Em dia de volatilidade, o Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (5) em baixa de 0,50%, aos 126.795,41 pontos, entre a mínima de 126.394,13 e a máxima de 127.432,20. Na semana, o índice acumulou queda de 1,02%. O volume financeiro do dia foi de R$ 20,7 bilhões. No ano, o Ibovespa cai 5,51%.
A primeira semana de abril foi de alternância de perdas e ganhos na B3 em base diária, com a inclinação negativa se impondo ao Ibovespa no intervalo, em meio a sinais de que os juros tendem a demorar um pouco mais a cair nos Estados Unidos, ante economia ainda aquecida, e ruídos domésticos que afetam diretamente a precificação de Petrobras (PETR4), além das incertezas sobre a economia chinesa que pressionam o minério e as ações da Vale (VALE3).
No Brasil, o mercado repercutiu o relatório Payroll de emprego nos Estado Unidos, que mostrou a criação de 303 mil vagas em março, muito acima do consenso de 202 mil. Esse número pode dar sinais sobre um possível atraso no começo da queda dos juros dos Estados Unidos.
Dado mais aguardado da semana, o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em março, com geração de vagas acima do esperado, corrobora a impressão de que a maior economia do mundo se mantém aquecida. Essa percepção, com efeito para a precificação do momento em que os juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começarão a cair, deu gás a novo avanço dos rendimentos dos Treasuries – ainda assim, os índices de ações também subiram nesta sexta
“A queda de juros nos Estados Unidos deve vir neste ano, mas pode ser que não no primeiro semestre. O adiamento do momento de queda dos juros pode desanimar os investidores de curto prazo. Porém, para os de longo prazo, é momento para se posicionar em boas empresas que estão em promoção”, diz a analista-chefe da Money Wise Research, Cleide Rodrigues.
Efeito Petrobras no Ibovespa
Além disso, o Ibovespa hoje repercutiu as notícias envolvendo a Petrobras (PETR4), com a possibilidade de mudanças de comando e aprovação dos dividendos.
Hoje, a estatal fechou sessão com as ações preferenciais em alta de 1%, cotadas a R$ 38,26. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) tiveram queda de 0,36%, a R$ 39,26. Os contratos futuros do petróleo Brent, usados como referência global, para junho registraram avanço de 0,57%, alcançando US$ 91,17 na Intercontinental Exchange (ICE).
Os investidores seguem monitorando os sinais de desgaste do presidente da estatal, Jean Paul Prates, junto ao governo. No início da próxima semana, deve haver o aguardado encontro entre Prates e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria irritado com a disputa pública entre o dirigente e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Prates, contudo, teria a seu favor, para permanecer no cargo, o apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teria olhar para o bom desempenho financeiro e operacional da empresa na atual gestão.
Uma solução de compromisso, de distribuição parcial dos dividendos extraordinários que haviam sido retidos na Petrobras, estaria sendo articulada dentro do governo. Após a divulgação que veio a ser desautorizada ainda na quinta-feira, de que 100% do valor retido seria liberado, trabalha-se com a ideia de uma liberação parcial, de 50%.
Em fritura pública, Prates faltou à reunião extraordinária do Conselho de Administração na tarde desta sexta-feira. Mas a distribuição de dividendos extraordinários não esteve na pauta do encontro, segundo a Petrobras – que acrescentou que Prates deixou voto sobre a troca de gerências consignado com o secretário-geral. Segundo a empresa, no mesmo horário, Prates tinha outras reuniões – por isso, ausentou-se do encontro do conselho.
Cogitado desde a quinta-feira para o lugar de Prates na Petrobras, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, pode parar na presidência do Conselho de Administração da estatal, disseram ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) fontes com conhecimento do assunto. O desdobramento inesperado contribuiu para firmar sinal positivo nas ações da empresa, não sustentado ao fim.
O arranjo estaria sendo construído nas últimas horas com o intuito de liberar o atual presidente da Petrobras para focar no operacional, enquanto Mercadante ocuparia assento no conselho para mediar conflitos entre a diretoria e demais integrantes indicados pelo governo. Se for à frente, a solução representaria uma reviravolta: Mercadante substituiria não Prates, mas Pietro Mendes, secretário-executivo de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia – e braço direito de Alexandre Silveira, um dos pivôs da crise.
Apesar do ambiente repleto de incertezas, o mercado elevou o otimismo sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A avaliação se divide entre alta (60%) e estabilidade (40%) em relação ao comportamento do Ibovespa na próxima semana, sem nenhuma resposta indicando baixa. Na pesquisa anterior, 40% previam que o índice fecharia esta semana com ganhos, outros 40%, com variação neutra, e 20% restantes, com perdas.
Na contramão, a Vale (VALE3) amargou uma baixa de 1,09%, cotada a R$ 59,71.
A maior alta do Ibov é de IRB (IRBR3), +13,08% a R$ 42,10, seguida por Vibra (VBBR3), +1,93% a R$ 25,37 e Petrobras.
Na ponta negativa, PetroReconcavo (RECV3) lidera as perdas do índice Bovespa com -4,32% a R$ 21,05, seguida por Magazine Luiza (MGLU3), com -3,95% a R$ 1,70.
Em direção oposta ao Ibovespa, Bolsas de NY sobem
As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam em alta:
- Dow Jones: +0,80%, aos 38.904,04 pontos;
- S&P 500: +1,11%, aos 5.204,34 pontos;
- Nasdaq: +1,24%, aos 16.248,52 pontos.
As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta sexta-feira, após comentários de dirigentes do Federal Reserve alimentarem temores de que o Fed poderá adiar cortes de juros e derrubarem Wall Street ontem.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho, também sob o peso das dúvidas sobre os juros dos EUA. O S&P/ASX 200 caiu 0,56% em Sydney, a 7.773,30 pontos.
As bolsas europeias encerraram a sessão em queda, impactadas pela trajetória dos juros após o relatório de empregos nos Estados Unidos. O índice DAX em Frankfurt caiu 1,30%, fechando aos 18.163,94 pontos. Enquanto isso, o FTSE 100 em Londres registrou uma queda de 0,92%, encerrando o dia com 7.902,88 pontos. Em Paris, o CAC 40 também apresentou uma diminuição de 1,16%, atingindo os 8.056,68 pontos. O índice Stoxx 600 caiu 0,88%, fechando aos 506,32 pontos.
O Dólar à vista fecha em alta de 0,29%, a R$ 5,0654, após oscilar entre R$ 5,0302 e R$ 5,0744
Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o mercado doméstico reagiu ao dados de emprego nos Estados Unidos, com o Payroll vindo acima das expectativas, demonstrando resiliência na economia americana.
“O mercado de trabalho ainda está aquecido, e que pode se refletir na inflação nos EUA, e indicar menos cortes de juros por parte do Fed (Federal Reserve). Com a economia americana ainda aquecida, a bolsa reagiu positivamente por lá”, explica Fernandes.
Apesar disso, diz Fernandes, as apostas ainda se concentram para uma queda de juros em junho/julho nos EUA. As atenções agora se voltam para os dados do PCE (índice de preços de gastos com consumo) de março, que será divulgado no fim de abril, indicador preferido do Fed para acompanhar a inflação.
Por aqui, entre as maiores quedas do Ibovespa, os Magazine Luiza refletiu uma expectativa menor da Selic terminal com a dúvida de quando o Fed vai começar a cortar os juros. A PetroReconcavo segue em queda com as negociações de Enauta (ENAT3) e 3R Petroleum (RRRP3) para uma fusão, e por fim Rede D’Or (RDOR3) em uma correção técnica devolvendo boa parte dos ganhos da semana, informa Fernandes.
“Entre as altas temos as ações da IRB Resseguradora refletindo a recomendação de compra por parte do Citi, BR Foods seguindo o bom momento do setor com expectativas de resultados cada vez melhores, e por fim Vibra Energia recuperando parte da queda de março, mas sem muitas novidades”, pontua o analista.
Sobre o câmbio, o dólar sobe puxado pelos dados fortes do Payroll e a alta das treasuries que negociam nas máximas do ano.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (04) em leve alta de 0,09%, aos 127.427,53 pontos.
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