O Ibovespa fechou a sessão de hoje (5) em alta de 0,61%, aos 132.022,92 pontos, depois de registrar a mínima de 130.578,83 pontos e a máxima de 132.634,81 pontos. Na semana, porém, o índice de ações caiu 1,61%. O volume financeiro do dia somou R$ 19,4 bilhões.
Após ter avançado nas três semanas anteriores, em progressão que o alçou a novas máximas históricas no fim de 2023, as quatro sessões inaugurais de 2024 foram pautadas na B3 por fatores externos, principalmente o realinhamento das expectativas em torno do momento em que os juros dos EUA começarão a ser cortados pelo Federal Reserve.
Hoje, o Ibovespa chegou a subir pouco mais de 1% no melhor momento do dia. Após reação inicial negativa aos números do mercado de trabalho americano divulgados pela manhã, as revisões para baixo na geração de vagas nos dois meses anteriores – que ajudaram a absorver a leitura acima do esperado para dezembro – acabaram prevalecendo na interpretação, moderadamente favorável, dos dados do payroll nesta sexta-feira. Também contribuiu para alguma estabilização do humor dos investidores a leitura mais fraca para o índice de atividade (PMI) de serviços, do Instituto para Gestão da Oferta (ISM).
“Logo que os dados do payroll saíram, de manhã, os juros dos Treasuries foram acima de 4%”, observa Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research. Posteriormente, ainda que em viés de alta na sessão, houve alguma acomodação dos rendimentos livres de risco em comparação ao que se viu nas máximas do dia, quando o yield de 10 anos foi a 4,10%; o de 30 anos, a 4,23%, e o de 2 anos, mais correlacionado à perspectiva de curto prazo para a política monetária dos Estados Unidos, a 4,47%.
Num segundo momento, diz Ferrer, o mercado passou a dar atenção às revisões para baixo nos dados sobre a criação de vagas em outubro e novembro, o que compensou a geração “extra” de empregos em dezembro, tranquilizando um pouco os investidores e estabilizando as bolsas. Dessa forma, após essa reavaliação dos dados de emprego pelo viés do copo meio cheio, a expectativa de que o Fed poderá cortar a taxa de referência ainda em março voltou a 66,4%, de acordo com a plataforma da CME, depois de retroceder nos últimos dias, atingindo ontem 64,2%.
Um dos destaques do Ibovespa hoje foi o avanço de ações de bancos na Bolsa de Valores. O Banco do Brasil (BBAS3) subiu 1,2%, a R$ 54,88, o Itaú (ITUB4) ganhou 2,34%, a R$ 33,70, o Bradesco (BBDC4) teve alta de 2,18%, a R$ 16,88, e o Santander (SANB11) teve alta de 1,32%, a R$ 32,13. As ações da Petrobras (PETR4) também avançaram, em meio à alta na cotação do petróleo, apesar de reduzir valorização durante a tarde.
A Vale (VALE3) recuou diante da baixa do minério de ferro no exterior, conforme apontou Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
Um dos destaques de alta do Ibovespa também foi a Hapvida (HAPV3), depois de o JP Morgan recomendar a compra das ações, colocando um preço-alvo de R$ 6,50.
O líder de altas da sessão foi o Grupo Soma (SOMA3), que subiu 6,85%, enquanto o Pão de Açúcar (PCAR3) caiu 7,87% e liderou as perdas do dia.
Na semana, a Cielo (CIEL3) foi protagonista com +5,55%, enquanto as ações da Azul (AZUL4) recuaram 13,62%. Ainda no cenário semanal, as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras subiram 3,97% e 3,62%, respectivamente, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) caiu 8,80%.
Maiores altas do Ibovespa
- Grupo Soma (SOMA3): +6,85%
- Cielo (CIEL3): +5,40%
- Alpargatas (ALPA4): +4,57%
- Hapvida (HAPV3): +3,89%
- Locaweb (LWSA3): +3,32%
Maiores quedas do Ibovespa
- Pão de Açúcar (PCAR3): -7,87%
- Braskem (BRKM5): -2,71%
- IRB Brasil (IRBR3): -2,55%
- Telefônica (VIVT3): -1,81%
- Tim (TIMS3): -1,43%
Maiores altas da semana
- Cielo (CIEL3): +5,55%
- Grupo SOMA3: +4,70%
- Petrobras PN (PETR4): +3,97%
- Petrobras ON (PETR3): +3,62%
- Ultrapar (UGPA3): +2,23%
Maiores quedas da semana
- Azul (AZUL4): -13,62%
- MRV (MRVE3): -12,20%
- Eztec (EZTC3): -11,50%
- Gol (GOLL4): -10,70%
- CVC (CVCB3): -9,14%
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Conforme aponta Rodrigo Cohen, o Ibovespa hoje e as bolsas americanas subiram, enquanto o dólar caiu, mesmo com a divulgação dos dados de empregos pelo Payroll nos Estados Unidos acima das expectativas. Nesse sentido, foram criadas 199 mil vagas de emprego quando a projeção era de 180 mil vagas.
“Os dados vieram acima do esperado, tanto dados de trabalho quanto ganho médio por hora. Isso mostra uma economia forte. Só que, em contrapartida, se você for analisar o histórico, a gente tem aí uma queda progressiva nos últimos meses, o que é positivo. Além disso, foi divulgado uma revisão dos dados dos últimos dois meses que foi positiva reduzindo 71 mil vagas. Então, isso reforçou, na mesma hora, as apostas da Bolsa de Chicago, a Bolsa de Aposta CME, em que 65% acreditam que a queda dos juros permanece para iniciar em março de 2024 desse ano, mesmo com esses dados vindo acima do esperado, mas por causa da queda progressiva”, explicou Cohen.
Nesse cenário, a expectativa do analista é de que o cenário não mude para o início da queda de juros nos Estados Unidos no primeiro trimestre.
No momento em que o payroll foi divulgado, se observaram alta do dólar e queda na Bolsa de Valores brasileira. Isso se reverteu, segundo o analista, porque “o mercado entendeu que, mesmo com os dados vindo acima, há progressão de queda. Logo depois, então, teve uma reversão de tendência. Então, na minha opinião, esse é o motivo de as bolsas subirem”.
“Apesar do Ibov estar em alta, o índice tende a encerrar a semana no campo negativo. O índice passou por um movimento de ajuste nesse começo do ano. Início de ano sempre tem montagem de carteiras no mundo, rebalanceamento. Então isso o mercado avaliou como uma alta exagerada, e aí sempre no início do ano o mercado pode ficar um pouco mais receoso com o que pode vir. Então, por esse motivo, a Bolsa teve uma queda, mas super normal, uma correção totalmente que faz parte do mecanismo da Bolsa”, conclui Cohen.
O mercado começou 2024 um pouco menos otimista sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, conforme mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Na comparação com o último levantamento, relativo à semana que antecedeu o Natal (18 a 22/12), a fatia dos profissionais que espera alta do Ibovespa na próxima semana caiu de 57,14% para 44,44%. Entre os que esperam estabilidade, a porcentagem também recuou, de 28,57% para 22,22%. E os que projetam queda para o índice passaram de 14,29% para 33,33%, no mesmo intervalo.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou o pregão de ontem (4) em queda de 1,21%, aos 131.225,91 pontos.