Ibovespa fecha em alta de 0,47% e retorna aos 133 mil pontos

O Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (27) com alta de 0,47%, atingindo 133.148 pontos. É a primeira vez este ano que a Bolsa de Valores retorna à marca dos q33 mil pontos.

Durante o dia, houve variação de 132.478 a 133.904 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,8 bilhões. Enquanto isso, as bolsas de Nova York fecharam em queda após anúncio de tarifas de Trump sobre carros, com destaque negativo para as ações da GM, que recuaram mais de 7%.

Entre os fatores que impactaram no desempenho do dia, o principal destaque foi a divulgação pelo IBGE do índice do IPCA-15, que subiu 0,64% em março, puxado especialmente por bebidas e alimentação.

Outro fator importante, desta vez no mercado externo, foi o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos, que registrou elevação de 2,4% no quarto trimestre de 2024. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Bureau of Economic Analysis (BEA).

Até o último dia 25, a B3 informa que houve entrada de capital externo de R$ 4,7 bilhões líquidos, chegando a R$ 13,4 bilhões este ano.

Na semana, o Ibovespa avança 0,61% e, no mês, acumula ganho de 8 43%. No ano, sobe 10,70%. No fechamento desta quinta, o Ibovespa marcava 133.148,75 pontos, em alta de 0,47%.

Ibovespa: principais altas e baixas do dia

Nos EUA, mercados caem

Entre as ações de primeira linha, os ganhos do dia foram puxados por Vale (VALE3, +0,80%) e Petrobras (PETR3, +1,02%; PETR4, +0,75%), enquanto os grandes bancos fecharam na maioria em baixa moderada à exceção de Santander (SANB11, +0,62%) e, ao fim, de Itaú (ITUB4, +0 12%).

Para Cesar Mikail, gestor de renda variável na Western Asset, desde que se iniciaram os “movimentos erráticos” do governo Trump com relação à política tarifária, tem prevalecido nas bolsas de Nova York certa apreensão com relação ao risco de uma recessão nos Estados Unidos – cautela que desencadeou uma rotação de ativos em direção a mercados emergentes e da Europa, apreciando também as respectivas moedas. “Ainda é pouco provável que uma recessão venha a ocorrer nos EUA, mas europeus e emergentes, inclusive o Brasil, e suas respectivas moedas, têm sido beneficiados nesse contexto”, ressalta.

Outro fator importante que tem sustentado fluxo estrangeiro para a B3 neste primeiro trimestre é uma melhor percepção sobre a evolução da economia chinesa, da qual o mercado brasileiro é visto como ‘proxy’ pela exposição a commodities. “Isso favorece a ‘compra de Brasil’”, pelo foco que o estrangeiro tem em ações de grande capitalização de mercado, e liquidez, como as de Vale e Petrobras, produtoras de insumos com preços formados no exterior e sensíveis à demanda da China.

Por fim, observa Mikail, há uma percepção relativamente mais equilibrada do mercado com relação ao fiscal doméstico, o que se reflete também na ponta longa da curva de juros – em ajuste de baixa, no DI, que desperta em especial o apetite do investidor doméstico pelas ações cíclicas, como as de construtoras e do setor de consumo. “Com a definição da isenção do IR para os que ganham até R$ 5 mil, não há espaço para que o governo venha a fazer muito mais, então é algo que já está no preço. Ajuste nas contas públicas, se vier, é para depois de 2026. E, no momento, o governo parece em condição difícil de popularidade para o ano que vem”, diz.

No momento, Mikail considera que 65% do ajuste em andamento na Bolsa brasileira tem relação com a realocação global de ativos a partir da correção nas bolsas dos Estados Unidos, e 25% com a visão mais favorável sobre a China. Os 10% restantes teriam relação com a percepção sobre o doméstico – fatia que tende a aumentar ao longo do tempo, à medida que se aproximar o decisivo ano de 2026.

Nesta quinta-feira, os principais índices de Nova York fecharam o dia com variações contidas, e o fim negativas, entre -0,33% (S&P 500) e -0,53% (Nasdaq). O dólar à vista subiu 0,36%, a R$ 5,7533, mas a curva do DI teve retração, embora moderada em direção ao encerramento do dia.

“Há um movimento interessante de descolamento da bolsa brasileira e da americana, com uma série de dados a corroborar isso. O valuation da bolsa americana estava muito acima das médias históricas, e o valuation da brasileira, abaixo do padrão. Outro fator era a extrema concentração das alocações para o mercado americano, muito grande em relação aos demais ativos listados no mundo, algo como 56% do total”, diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

“Continuamos com um bom ingresso de capital estrangeiro no ano, com o rebalanceamento de carteira – essa troca de Estados Unidos por emergentes -, e o grande gatilho tem sido Trump e sua política comercial”, acrescenta Moura.

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