A semana não foi boa para o Ibovespa. Se na segunda-feira (18) o índice havia batido a casa dos 100 mil pontos diversas vezes, embora tenha fechado abaixo da marca, a Bolsa de Valores de São Paulo fecha a semana bem longe do patamar simbólico.
Nesta sexta (22), após dois golpes que derrubaram a Bolsa nos últimos dias, como a decepcionante reforma da Previdência dos militares e a prisão de Michel Temer, que pode ter impacto nos trabalhos do Congresso, o Ibovespa sofreu com o jogo político mais uma vez.
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O índice reagiu negativamente com a mais recente declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afastando-se da articulação pela conquista dos votos necessários para a aprovação do mais importante projeto de Bolsonaro.
A desarticulação do governo em torno da pauta tem desanimado o deputado. Semanas atrás, ele chegou a cobrar publicamente maior engajamento da base bolsonarista pela defesa da proposta. A apatia na mobilização vinha do próprio presidente Jair Bolsonaro. Um levantamento feito pelo veículo jornalístico Poder360 mostrou que que, após dois meses de gestão, Bolsonaro pouco havia falado sobre a reforma da Previdência. Desde 1º de janeiro até o início de março, ele tinha publicado 326 vezes em seu Twitter, entre as quais o principal projeto do governo foi citado apenas seis vezes.
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Após a cobrança pública de Maia, Bolsonaro se mostrou mais presente na defesa da reforma. Suas declarações atacando a “velha política”, no entanto, inflamaram sua relação com o Congresso Nacional. O presidente foi eleito defendendo o fim do “toma lá, dá cá”, ou seja, o balcão de negócios típico da atividade legislativa em Brasília. Bolsonaro chegou a dizer nesta sexta que “não está disposto” a abrir mão de sua recusa em negociar cargos por votos na reforma da Previdência. Segundo o G1, o Palácio do Planalto vai defender que os parlamentares precisam colocar os “interesses do país” acima dos pessoais.
As declarações contraditórias do presidente deixaram a impressão de que ele quer Maia na linha de frente pela aprovação da impopular reforma, praticando a “velha política”, mas que não vai entrar na briga pela obtenção dos votos. Rodrigo Maia entendeu a mensagem e declarou, de agora em diante, fará a “nova política”, assim como Bolsonaro. “Eu concordo com o presidente: é preciso construir uma maioria de uma nova forma. Essa responsabilidade é dele. Quando ele tiver a maioria e achar que é a gora de votar a reforma, ele me avisa e eu pauto para votação. E digo com quantos votos posso colaborar”, declarou Maia, segundo a Folha de S.Paulo.
Logo em seguida, o Ibovespa, que já havia começado o dia em queda livre e depois estabilizado, desceu ainda mais. Às 16h05 desta sexta, o índice registrava baixa de 2,90%, a 93.919,60 pontos. Bem longe dos 100 mil pontos da segunda-feira que haviam traduzido as boas expectativas do mercado com a semana que começava.