Ibovespa começa semana em queda, mas se mantém nos 110 mil pontos; Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) caem
O Ibovespa começou a semana com o pé esquerdo e encerrou o pregão desta segunda (22) em queda, mas ainda no patamar dos 110 mil pontos. Ao movimentar R$ 20,8 bilhões em volume financeiro, a Bolsa brasileira encerrou o dia em queda de 0,48%, aos 110.213,12 pontos.
Entre os destaques do dia, as ações da Alpargatas (ALPA4) dispararam 16,96% após o bloco controlador da companhia anunciar uma oferta pública de ações (OPA) de 32 milhões de papéis pelo preço de R$ 10,50/ação.
Os papéis da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4) encerraram o pregão em queda. “O setor de materiais básicos segue negativo no dia de hoje por causa da queda no preço do barril de petróleo e do minério de ferro. Como são os papéis com maior peso no Ibovespa, vimos o índice operar em lateralidade apesar de todas as altas”, detalha Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.
Após a forte alta das últimas semanas, podemos estar próximos de uma correção para esta semana e na próxima, mas tudo vai depender de como irá se dar a votação do arcabouço fiscal e do apetite dos investidores.
Segundo o profissional, ao longo do dia, a Bolsa brasileira operou em lateralidade com as empresas internacionais. Nos Estados Unidos, os principais indicadores encerraram o dia da seguinte forma:
- Dow Jones: recuo de 0,42%, aos 33.286,55 pontos;
- S&P 500: alta de 0,02%, aos 4.192,68 pontos;
- Nasdaq: subida de 0,50%, aos 12.720,78 pontos.
O dólar hoje encerrou o pregão em queda de 0,50% na cotação à vista, aos R$ 4,9707. “O dólar cai e as taxas de juros sobem na expectativa do rompimento do teto da dívida nos EUA”, reforça Caumont.
Além da B3, de forma geral a cautela também marcou esta abertura de semana em Nova York, onde os principais índices de ações encerraram o dia com variações discretas, em meio ao persistente impasse sobre a elevação do teto da dívida federal nos Estados Unidos, observa Alan Dias Pimentel, especialista em investimentos da Blue3.
“Desde a suspensão das negociações na última sexta, com os republicanos abandonando reunião a portas fechadas, o clima ficou mais tenso, sem sinais de progresso. O governo americano continua a correr contra o tempo para impedir um calote histórico”, acrescenta o analista da Blue3, destacando que, por outro lado, a situação tem contribuído para tom em geral mais ameno das autoridades do Federal Reserve com relação aos juros – apesar de algumas declarações, mais duras, hoje.
Aqui no Brasil, a reiteração da rigidez do presidente do BC, Roberto Campos Neto, com relação à Selic, em evento nesta segunda-feira, manteve a pressão sobre a curva de juros doméstica. Ainda assim, o índice de consumo fechou em alta de 0,66% e o de materiais básicos, mais correlacionado à demanda externa, avançou apenas 0,19%.
Lá fora, “há um compasso de espera para o desfecho das negociações entre democratas e republicanos. Com o retorno do presidente Biden aos Estados Unidos após a reunião do G7, novas rodadas de negociações devem ocorrer ainda neste começo de semana, sem muitos catalisadores para o mercado nesse início”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, destacando a divulgação, na próxima sexta-feira, do índice PCE, métrica para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos monitorada de perto pelo BC americano, o Fed.
No Brasil, as expectativas estão concentradas, nesta semana, na votação do arcabouço fiscal na Câmara, que deve ocorrer até a quarta-feira. “O Boletim Focus desta semana trouxe pequena melhora na perspectiva para a inflação de 2023 e 2024, o que contribui para os resultados de empresas e setores ligados ao ciclo doméstico, como as varejistas e as construtoras”, diz Pimentel, da Blue3.
“Estamos vendo há algumas semanas um movimento de rotação de empresas com liquidez, defensivas e de baixa volatilidade para o oposto: small caps com beta alto e liquidez menor”, diz Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research. “Salvo algum imprevisto, com a expectativa de inflação e de juros em queda, ainda há bastante espaço para ativos que estavam amassados se recuperarem nas próximas semanas”, acrescenta.
Por outro lado, ele ressalva haver ativos que já acumulam recuperação de 30% a 60%, e “sem quedas relevantes pelo caminho”, o que antecipa a possibilidade de “lateralização” ou mesmo de realização de lucros mais forte, em breve.
No cenário macro, “o arcabouço deve ser aprovado sem grandes dificuldades. Mas o impacto do texto sobre a perspectiva das contas públicas requer cautela. O novo arcabouço ainda não é o suficiente para melhorar significativamente as projeções fiscais nos próximos anos, e a divulgação do relatório bimestral sobre as receitas e despesas acabou sendo um exemplo disso, com muita incerteza sobre o comportamento das receitas, impactando negativamente as projeções de déficit fiscal divulgadas hoje pelo governo”, observa Ashikawa, da Principal Claritas.
Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje
Enquanto o setor de matérias básicos encerrou o dia em queda devido à baixa nos preços do petróleo e do minério de ferro, além da Alpargatas, quem se destacou positivamente hoje foi a Azul (AZUL4).
A companhia aérea foi promovida pelo Bank of America (BofA) — perdeu o status equivalente à venda e passou para neutro. No término do pregão, as ações da Azul registravam alta de 9,23%.
Confira as maiores altas e baixas do Ibovespa hoje:
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Ibovespa hoje: Veja a cotação desta segunda (22)
O pregão do Ibovespa desta segunda (19) terminou em queda de 0,48%. aos 110.213,12 pontos.
Com Estadão Conteúdo