O anúncio de novas restrições para barrar a epidemia de covid-19 no Brasil elevou o nível de receio dos investidores, que agora têm perspectivas mais nubladas para a retomada econômica. O aumento das preocupações pesou principalmente sobre ações sensíveis ao retorno da circulação, como CVC (CVCB3) e Cosan (CSAN3), que figuram entre as maiores quedas do Ibovespa.
Por volta das 16h58, o principal índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operava entre perdas e ganhos após passar a maior parte do dia no vermelho. Por outro lado, os papéis de companhias de turismo, shoppings, varejo e logística amargavam as piores baixas do Ibovespa.
Mais cedo nesta quarta-feira (3), o governador de São Paulo, João Doria, anunciou a volta do estado para a fase vermelha, o que implica o fechamento de bares, restaurantes e comércio.
A medida vem depois do Brasil atingir o maior número de mortes já registrado nesta pandemia. De acordo dados do consórcio de imprensa, foram 1.726 mortes nas últimas 24 horas. Entre os estados que tiveram seus maiores níveis de óbitos estiveram Rondônia, Rio Grande do Sul e São Paulo.
“As novas restrições são péssimas para a recuperação da economia e, principalmente, para esses setores mais afetados”, avaliou Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos. “Vemos diversos países já começando uma vacinação mais ativa e no Brasil continuamos nesse cenário bem atrasado.”
Mais restrições, menos movimento
O anúncio de novas restrições, não somente no Estado de São Paulo, mas em diversas localidades do Brasil pressionou companhias sensíveis à recuperação econômica e ao retorno da circulação.
Os papéis da Cosan e da Ultrapar (UGPA3), que integram o setor de distribuição de combustíveis, caem mais de 3% hoje pois novas medidas restritivas significam menos, em tese, menor venda de gasolina, etanol e diesel. As projeções de perda de receita também pesam sobre as ações da BR Distribuidora (BRDT3), que recuam 1,60%.
Já as empresas do setor de turismo são pressionadas pelas estimativas de menor número de viagens. As companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) encolhem mais de 1%, enquanto a CVC despenca mais de 5%, na maior queda do Ibovespa.
Na análise de Luis Sales, contudo, o impacto é mais elevado para companhias que dependem mais da volta à normalidade do que setores mais “diversificados”, como seria o caso das empresas de logística, que ainda atendem segmentos essenciais da economia. “Vemos [um efeito] mais forte em setores estavam mostrando uma recuperação”, ponderou o especialista.