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Com Copom e Fitch dos EUA no radar, Ibovespa cai; Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) recuam, e Magazine Luiza (MGLU3) cede

BTLG11 anuncia o 5º maior dividendo de sua história

BTLG11 anuncia o 5º maior dividendo de sua história. Foto: iStock

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (2) em queda de 0,32%, aos 120.859 pontos. A máxima do dia foi de 121.249 pontos, enquanto a mínima foi de 119.798 pontos.

A expectativa por um corte da Selic de ao menos 25 pontos-base no período da noite desta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) assegurou ao Ibovespa certa resiliência ao dia de aversão a risco no exterior, em que prevaleceu o efeito negativo do rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Fitch, de AAA para AA+, no fim da tarde anterior. Assim, o índice fechou esta quarta-feira em leve baixa de 0,32%, aos 120.858,72 pontos, enquanto, em Nova York, a correção chegou a -2,17% (Nasdaq) e, nos mercados europeus, superou a marca de -1% nas principais praças financeiras.

O Ibovespa seguiu o mesmo caminho das Bolsas de Nova York, que também fecharam essa sessão em baixa.

Enquanto isso, o dólar à vista encerrou a sessão de hoje (2) em alta de 0,33%, a R$ 4,8055, registrando a máxima de R$ 4,8215.

As 3 maiores altas do Ibovespa hoje vieram com Cogna (COGN3), JBS (JBSS3) e Cyrela (CYRE3), que avançaram 3,31%, 2,52% e 2,47%, respectivamente.

Por outro lado, as 3 maiores quedas do pregão foram Cielo (CIEL3), que tombou 9,15%, Locaweb (LWSA3), que caiu mais de 5%, e Magazine Luiza (MGLU3), que desvalorizou 2,92%.

Em meio a queda do minério de ferro lá fora, Vale (VALE3) tombou 1,63%. Após a baixa do petróleo no exterior, a Petrobras (PETR4) também caiu, com desvalorização de 0,23% nas ações preferenciais e de 0,70% nas ações ordinárias (PETR3).

“O mercado se ajustou hoje, desde cedo, ao rating mais baixo dos Estados Unidos, que perdeu o triplo A da Fitch. O rebaixamento deixou as bolsas na defensiva desde a sessão asiática, o que se estendeu aos negócios na Europa e nos Estados Unidos”, diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos, mencionando também a reação a mais uma forte leitura sobre a geração de vagas de trabalho nos EUA, da ADP referente a julho, no momento em que o mercado vinha se preparando para a possibilidade de uma nova pausa, do Federal Reserve, no processo de elevação dos custos de crédito na maior economia do mundo.

“Os dados de ADP em julho vieram muito fortes, o que reaviva a expectativa por aperto monetário no Federal Reserve. O ritmo de juros nos Estados Unidos segue no foco. Assim, o ADP foi o grande ‘urso’ do dia ao lado do rebaixamento da nota dos Estados Unidos pela Fitch”, diz Dennis Esteves, sócio e especialista da Blue3 Investimentos.

Na sexta-feira, os mercados globais conhecerão o relatório oficial sobre o mercado de trabalho americano em julho, ao qual o ADP não costuma mostrar correlação forte apesar do interesse com que é acompanhado pelos investidores.

Aqui, a expectativa se concentra na grande possibilidade de o Copom cortar a Selic entre 25 e 50 pontos-base, mas tal efeito positivo sobre o apetite por risco teve o contraponto, na sessão, do reavivamento dos temores de que os Estados Unidos possam, de fato, estar a caminho de uma recessão.

“Esse rebaixamento da nota de crédito é como se fosse uma pontuação de confiança financeira. As consequências imediatas do rebaixamento até que são leves, mas podem se agravar. Três agravamentos possíveis: dívidas mais caras para os Estados Unidos, depreciação do dólar, e o impacto na economia real, com nível de confiança menor para empresas e consumidores”, diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Dessa forma, na segunda sessão de agosto, o tom que se impõe desde o exterior é um pouco diferente do que prevaleceu em julho, quando o apetite por risco foi estimulado por sinais de uma possível inflexão do Federal Reserve em relação aos juros americanos, e uma perspectiva também marginalmente mais positiva sobre a economia chinesa, na expectativa por estímulos, o que de certa forma foi reforçado pelas leituras ainda fracas sobre os índices de atividade da segunda maior economia do mundo, no mês.

“Em julho, os dados de inflação, de atividade e mercado de trabalho sinalizavam um ‘soft landing’ para os Estados Unidos, uma retomada da economia com a queda da inflação, melhor do que todo mundo esperava. Foi um mês muito positivo, o que ajudou os mercados de risco em geral, o que inclui as ações no Brasil e também as commodities. A China, de que se esperava uma grande retomada, ainda está devagar. E, na reunião do Politburo, o que veio de iniciativas foi muito pontual – nada de bazuca”, diz Ricardo Campos, CEO da Reach Capital.

“Tem um espaço ainda para a Bolsa subir com a queda de juros, que não devem cair tanto assim – mas é o primeiro vagão do trem. Os gringos continuam vindo e a Bolsa só não subiu mais em julho porque teve uma série de ‘follow on’ de empresas, recolhendo todo esse dinheiro”, acrescenta Campos.

Maiores altas e baixas do Ibovespa

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio-fundador da GT Capital, o pessimismo das bolsas de valores internacionais veio em grande parte de fatores externos.

Ainda ontem (1º) uma empresa de classificação, a Fitch, rebaixou o rating dos EUA de AAA para AA+, sendo este um dos principais fatores para o pessimismo do mercado financeiro hoje.

Outro ponto que se observa é uma baixa superior a 1% no minério de ferro, pesando de forma negativa nas ações relacionadas a commodities e puxando o índice Ibovespa para queda.

Labarthe destacou a queda do petróleo como o principal fator que derrubou as ações da Petrobras (PETR4) no dia de hoje. “Obviamente um fator interno importantíssimo é a reunião do Copom que hoje irá determinar a taxa Selic, com expectativa de rebaixamento de 0,25 a 0,50 [ponto percentual]”, explica.

As ações da CSN (CSNA3) também perderam força hoje com a queda do minério de ferro no exterior, assim como as demais empresas do setor. Também pesa a expectativa de resultados mais fracos para esse setor.

“Os balanços no setor de siderurgia devem ser marcados por uma performance ruim, com preços e demanda mais fracos afetando o faturamento e impactando nas margens das companhias”, diz o especialista.

Enquanto isso, as ações da Cielo (CIEL3) caem forte hoje (2), após divulgação de um balanço que veio em linha com o esperado, embora ainda tenha sido ligeiramente negativo.

Entre as altas do Ibovespa hoje estão as ações da Cogna (COGN3). A empresa vem de um processo de melhora no volume de operações e de sensibilidade frente ao setor.

As ações da JBS (JBSS3) também sobem, já que existe uma expectativa de que o ciclo deve ser favorável à empresa. Isso porque o Brasil se encontra nos estágios iniciais de um ciclo pecuário que pode ser bastante positivo.

Por fim, as construtoras Eztec (EZTC3) e Cyrela (CYRE3) sobem no Ibovespa hoje com a projeção de baixa dos juros, o que seria benéfico ao setor.

“O mercado está em consenso de que após sinalizações positivas da inflação, é momento para um afrouxo. O governo, que abertamente é contrário às opiniões de Campos Neto, diz que o mínimo aceitável será uma queda de 0,50. Eu acredito em uma queda de 0,50 com o fim da reunião do comitê hoje”, opina Labarthe.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (1º) em queda de 0,57%, aos 121.248,39 pontos.

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