Ibovespa sobe forte e volta aos 110 mil pontos, com PIB acima do esperado; Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) e varejistas decolam
O Ibovespa fechou a sessão de hoje (1º) na Bolsa de Valores brasileira (B3) com uma alta de 2,06%, aos 110.564,66 pontos, após registrar a mínima de 108.334,59 pontos e a máxima de 110.745,40 pontos. O volume financeiro foi de R$ 30 bilhões. Foi o maior ganho para o índice em quase um mês, considerando o encerramento de 5 de maio, então em alta de 2,91%.
A alta do Ibovespa hoje foi puxada pela valorização expressiva das ações de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), além da euforia do mercado com os números do PIB e com a notícia sobre a suspensão do teto de dívida dos EUA no dia de ontem.
Além disso, o desempenho positivo do índice de ações brasileiras ficou em linha com o cenário no exterior, com as bolsas dos Estados Unidos terminando o dia em alta.
- Dow Jones: +0,47%, aos 33.062,36 pontos
- S&P500: +0,99%, aos 4.221,09 pontos
- Nasdaq: +1,28%, aos 13.100,98 pontos
O preço do dólar à vista caiu 1,31%, a R$ 5,0064, mas chegou a apresentar a mínima de R$ 5,0058 e a máxima de R$ 5,0582
Segundo Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, hoje as bolsas dos EUA subiram forte após a aprovação da suspensão do teto de dívida dos EUA ontem (31).
O estrategista destacou que a cotação do Ibovespa seguiu a mesma euforia dos investidores lá de fora, também subindo forte no dia de hoje.
Vale (VALE3) sobe forte em dia de alta do Ibovespa, com disparada do minério de ferro
“Nossa bolsa, além de estar em movimento de alta por causa dos EUA, se fortalece também por conta do PIB do primeiro trimestre ter vindo acima do esperado e da alta de preços nos contratos de minério de ferro, fazendo com que o setor de mineração suba. Hoje VALE3 segue com mais de 2,5% de alta”, explicou Caumont.
Ele também ressaltou o fechamento praticamente geral na curva de juros hoje, principalmente nos vértices mais longos. A divulgação do PIB teria fortalecido os mercados, que com a última divulgação do IPCA-15 vindo melhor que o esperado, criou o cenário perfeito para os mercados se animarem e os juros caírem.
Ele ainda destacou a ocorrência dos leilões de títulos prefixados do governo nesta quinta-feira, que foram negociados nas mínimas do ano, o que corrobora para o fechamento na curva de juros.
Além do otimismo geral dos mercados, Vale subiu forte em razão da expressiva alta no minério de ferro. A Petrobras também subiu forte depois que a companhia divulgou a confirmação de uma reunião com o fundo Apollo, fundo que tem interesse em adquirir o controle da Braskem (BRKM5).
Boas surpresas do noticiário
“Tivemos hoje um fluxo maior e mais positivo para nosso mercado, com boas surpresas no noticiário. Após alguns dias bem negativos, houve melhora de humor com relação à China, que vinha sofrendo ultimamente com dados ruins sobre a atividade industrial, afetando as commodities. Assim, após quatro dias de queda de preço, o minério de ferro hoje subiu mais de 5% por lá, com um ambiente parecendo agora menos hostil à demanda pela matéria-prima, após uma nova leitura de PMI industrial na China, da Caixin, mais favorável do que a do dia anterior, que apontava contração”, diz Bernard Faust, operador da mesa de renda variável da One Investimentos.
“O dia lá fora foi de tomada de risco, com o dólar perdendo espaço para moedas de referência como euro e libra, e também para as de emergentes como o real, resultando também em recuperação para os preços das commodities”, diz João Piccioni, analista da Empiricus Research, chamando atenção para o avanço dos principais índices de ações em Nova York (Dow Jones +0,47%, S&P 500 +0,99%, Nasdaq +1,28%) nesta véspera de divulgação do relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em maio. O dólar fechou em baixa de 1,31%, a R$ 5,0064.
Na sessão, o cenário externo também foi favorecido pela aguardada aprovação do aumento do teto da dívida federal pela Câmara dos Representantes, nos Estados Unidos, observa Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, mencionando fator que trouxe alívio especialmente ao câmbio, com efeito também para as commodities e para as ações correlacionadas a matérias-primas.
No cenário doméstico, a leitura acima do esperado para o PIB brasileiro no primeiro trimestre, em alta de 1,9%, ante mediana de projeções a 1,2% no levantamento do Broadcast, levou uma série de instituições financeiras a revisar estimativas para o crescimento econômico em 2023. “Prévias sobre a atividade, como o IBC-Br, já vinham bem, e agora muitas casas começam a refazer as contas para um PIB fechando o ano perto de 2%, com o Brasil na contramão do mundo, que ainda puxa juros e pisa no freio”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
O desempenho nos primeiros três meses do ano foi puxado em especial pelo forte avanço do agro no intervalo, conforme os dados divulgados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Sabíamos que o PIB do primeiro trimestre seria bom, mas de fato veio acima do esperado, puxado pelo lado da oferta, do agro, como se antecipava, especialmente pelos resultados da soja, muito positivos e concentrados nessa época do ano. E tinha base de comparação fraca, por questões climáticas no ano passado, que resultaram em quebra de safra, e agora com estimativa de produção recorde”, diz Patrícia Krause, economista-chefe para América Latina da Coface.
Ela destaca, por outro lado, o enfraquecimento do consumo das famílias, a virtual estagnação do consumo público e uma queda maior da formação bruta de capital fixo, sinais negativos para a demanda e a economia doméstica. “Uma fraqueza da atividade doméstica notada inclusive no setor externo, pela forte queda das importações”, acrescenta a economista.
“Primeiro trimestre costuma ser um ponto fora da curva para a economia, por causa do efeito do agro”, aponta Eduardo Cavalheiro, fundador e gestor da Rio Verde Investimentos. “Estamos em um momento melhor, com dados de inflação mais contidos, e agora, o crescimento do PIB – além de votações no Congresso que têm ido contra o governo e a favor do mercado”, acrescenta o gestor, destacando o dia com a correlação desejada: Bolsa em alta, juros e dólar em queda.
Maiores altas e baixas do Ibovespa hoje
As ações da Yduqs (YDUQ3) seguiram como uma das maiores altas do Ibovespa no dia de hoje, seguida também por Cogna (COGN3), já que o setor se beneficia muito com juros mais baixos. Por causa da queda em toda a curva de juros, os investidores se animaram com os papéis do setor, conforme explica Caumont.
Locaweb (LWSA3) liderou as maiores altas do Ibovespa hoje (1º), também por se beneficiar muito com a queda na taxa de juros, acompanhada por outros papéis do setor de tecnologia. Já a MRV (MRVE3) também segue subindo com a mesma prerrogativa dos juros menores fomentar o setor de construção civil.
Entre as quedas, as ações da Energisa (ENGI11) sofreram hoje em razão de uma forte realização de lucros por parte dos investidores, e pelo setor estar passando certa dificuldade com o preço atual dos contratos de energia estarem nas mínimas históricas devido aos níveis dos reservatórios de água estarem cheios.
Já a JBS (JBSS3) passou por uma realização de lucros por parte dos investidores após ontem (31), não se animando com o resto do Ibovespa nesta sessão. A Sabesp (SBSP3), por sua vez, seguiu lateralizada com uma leve baixa depois do forte movimento de alta das últimas semanas.
Já o setor de varejo também subiu forte, com destaque para Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), que avançaram 5,46% e 6,84%, respectivamente, já que é um setor que está participando da euforia dos mercados movida pela flexibilização no teto da dívida dos EUA e com o PIB Brasil acima do esperado, fazendo com que as taxas de juros trabalhassem em queda para praticamente todos os vencimentos.
“Como o setor de varejo se beneficia muito da queda na taxa de juros, por conseguir aumentar o volume de vendas pelo aumento do consumo geral na economia e também por se beneficiar de uma menor corrosão no fluxo de caixa, além de manter a alavancagem via dívida numa taxa mais barata, não poderíamos esperar menos que um dia de forte alta para o setor”, concluiu o estrategista de investimentos da Matriz Capital.
Fechamento do Ibovespa nesta quarta (31)
O Ibovespa encerrou a sessão desta quarta-feira (31) em baixa de 0,58%, aos 108.335,07 pontos.