Ibovespa tem leve queda após ata do Copom, em dia de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) no vermelho. Casas Bahia (BHIA3) tomba
O Ibovespa fechou a sessão desta terça-feira (26) em baixa de 0,05%, em 126.863,02 pontos, entre a mínima de 126.590,67 e a máxima de 127.192,86. O volume financeiro foi de R$ 19,4 bilhões.
O Ibovespa se manteve próximo da estabilidade pela segunda sessão consecutiva, amparado pelas ações de grandes bancos. Os ganhos do setor refletiram a avaliação, no mercado, de que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) indicou menos cortes da taxa Selic este ano. Na outra ponta, a queda dos preços do minério de ferro e petróleo derrubou os papéis da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) e impediu uma valorização do índice.
No Brasil, o mercado reagiu também aos dados do IPCA-15, que registrou alta de 0,36% em março, após ter subido 0,78% em fevereiro. O índice de inflação veio um pouco acima do consenso e a ata ficou em linha com o comunicado do Copom da semana passada, afirmam especialistas.
Na ata do Copom, o Banco Central (BC) afirmou, em relação à decisão de redução da Selic de 11,25% para 10,75%, que as maiores incertezas do cenário levaram a autarquia a julgar apropriado ter maior flexibilidade na condução da política monetária.
Quanto ao cenário internacional, os investidores aguardam a divulgação do PIB dos Estados Unidos do quarto trimestre, na quinta, e da inflação, na sexta-feira. Os dados econômicos são uma baliza para projeções sobre a queda dos juros pelo Federal Reserve.
Por aqui, a Petrobras (PETR4) fechou sessão com as ações preferenciais em queda de 0,93%, cotadas a R$ 36,26. Movimento similar ao das ações ordinárias da Petrobras (PETR3) que tiveram queda de 1,10%, a R$ 36,91.
Os contratos futuros do petróleo Brent, usados como referência global, para junho registraram recuo de 0,52%, alcançando US$ 85,63 na Intercontinental Exchange (ICE).
Outro peso pesado em queda no índice bovespa foi a Vale (VALE3), que amargou uma baixa de 1,27%, cotada a R$ 60,05, após baixa no preço do minério de ferro.
Hoje, a maior alta foi da São Martinho (SMTO3), +4,72% a R$ 29,50. Na sequência aparecem o Grupo Soma (S0MA3), +3,74% a R$ 7,48 e Localiza (RENT3), +3,55% a R$ 54,52.
Na ponta negativa, Minerva (BEEF3), -9,88% a R$ 6,57, e Casas Bahia (BHIA3), -5,88% a R$ 6,24, lideram as perdas.
Na mesma direção: Ibovespa e Bolsas de NY caem
As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam em queda:
- S&P 500: -0,28%, aos 5.203,58 pontos;
- Dow Jones: -0,08%, aos 39.282,33 pontos;
- Nasdaq: -0,42%, aos 16.315,70 pontos.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta terça-feira (26), com alguns mercados sustentados por ações de chips e do setor imobiliário. Em Tóquio, o japonês Nikkei ficou praticamente estável hoje, com baixa marginal de 0,04%, a 40.398,03 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho, pressionada por ações de grandes mineradoras e bancos. O S&P/ASX 200 caiu 0,41% em Sydney, a 7.780,20 pontos.
Hoje, o dólar à vista fechou em alta de 0,19%, a R$ 4,9828, após oscilar entre R$ 4,9664 e R$ 4,9938.
Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, a estabilidade do Ibovespa registrada hoje reflete uma combinação de fatores. Um deles foi o IPCA-15 acima das expectativas, sugerindo que a inflação ainda é uma preocupação para o Banco Central.
Outro ponto é a queda no preço do minério de ferro que impactou negativamente as ações de empresas importantes como a Vale, pesando sobre a cotação do Ibovespa. “Contudo, a leve alta também indica um otimismo contido dos investidores, possivelmente devido às expectativas de ajustes na política monetária dos EUA, o que afeta o apetite global por risco”, explica Almeida.
Sobre o IPCA-15, Almeida vê o resultado como um reforço da importância de manter uma política monetária cuidadosa e adaptável. “Ainda que a inflação não esteja disparando, qualquer sinal de que ela permanece resistente é motivo suficiente para o Banco Central manter sua postura vigilante”, diz ele.
Segundo o analista, o mercado pode interpretar esse resultado como um lembrete de que, apesar de alguns sinais positivos na economia, “ainda estamos navegando em águas incertas” e que é prudente manter a cautela antes de celebrar qualquer vitória prematura contra a inflação.
“Acredito que a ata do Copom sinalizou uma postura mais hawk do Banco Central frente às incertezas econômicas, destacando o dinamismo no mercado de crédito e a resiliência da atividade doméstica que complicam o cenário de desinflação, especialmente nos serviços, devido a um mercado de trabalho apertado”, diz ele.
Entre as principais quedas, desponta a Minerva (BEEF3). Para Almeida, após o balanço do 4T23 da Minerva, a queda de BEEF3 pode ser atribuída em grande parte ao impacto negativo dos ajustes contábeis na Argentina, devido ao reconhecimento de receitas negativas em reais.
“Este ajuste contábil, resultante da aplicação do IAS29 em resposta à hiperinflação argentina, provocou um impacto direto na receita líquida da empresa, reduzindo-a em R$1,5 bilhão. Essa situação complicou ainda mais o cenário para a Minerva, aumentando a incerteza em relação à sua performance financeira”, comenta o especialista.
Junto a isso, o processo de integração com a Marfrig (MRFG3) adiciona complexidade operacional e desafios regulatórios, tornando as perspectivas futuras da empresa mais incertas e influenciando negativamente a percepção do mercado sobre o valor das suas ações.
A Casa Bahia (BHIA3) também caiu no índice IBOV após divulgação de balanço. A ação recuou em reflexo de resultados desafiadores no 4T23. “A redução no GMV, especialmente online, e a queda acentuada de 45% no EBITDA ajustado evidenciam dificuldades tanto nas vendas quanto na eficiência operacional”, reforça Almeida.
O Magazine Luiza (MGLU3) seguiu na mesma toada e fechou com baixa de 6,81%, a R$ 1,78%.
Outras preocupações como a estrutura de capital e os altos custos de financiamento aumentam a incerteza sobre a capacidade da empresa de se recuperar e crescer. Casas Bahia segue enfrentando o desafio de equilibrar um plano de reestruturação ambicioso com uma estrutura de capital complicadas, alertam os analistas.
Já entre as altas figurou a São Martinho, após a empresa anunciar emissão de debêntures, visando levantar até R$ 1,25 bilhão. Esses recursos podem ser usados para otimizar a estrutura de capital da empresa e financiar novos projetos e também foi aprovado programa de recompra de até 14,2 milhões de ações. “Esse tipo de movimento sinaliza ao mercado que a própria empresa vê suas ações subvalorizadas, o que geralmente é um bom indicativo de valor para os investidores”, afirma Almeida.
Outro fator que pode estar contribuindo com a alta do papel foi um comunicado do Morgan Stanley, que manteve o preço-alvo de R$ 35/ação.
O Grupo Soma também sobiu após reportar números melhores que o esperado e apresentar melhora nos resultados operacionais, destacando-se o crescimento de 13% na receita bruta ex-Hering e um aumento significativo nas vendas online da Hering.
Olhando para outros cenários, o dólar e os juros futuros estão em alta hoje devido à crescente incerteza no mercado, influenciada pela recente comunicação do Banco Central.
“Isso levou os investidores a ajustarem suas expectativas para juros mais altos no futuro. Adicionalmente, as incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos também contribuem para essa tendência. A combinação desses fatores resulta no aumento do dólar e dos juros futuros, refletindo a antecipação do mercado a um ambiente de política monetária mais restritiva para combater a inflação e manter a estabilidade econômica”, conclui Almeida.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (25) em queda de 0,08%, aos 126.931,47 pontos.