Ibovespa cai 0,46% com inflação e recua na semana; Magazine Luiza (MGLU3) e varejistas lideram perdas. Itaú (ITUB4) sobe

O Ibovespa fechou em queda de 0,46%, em 127.599,57 pontos, nesta sexta-feira (10), entre a mínima de 127.466,58 e a máxima de 129.021,93. Na semana, o índice caiu 0,71%. O volume financeiro do dia foi de R$ 22,8 bilhões. No mês, o Ibovespa avança 1,33% neste primeiro terço, limitando a perda do ano a 4,91%.

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Os balanços trimestrais continuaram a impactar o mercado acionário brasileiro, mas não foram os únicos fatores em jogo. Hoje, os investidores reagiram à divulgação do IPCA, a inflação oficial do país, especialmente após o Copom ter tomado uma decisão dividida sobre os juros, cortando 0,25 ponto percentual da taxa Selic – com preocupações sobre a alta de preços até o final de 2024.

O IPCA, que é a principal referência de inflação, teve um avanço acima do esperado em abril, afastando as perspectivas de desaceleração dos preços.

A decisão muito dividida do Copom, na noite de quarta-feira, veio em momento de preocupação com os impactos da catástrofe natural no Rio Grande do Sul tanto sobre os preços de alimentos como o arroz, no curto prazo, como quanto ao efeito, mais duradouro, nas contas públicas federais. Esforço financeiro precisará ser empreendido na reconstrução do Estado e no auxílio a famílias e empresas: algo longe de ser quantificável com as águas ainda altas, em momento no qual o esforço se mantém concentrado, naturalmente, no salvamento e no acolhimento da população.

“O mercado não assimilou bem a divergência de opiniões no Copom, a divisão interna, que se refletiu ainda hoje na fraqueza da Bolsa”, diz Felipe Moura, analista da Finacap, contrapondo que a temporada de resultados trimestrais de empresas brasileiras foi em geral positiva, mas que o cenário macro, inclusive dos Estados Unidos, tem sido a palavra final na orientação dos negócios.

Dessa forma, a leitura relativamente benigna do IPCA de abril – acima do esperado para o mês, porém com composição favorável – foi recebida desde a manhã como dado de retrovisor, sem impacto no apetite por risco, à frente de uma próxima semana em que as atenções estarão voltadas, na terça-feira, para a ata do Copom e, no dia seguinte, para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI de abril.

Além disso, no cenário internacional, as expectativas em relação aos cortes dos juros nos Estados Unidos geraram incertezas e impactaram os índices, especialmente com o fim da temporada de balanços.

Nos Estados Unidos, em entrevista à Bloomberg, a diretora do Federal Reserve Michelle Bowman afirmou que não considera apropriado o BC americano vir a reduzir juros ainda em 2024, apontando como fator adverso a inflação persistente nos primeiros meses deste ano. Em evento, ela também defendeu que o Fed se mantenha “cauteloso” enquanto busca fazer com que a inflação convirja para a meta de 2% ao ano.

Dos pesos pesados, a Petrobras (PETR4) fechou sessão com as ações preferenciais em queda de 0,14%, cotadas a R$ 41,61. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) também tiveram queda de 0,76%, a R$ 44,13.  A Vale (VALE3) caiu 0,34%, cotada a R$ 64,29.

Poucos entre os principais carros-chefes do Ibovespa conseguiram evitar perda nesta última sessão da semana, com destaque para Itaú (ITUB4, +1,15%), que avançou 1,40% em relação ao fechamento da sexta-feira anterior. Foi a exceção positiva em uma semana ruim para as ações de grandes bancos, que chegaram a acumular revés de 4,32% (Bradesco ON) no mesmo intervalo. Hoje, Bradesco cedeu 0,08% (BBDC3) e 0,59% (BBDC4), enquanto Santander (SANB11) também fechou em baixa de 0,59%, na mínima do dia. Por outro lado, Banco do Brasil (BBAS3) limitou a perda da semana a 2,13%, ao avançar 1,77% na sessão.

Os contratos do petróleo Brent, com vencimento em julho, encerraram o dia com queda de 1,30%, a US$ 82,79 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres. 

A maior alta do Ibov hoje foi da Aliansce Sonae (ALOS3), +3,25% a R$ 21,26. Rumo (RAIL3), +2,98% a R$ 21,07, e Alpargatas (ALPA4), + 2,71 a  R$ 10,23, completam o top-3.

Na ponta negativa do índice Bovespa, Magazine Luiza (MGLU3), que reportou seu balanço, vem com queda de -8,38% a R$ 1,53 A lista de maiores quedas ainda conta com Cogna (COGN3), -5,53% a R$ 2,05, e Localiza (RENT3), queda de -5,43 a R$ 46,86.

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 10, em alta moderada, mas acima da linha de R$ 5,15 no fechamento pela primeira vez em maio. Após máxima a R$ 5,1608 à tarde, em momento de mais estresse no mercado de Treasuries, a moeda encerrou o pregão em alta de 0,30%, cotada a R$ 5,1583. Na semana, a divisa acumulou valorização de 1,75%. No mês, ainda recua 0,65%.

Em dia de queda no Ibovespa, Bolsas de NY fecham mistas

As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam alta hoje:

  • S&P 500: +0,16%, aos 5.222,67 pontos;
  • Dow Jones: +0,32%, aos 39.512,32 pontos;
  • Nasdaq: –  0,03%, aos 16.340,87 pontos.

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta sexta-feira (10), acompanhando ganhos em Wall Street que vieram em meio a esperanças renovadas sobre cortes de juros nos EUA.

Na Oceania, a bolsa australiana foi também favorecida por Wall Street. O S&P/ASX 200 avançou 0,35% em Sydney hoje, a 7.749,00 pontos, ajudado pelo bom desempenho de ações de bancos.

O dólar à vista fecha em alta de 0,30%, a R$ 5,1583,  após oscilar entre R$ 5,1187 e R$ 5,1608. Na semana, moeda acumulou ganho de 1,75%.

Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje

O que movimentou o mercado hoje?

Hoje, o índice bovespa cai após divulgação de dados do IPCA. Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, boa parte da queda de hoje ainda está refletindo a decisão dividida do Copom, colocando maior incerteza quanto ao rumo das expectativas de inflação. 

“Hoje vemos novamente a inflação implícita subindo, e isso está sendo refletido nos juros futuros, que também sobem, e acaba derrubando a bolsa”, explica Fernandes. 

Apesar de um IPCA levemente acima do esperado, o dado mostrou evolução nos núcleos, diz Fernandes, com os serviços subjacentes caindo. “Caso o item de serviços subjacentes siga desacelerando, e o IPCA em si siga comportado e siga convergindo para a meta de inflação do BC, acredito que poderemos voltar a ter cortes de -0,50% na Selic se o cenário externo colaborar com isso”.

“Há ainda uma preocupação em relação às contas públicas, visto que ainda não sabemos o prejuízo em relação à tragédia no RS, além de uma inflação mais persistente nos alimentos, já que o RS é um grande produtor”, acrescenta Fernandes. 

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As quedas de hoje refletem o pessimismo do mercado quanto à decisão do Copom por um corte de -0,25%. Com isso, as ações mais sensíveis a mudanças no ciclo de corte de juros, no caso Magalu, Locaweb e Cogna, que fazem parte de setores que sofrem com um juros mais altos do que o esperado, caem.

Entre as principais altas do ibov, temos as ações da Alpargatas e Rumo Logística, que divulgaram bons números em seus balanços, batendo algumas estimativas. E as ações da Minerva, que após divulgar números fracos nos últimos dias, tem agora uma correção técnica após mais de 9% em abril na contramão da JBS que subiu mês passado. 

“Juros futuros e dólar sobem muito com as incertezas quanto à inflação no futuro, visto que o Copom teve uma decisão dividida. Assim, o mercado passa a colocar no preço um Banco Central mais dovish em 2025, e isso está puxando a inflação implícita e, principalmente, a curva longa do juros”, conclui Fernandes. 

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (09) em queda de 1%, aos 128.188,34 pontos.

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Vinícius Alves

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