Ibovespa fecha em baixa, aos 122 mil pontos; Vale (VALE3) e grandes bancos impulsionam a queda
O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (29) em queda de 0,87%, em 122.707,28 pontos, menor pontuação do ano. O índice colhe perdas em oito das últimas dez sessões, no intervalo que corresponde à segunda quinzena de maio. A variação negativa do índice acionário brasile de hoje iro acompanhou os indicadores norte-americanos, que também fecharam no vermelho, e foi impulsionada pelas ações da Vale (VALE3), dos grandes bancos e das companhias aéreas.
Durante a sessão, o índice Bovespa oscilou entre a mínima de 122.457,54 pontos e a máxima de 123.780,47 pontos. O volume financeiro do dia foi de R$ 19 bilhões.
Na semana, o índice acumula perda de 1,29%, após revés de 3% ao longo da anterior, que foi a sua pior semana desde a de 20 a 24 de março de 2023. Em maio, cede até agora 2,55%, elevando o revés no ano a 8,55%.
O dólar à vista fechou em alta de 1,06%, a R$ 5,2084, após oscilar entre R$ 5,1675 e R$ 5,2138. “O dólar segue o fluxo de saída, não só do Brasil mas de países emergentes de uma forma geral, o que mantém a moeda trabalhando entre R$ 5,00 e R$ 5,20″, explica Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Acompanhando a variação negativa do minério de ferro na China, as ações da Vale (VALE3) mantiveram a tendência de queda das últimas sessões e contribuíram para a variação negativa do Ibov. Os papéis da mineradora fecharam em baixa de 1,02%, a R$ 63,24.
Já os papéis da Petrobras fecharam em direção incerta: Petrobras ON (PETR3) subiu 0,51%, a R$ 39,58, e Petrobras PN (PETR4) recuou 0,11%, a R$ 37,76.
A oscilação das ações da petrolífera acontece em meio à queda das cotações do petróleo, pressionada pela alta do dólar em relação a outras moedas e pelo aumento dos estoques de óleo bruto nos Estados Unidos. Durante a sessão desta quarta-feira, o contrato do Brent para agosto caiu 0,61%, a US$ 83,43 por barril, na ICE. O WTI para julho recuou 0,75%, a US$ 79,23 por barril, na Nymex.
Os grandes bancos também caíram em bloco e contribuíram para a baixa do índice acionário. Os papéis preferenciais do Bradesco (BBDC4) recuaram 1,01%, a R$ 12,79, enquanto as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) caíram 0,70%, a R$ 31,35. As units do Santander (SANB11) também fecharam no vermelho: -0,82%, a R$ 27,71. Já as ações do Banco do Brasil (BBAS3) se mantiveram estáveis, sem variações.
Além disso, as ações das companhias aéreas também aparecem entre as principais variações negativas do dia. As ações da Gol (GOLL4) lideraram as perdas do Ibovespa, com um recuo de 10,16%, a R$ 1,15. Os papéis da Azul (AZUL4) também aparecem entre os destaques negativos, com baixa de 3,63%, a R$ 9,28.
A queda dos papéis das empresas ocorre em meio a novas movimentações entre as duas aéreas. Em entrevista à Reuters, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, informou que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi avisado sobre acordo de codeshare entre as companhias. O anúncio é visto pelo mercado como uma sinalização para uma possível fusão entre Azul e Gol, o que não foi confirmado pelas empresas.
Bolsas nos EUA caem com incertezas econômicas
O mercado norte-americano acompanhou nesta quarta-feira a divulgação do Livro Bege, relatório que reúne avaliações de empresários e especialistas para embasar as decisões de política monetária, pelo Federal Reserve (Fed). De acordo com o material, a atividade econômica nos Estados Unidos continuou se expandindo entre o início de abril a meados de maio.
No entanto, as condições de crescimento variaram entre setores e distritos do país, com a maior parte das regiões registrando crescimento “leve ou moderno”. “As perspectivas gerais ficaram um pouco mais pessimistas, em meio a relatos de crescente incerteza e maiores riscos de baixa”, destacou o relatório.
“No dia de divulgação do livro bege dos EUA, que mostra um resumo do cenário macro econômico do país, o dado trouxe a informação de que a expansão da economia continua forte, nada de diferente do que vemos representados na divulgação de dados como CPI e PPI, o que faz com que cada vez mais, a possibilidade de apenas um corte ou até mesmo nenhum corte na taxa de juros nos EUA em 2024 ganhe força. Mas não acredito que esse dado tenha trazido qualquer tipo de surpresa para o mercado”, diz o sócio da GT Capital.
Em meio a este cenário, as bolsas norte-americanas encerraram o pregão no vermelho: a Dow Jones fechou em queda de 1,06%, a 38.441,54 pontos; o S&P500 perdeu 0,74%, a 4.266,98 pontos; a Nasdaq recuou 0,58%, a 16.920,58 pontos.
Além disso, o mercado estadunidense aguarda ainda a divulgação de importantes dados econômicos: o Produto Interno Bruto (PIB), na quinta-feira (30), e o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), na sexta-feira (31).
“Prevaleceu a aversão a risco hoje também no exterior, o que se refletiu nos ativos domésticos. Lá fora, houve forte inclinação nas curvas de juros, com pressão altista em grande parte das curvas globais, ainda que não tenham emergido, hoje, grandes catalisadores do ponto de vista dos fundamentos econômicos”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.
“Chama atenção, desde ontem, a fraca demanda em leilões de títulos americanos, o que tem resultado em pressão especialmente na ponta mais longa da curva, neste segundo dia consecutivo de abertura das taxas de juros lá fora”, acrescenta o economista, destacando, como consequência desse efeito na curva de juros americana, a apreciação do dólar, globalmente, e a mão pesada sobre a Bolsa. “O pano de fundo global continua a dar o tom local para os negócios, e não só aqui no Brasil – que permanece, assim, nesse padrão mais negativo”, observa Ashikawa.
“Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano seguem subindo, após leilões fracos e comentários de dirigentes do Federal Reserve reforçarem as expectativas de manutenção das taxas de juros elevadas por um período prolongado”, aponta em nota a Guide Investimentos.
Maiores altas e baixas do Ibovespa
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Último resultado do Ibovespa
O Ibovespa encerrou o pregão da última terça-feira (28) em queda de 0,58%, a 123.779,54 pontos.