O Ibovespa encerrou as negociações desta terça-feira (4) em queda e renovou pelo quinto pregão consecutivo a cotação mínima de fechamento do ano. O índice acionário recuou 0,19%, a 121.802,06 pontos, permanecendo nos menores níveis desde meados de novembro.
Durante a sessão, o índice Bovespa oscilou entre a mínima de 120.878,36 pontos e a máxima de 122.031,66 pontos. O volume diário de negociações se manteve abaixo da média dos últimos meses e foi de R$ 20,4 bilhões.
Mesmo com leitura do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acima do esperado para o primeiro trimestre – em alta de 0,8% na margem, ante mediana a 0,7% para o intervalo -, e a despeito de nova retração dos rendimentos dos Treasuries e de alta nos índices de ações em Nova York, o Ibovespa não evitou a baixa, em dia de pressão sobre o câmbio e de avanço na curva de juros doméstica.
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Um dos principais temas no radar dos investidores nesta terça-feira foi a queda no preço das commodities no exterior, que contribuíram para a variação negativa de ativos com grande volume de negociação na bolsa brasileira.
“O principal gatilho de queda no Ibovespa hoje foi a baixa no preço nas commodities, que pesa também no real em paralelo a outras moedas de emergentes ligadas às commodities, que acumulam perdas em relação à paridade com o dólar”, explica Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.
O minério de ferro ampliou as perdas das últimas semanas e encerrou as negociações em queda de 2,11% na bolsa de Dalian, na China. O cenário pessimista refletiu nos papéis da Vale (VALE3) que caíram 1,02%, a R$ 61,24.
Além disso, a cotação do petróleo recuou durante a sessão de hoje. O petróleo Brent para agosto caiu 1,07%, a US$ 77,52 por barril, na ICE. Já o WTI para julho recua 1,31%, a US$ 73,25 por barril, na Nymex.
A queda da commodity também afetou os papéis das petrolíferas brasileiras. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) fecharam em baixa de 0,57%, a R$ 40,02, enquanto os papéis preferenciais, negociados sob o ticker PETR4, caíram 1,11%, a R$ 38,15.
Além disso, o mercado brasileiro tacompanhou a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano. O indicador subiu 0,8% entre janeiro e março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O resultado do PIB brasileiro divulgado hoje, com alta acima das expectativas do mercado, também impacta a curva futura de juros que observa leve alta em todos os vértices, o que também impacta negativamente o Ibovespa nos setores de consumo enquanto. Por outro lado, parece trazer algum gatilho de leve alta ao papeis do Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4)”, diz a especialista em mercado de capitais.
Em meio à divulgação do PIB, os grandes bancos reverteram as perdas do início do pregão e subiram em bloco, com exceção do Santander (SANB11), que caiu 2,37%, a R$ 27,20. Os papéis preferenciais do Bradesco (BBDC4) subiram 0,94%, a R$ 12,85. Já as ações do Banco do Brasil (BBAS3) ganharam 0,29%, a R$ 27,23, enquanto Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 0,35%, a R$ 31,56.
Sem força para uma retomada da Bolsa em meio à persistência de dúvidas sobre o nível de juros nos EUA e no Brasil ao fim de 2024, os dados do PIB do primeiro trimestre, embora acima do esperado, foram recebidos no retrovisor, considerando também que os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, entre abril e maio, serão sentidos adiante.
“A tragédia no Rio Grande do Sul pode ter impacto negativo de 0,2 a 0,3 ponto porcentual sobre o PIB, mas isso dependerá do tamanho dos prejuízos. No médio e longo prazo, a reconstrução da região pode trazer impacto positivo para o crescimento do país”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, que projeta expansão de 2,1% para a economia brasileira em 2024.
Também na agenda de indicadores desta manhã, o mercado tomou nota da leitura mais fraca do que se antecipava para o relatório JOLTS nos Estados Unidos, relativo ao giro da mão de obra no país, uma métrica que costuma ser monitorada de perto pelo Federal Reserve. Na sexta-feira, será a vez do ainda mais aguardado relatório oficial sobre a geração de vagas de trabalho em maio, o payroll, com dados como o ganho salarial médio e a taxa de desemprego.
Com o JOLTS um pouco mais fraco, houve um movimento de fechamento de juros na curva americana nesta terça-feira, observa a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Um ajuste que, contudo, não se refletiu nem no câmbio, nem na curva de juros doméstica, ambos em alta nesta terça-feira.
Cotação do dólar
Na contramão da mínima do Ibov, o dólar comercial atingiu o maior patamar do ano nesta terça-feira. A moeda norte-americana encerrou em alta de 0,98%, a R$ 5,2854, após oscilar entre R$ 5,2500 e R$ 5,2961.
“Dólar sobe frente a um fluxo de capital negativo na bolsa brasileira frente à queda no preço das commodities, em paralelo a outras moedas emergentes também fortemente ligadas às commodities”, explica Kist.
Bolsas nos EUA fecham em alta
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários encerraram as negociações desta terça-feira em alta, após iniciarem o pregão no vermelho. A Dow Jones subiu 0,36%, a 38.711,09 pontos. Já o S&P500 ganhou 0,15%, a 5.291,31 pontos. Por fim, a Nasdaq registrou alta de 0,17%, a 16.857,05 pontos.
O mercado norte-americano acompanhou nesta terça-feira a divulgação do Job Openings and Labor Turnover Survey (JOLTs), o relatório de vagas de emprego e rotatividade de mão de obra dos Estados Unidos. O texto apontou uma queda de 296 mil vagas de emprego em abril, em comparação com o mês anterior, atingindo o nível mais baixo desde fevereiro de 2021.
Apesar da variação positiva dos indicadores acionários, o relatório trouxe um clima pessimista para o mercado estadunidense. Isso porque os investidores seguem aguardando a publicação do payroll, o relatório oficial de empregos norte-americano, que será divulgado na sexta-feira (7).
Maiores altas e baixas do Ibovespa
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Última cotação do Ibovespa
Na última segunda-feira (3), o Ibovespa fechou em leve queda de 0,05%, a 122.031,58 pontos, após oscilar entre perdas e ganhos durante grande parte da sessão.