto porcentual, como nas reuniões anteriores, ou se será de apenas 0,25 ponto dessa vez, como pareceu sinalizar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nas últimas semanas. Sem muita referência para os negócios nesta segunda-feira, e diante da cautela para o Copom, o investidor evita montar posição”, diz Gabriel Pereira, sócio e especialista da Blue3 Investimentos.
No meio da tarde, enquanto o Ibovespa perdia força e convergia para o zero a zero na sessão, a curva de rendimentos do DI acentuou alta, nas máximas do dia entre os contratos de curto e médio prazo, reporta o jornalista Gustavo Nicoletta, do Broadcast, após a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmar no Facebook que o governo está trabalhando para “mobilizar ajuda efetiva e tempestiva” ao Rio Grande do Sul.
A ministra disse também que “será proposta medida, sem necessidade de mudança constitucional ou legal, para que as ações necessárias sejam compatíveis com regras fiscais vigentes e continuem a permitir atendimento imediato aos gaúchos”. A declaração reforçou a preocupação do mercado com aumento nas despesas públicas em momento de pouco espaço no orçamento para o cumprimento da meta de resultado primário.
“A dívida bruta do Brasil está em 75% do PIB, conforme dados divulgados nesta manhã. O nível de endividamento é alarmante por si só, tendo em vista que o Brasil é um país emergente, com taxa de juros e custo de dívida ainda alto. Dívida nesse patamar de 75%, 80% do PIB, traz desconfiança para o investidor estrangeiro, quanto à capacidade de pagamento e manutenção da liquidez. É uma bandeira amarela hasteada já há algum tempo”, diz Pedro Lang, economista e sócio da Valor Investimentos.
Ele acrescenta que a trajetória da dívida – ainda mais importante para a precificação de mercado – reflete baixo compromisso do País com a estabilidade fiscal e até mesmo “leniência” com o nível de endividamento público. “O componente fiscal tende a permanecer nos próximos anos como impulsionador da economia, após as recentes revisões das metas oficiais para as contas públicas”, observa o economista, destacando que a política monetária tem se movimentado gradualmente para condições menos restritivas.
De qualquer forma, a “foto” melhora quando se leva em conta que 90% da dívida está em mãos de credores domésticos, com perfil de vencimento mais concentrado no médio e longo prazo, e o País ainda conta com volume elevado de reservas externas, ressalva Lang.
“Os gastos públicos têm crescido acima da inflação, com reflexo para o endividamento bruto, que deve ficar acima de 77% do PIB. Essa dinâmica tende a se manter, sem ajuste pelo lado dos gastos, mesmo com o aumento das receitas materializado por iniciativas tomadas desde 2023”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
Movimentação do Ibovespa: Petrobras e Vale avançam
Segundo Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, a Bolsa de Valores hoje operou estável hoje após ensaiar uma ligeira valorização durante esse pregão.
“A gente teve um número ‘muito bom’ de superávit de R$ 1,2 bilhão em março, dado que acabou ofuscado pela preocupação com a tragédia do Rio Grande do Sul. O mercado especula o que vai precisar ser feito, quais serão os gastos”, destacou Coutinho.
O especialista também cita o impacto da movimentação do Ibovespa causado pelo temor da situação fiscal do Brasil. “A gente tem um problema fiscal muito grande aqui e os investidores acabam especulando o quanto de dinheiro o governo vai precisar investir. É lógico que isso precisa ser resolvido o mais rápido possível, mas isso tudo acaba refletindo um pouco na nossa curva de juros”.
Coutinho também destacou o avanço do petróleo e do minério de ferro no dia de hoje, o que teria contribuído para o movimento positivo do mercado brasileiro, registrado durante este pregão.
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) tiveram ganho de 0,68% na sessão de hoje (6), enquanto as ações ordinárias (PETR3) subiram 0,50%. A Vale (VALE3), por sua vez, apresentou valorização de 0,30%.
Destaques do Ibovespa hoje
Dentre as ações do Ibovespa que subiram hoje estão Hapvida (HAPV3), Rede D’Or (RDOR3) e Prio (PRIO3), diante da perspectiva de bons resultados para essas companhias.
“Sobre a Hapvida, temos algumas casas falando bastante desse resultado, como o Safra, que soltou um comentário hoje, com uma perspectiva muito boa. A gente tem Rede D’Or, que divulga hoje, e Prio, com uma perspectiva bem interessante pelo mercado”, explicou o especialista.
No campo negativo ficaram as ações da Braskem (BRKM5). Isso se deu diante de um contexto em que a Adnoc disse não ter mais interesse em comprar a fatia da Novonor.
Ainda entre as quedas do Ibov, estão algumas ações relacionadas a proteínas como Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3), que recuaram de forma relevante diante de todo estresse e preocupação diante da tragédia do Rio Grande do Sul.
“Vale destacar também que essa tragédia no Rio Grande do Sul pode trazer uma pressão inflacionária. A gente tem uma produção nacional de soja muito forte no estado que pode ter sido perdida no meio da calamidade. E essa perda pode ocasionar aumento de preços. Tudo isso também ajudou na questão do estresse do mercado e da nossa abertura da curva de juros hoje”, conclui Coutinho.
Maiores altas do Ibovespa
- Petz (PETZ3): +4,11%
- Pão de Açúcar (PCAR3): +2,66%
- SLC Agrícola (SLCE3): +1,53%
- Engie (EGIE3): +1,52%
- Rede D’Or (RDOR3): +1,45%
Maiores quedas do Ibovespa
- Braskem (BRKM5): -14,53%
- Marfrig (MRFG3): -4,92%
- Minerva (BEEF3): -3,69%
- Dexco (DXCO3): -3,58%
- Cosan (CSAN3): -3,46%
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de sexta-feira (3) em alta de 1,09%, aos 128.508,67 pontos.