Ibovespa cai abaixo de 124 mil pontos, puxado por tensão entre EUA e China
O Ibovespa fechou em queda de 1,32% nesta quarta-feira (9), aos 123.931,89 pontos, após mínima (-1,70%) de 123.454,24 pontos e máxima (+1,64%) de 127.651,60 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 27,4 bilhões.

O movimento negativo se deu à tarde, devido à escalada da tensão comercial entre os Estados Unidos e a China, que turbina o temor de uma desaceleração econômica mundial, o que tende a limitar a demanda por commodities. Em efeito dominó, ações ligadas ao minério de ferro e ao petróleo – com grande peso na Bolsa brasileira – foram destaques de baixa.
Vale (VALE3) caiu 5,48%, enquanto a CSN (CSNA3) recuou 5,70%. A Petrobras teve queda nas duas modalidades: 3,20% em PETR3 e 3,56% em PETR4. Ainda entre as blue chips, o setor financeiro cedeu em bloco, com quedas para Bradesco (BBDC3, +2,54%; BBDC4, -2,75) e Santander (SANB11, -1,51%).
“O mercado esperava um clima mais ameno dos EUA em relação à China, no sentido de sentar para conversar, tentar chegar a um denominador comum. E não é isso que estamos vendo. Estamos vendo uma escalada”, comenta o estrategista de ações da Nomos, Max Bohm. Para ele, fica no ar a pergunta: “Será que a China vai aumentar as tarifas ainda mais também?”
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, chegou a dizer em entrevista que o presidente Donald Trump “quer fazer um acordo com a China, mas não sabe como começar”.
Segundo o sócio da One Investimentos Pedro Moreira, por ora o mercado ainda trabalha com uma possível escalada mais forte entre EUA e China nessa guerra comercial envolvendo tarifas. “Isso causa mais volatilidade e pânico ao mercado, fazendo com que as bolsas reajam de forma negativa.”
A carteira teórica tem forte influência de ações ligadas a China e commodities, sendo que o petróleo acentuou a baixa também focando na tensão comercial global.
“Há receio de uma desaceleração profunda no comércio internacional, que pode levar a uma queda do PIB no mundo e isso afeta a demanda por commodities”, acrescenta Bohm.
“Agora a China deve revidar, anunciando diversos pacotes para tentar fortalecer a sua economia. O que vai ditar a dinâmica agora é a disputa entre americanos e chineses em relação às tarifas, com eventuais retaliações”, acrescenta Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
Ibovespa: altas e baixas do dia
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Tensão esquenta e bolsas caem nos EUA
A máxima do índice foi pela manhã, na esteira da recuperação em Wall Street, depois de alta nas bolsas asiáticas e europeias. O mercado aguardava ansiosamente pela badalada do relógio das 13 horas (de Brasília), limite imposto pelos EUA para que a China removesse a tarifa recíproca de 34% imposta em retaliação aos 34% dos EUA sobre produtos chineses.
Contudo, perto do horário, a China não apenas não removeu a tarifa, como disse que vai “lutar até o fim” caso o governo Donald Trump leve adiante a aplicação de sobretaxas e iniciou uma disputa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra tarifas recíprocas. Pouco depois, o Ibovespa tocou mínimas, acompanhando também o movimento das bolsas de Nova York.
Em retaliação, os EUA confirmaram a aplicação de uma sobretaxa de 50% para a China, totalizando tarifas de 104% a partir da quarta-feira, 9. Com isso, o Ibovespa renovou mínimas e os índices de Wall Street apagaram os ganhos.
O S&P fechou abaixo dos 5.000 pontos pela primeira vez em um ano, com queda de 1,57%, aos 4.982,77 pontos. O Dow Jones caiu 0,84%, aos 37.645,59 pontos; e o Nasdaq perdeu 2,15%, aos 15.267,91 pontos. Antes da confusão, as bolsas europeias tinham fechado em alta, com destaque para Londres, onde o FTSE 100 avançou 2,71%, para 7.910,53 pontos.
Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, acredita que o cenário de incerteza deve se estender pelos próximos dias, com seguidos impactos no mercado de capitais. “As empresas têm dificuldade de tomar decisões porque não sabem como vão funcionar as questões tributárias e como isso vai impactar na demanda de cada empresa. A gente deve continuar tendo muita volatilidade nos próximos dias, com o Ibovespa subindo ou caindo de acordo com novas falas de Trump, isso várias vezes no dia, inclusive”, projeta.
Com Estadão Conteúdo