O setor elétrico sustentou o Ibovespa nesta quarta-feira (1º), com Copel (CPLE6) e Eneva (ENEV3) subindo quase 4%, após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciar ontem a nova bandeira tarifária para a conta de luz.
O quarto reajuste do ano representa um aumento de R$ 4,71, cerca de 50%, em relação à bandeira vermelha patamar 2, até então o maior, no valor R$ 9,49 por 100 kWh. As contas de luz ficaram em média 7% mais caras. A ação da Copel reagiu à chamada “bandeira de escassez hídrica” — em vigor a partir de hoje até abril de 2022 — e encerrou em alta de 3,80%, atingindo R$ 7,10. Já a Eneva subiu 4,02%, a R$ 16,30.
As duas empresas e outras companhias do setor elétrico valorizaram muito nesta quarta e contribuíram para sustentar o Ibovespa, abalado hoje pelo fraco resultado do PIB brasileiro e de dados econômicos ruins nos EUA –como o relatório de emprego, cujo resultado veio abaixo da expectativa do mercado, dias antes do anúncio do payroll, sempre no radar dos investidores.
Crise hídrica
A notícia também impulsionou a valorização de Equatorial (EQTL3) e Engie (EGIE3), que avançaram mais de 3%. O destaque, no entanto, ficou com a Light (LIGT3), cujo papel disparou 7,44%.
No fechamento, Eletrobras (ELET6) PNB e (ELET3) ON também mostravam alta, respectivamente, de 2,57% e de 2,79%. O presidente da empresa, Rodrigo Limp, disse nesta quarta que a resolução publicada na terça pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que estabelece os valores de outorga que serão pagos pela estatal no processo de privatização, segue o cronograma previsto, o que para ele é um sinal positivo.
“Os índices de utilities e energia reagiram bem hoje ao aumento de tarifa, o mercado parece ter gostado, para além da questão se veio no nível ou no tempo certo”, diz Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos. “O PIB foi uma surpresa de certa forma, mas o PIB potencial ainda é bem significativo e os resultados das empresas, em boa parte, têm sido excelentes”, acrescenta Brito.
A decisão sobre a bandeira tarifária foi tomada em meio à crise hidrológica que afeta o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, principal fonte geradora de energia elétrica no país. De acordo com o governo federal, é a pior seca em 91 anos. Com as hidrelétricas operando no limite, é preciso aumentar a geração de energia elétrica por meio de usinas termoelétricas, que têm custo mais alto.
Embora tenha vindo em linha com o esperado, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que o patamar é considerado “inferior ao necessário para suplantar o déficit financeiro arcado pelas distribuidoras”, que hoje compram de fontes mais caras.
Segundo o economista, a ideia foi minimizar apreensões sobre uma nova elevação. Apesar disso, a agência reguladora abriu um passivo de risco para frustrações com o regime de chuvas, destacou.
Cotação da Copel e da Eneva nesta terça (31)
Na última terça-feira (31), a ação da Copel fechou em alta de 3,63%, a R$ 6,84, enquanto o papel da Eneva recuou 0,82%, para R$ 15,67.
(Com Agência Brasil)