Ibovespa cai 0,94% e tem primeira semana de queda desde fevereiro
Ibovespa termina semana com queda de 0,33%, no primeiro agregado negativo desde fevereiro. Em março, índice da B3 avança 7,41%,
O Ibovespa fechou nesta sexta-feira (28) em queda de 0,94%, aos 131.902,18 pontos, com giro a R$ 18,3 bilhões. O índice oscilou dos 131.315,07 aos 133.143,44 pontos, na máxima correspondente ao nível de abertura.

Na semana, recuou 0,33%, no que foi o seu primeiro agregado negativo desde o intervalo entre 24 e 28 de fevereiro. Em março, avança 7,41%, ainda a caminho de seu melhor desempenho desde novembro de 2023, quando subiu 12,54%. No ano, o ganho acumulado está em 9,66%.
Na B3, a correção na última sessão da semana foi bem distribuída pelas ações de primeira linha, como Vale (VALE3, -1,01%, na mínima da sessão no encerramento) e Petrobras (PETR3, -0,99%; PETR4, -0,64%). Entre os grandes bancos, destaque para Itaú (ITUB4, -1,37%) e Bradesco (BBDC3, -0,60%; BBDC4, -1,38%).
Para Bruna Centeno, economista, sócia e advisor na Blue3 Investimentos, o exterior ditou o rumo da B3 na sessão, com o foco colocado nas tarifas dos Estados Unidos. Ela destacou que o presidente Donald Trump tem chamado a próxima quarta-feira, 2 de abril, de “super quarta” e “dia da libertação”, com a imposição de um tarifaço global.
“A política comercial tem sido mais agressiva do que no início do governo Trump, penalizando em especial os ativos de risco em um cenário de incerteza elevada, com efeito também para os vencimentos na curva de juros”, diz Bruna, acrescentando também a queda da confiança do consumidor nos EUA e o aumento nas expectativas de inflação.
No Brasil, o mercado reagiu com cautela à forte leitura de geração de empregos pelo Caged, divulgada à tarde, que indicou aquecimento do mercado de trabalho – o que pode dificultar um alívio nos juros no curto prazo, ressalta Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital. Segundo ele, a taxa de desemprego divulgada pelo IBGE, em 6,8%, reforça o cenário de atividade aquecida, “pressionando ainda mais a curva de juros futuros e fortalecendo o dólar frente ao real”. A moeda americana fechou o dia em leve alta de 0,15%, a R$ 5,7618.
Também no noticiário doméstico, observa Bruna, da Blue3, destaque para a indicação, pelo governo, do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o conselho fiscal da Eletrobras, o que contribuiu para o desempenho negativo das ações da empresa na sessão (ELET3, -1,49%; ELET6, -1,31%).
Ibovespa: principais altas e baixas do dia
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Nos EUA, mercados mantêm viés de queda
As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta sexta com forte queda, após novos dados revelarem que o núcleo da inflação dos Estados Unidos aumentou mais do que o esperado em fevereiro e que o sentimento do consumidor caiu pelo terceiro mês consecutivo em março. A deterioração no sentimento de risco ainda é reforçada pelos temores relacionados à guerra tarifária do presidente Donald Trump e às tensões geopolíticas na Europa e no Oriente Médio.
O Dow Jones recuou 1,69%, aos 41.583,59 pontos; o S&P 500 cedeu 1,97%, aos 5.580,94 pontos; e o Nasdaq caiu 2,70%, aos 17.322,99 pontos. Na semana, o Dow Jones caiu 0,96%, o S&P 500 perdeu 1,53%% e o Nasdaq recuou 2,59%.
“O Ibovespa teve um dia de queda mais forte puxada pelo cenário lá fora, com a proximidade da implementação de tarifas nos Estados Unidos sobre importações de veículos, o que afeta as ações de montadoras europeias, japonesas e também as estabelecidas no Canadá. Já se fala em recessão no Canadá e em grande efeito sobre as exportações da Alemanha, para não falar da inflação nos Estados Unidos mesmo”, diz Felipe Papini, sócio da One Investimentos. “Trump continua a acender alerta nos mercados globais, no momento em que as economias já se encontram fragilizadas”, acrescenta.
Divulgado pela manhã, o índice PCE, uma da métricas preferidas do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) para monitorar os preços ao consumidor nos Estados Unidos, trouxe sinais mistos sobre a economia americana, com a inflação do núcleo surpreendendo para cima e reforçando incertezas sobre a trajetória da política monetária do Fed.
Com Estadão Conteúdo