Ibovespa cai 0,36%, aos 128,5 mil pontos, descolado de NY; Gol (GOLL4) derrete 33,6%, Itaú (ITUB4) recua e Petrobras (PETR4) sobe

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (29) em queda de 0,36%, aos 128.502,66 pontos. A mínima foi de 127.852,82 pontos, enquanto a máxima foi de 129.068,28 pontos. O volume financeiro somou R$ 15,7 bilhões neste pregão.

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Após duas sessões de recuperação moderada – a única sequência positiva desta segunda quinzena de janeiro -, o Ibovespa volta a ceder terreno neste início de semana de decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Faltando ainda a terça e quarta-feira para o fechamento do mês, o Ibov acumula, até aqui, perda de 4,23%.

O Ibovespa hoje se descolou das Bolsas de Nova York, que fecharam o dia em alta:

  • Dow Jones: +0,59%, aos 38.332,93 pontos;
  • S&P500: +0,76%, aos 4.927,91 pontos;
  • Nasdaq: +1,12%, aos 15.628,04 pontos.

Com Vale (VALE3), queda de 0,47%, e os grandes bancos – Itaú (ITUB4) -0,52%, Bradesco (BBDC4) -0,90% – em contraponto a ganhos em Petrobras (PETR3, +0,95%, PETR4 +1,53%), o Ibovespa chegou a ceder os 128 mil pontos, atingindo 127.852,82 na mínima do dia. Mas limitou as perdas em direção ao fechamento, acompanhando os respectivos movimentos dessas blue chips – com melhora em Petrobras e redução do ajuste negativo especialmente em Vale -, e em encerramento de sessão muito positivo em Nova York, com Nasdaq (+1,12%) à frente.

Leandro Petrokas, analista de investimentos, diretor de research e sócio da Quantzed, destaca a Gol (GOLL4) entre as maiores quedas do Ibovespa hoje, despencando 33,62%, depois de anunciar uma dívida de R$ 20 bilhões até dezembro de 2023. O BB Investimentos cortou o preço alvo do papel, com a recomendação passando de compra para venda.

“A semana começa com gosto amargo, mas tem muita coisa ainda para acontecer, com decisões de política monetária, aqui e fora na quarta, Copom e Fed; na quinta, Banco da Inglaterra. É natural a volatilidade e aversão a risco nesse início de semana”, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, enfatizando o rombo fiscal de 2023, anunciado nesta segunda-feira pelo Tesouro, que chega em momento no qual ainda pairam dúvidas sobre o grau de descumprimento da meta de déficit zero para 2024.

A Suzano (SUZB3) recua diante do rebaixamento do Morgan Stanley para venda, colocando um preço alvo de R$ 47, cerca de 21,67% menor que o preço alvo anterior, que era de R$ 60. Conforme destaca o relatório, os preços da celulose alcançaram o pico e podem iniciar movimento de queda em fevereiro de 2024.

Entre os segmentos da B3, Spiess, da Empiricus, destaca em especial a queda do setor metálico nesta segunda-feira. “No caso dessa cobrança de outorgas da Vale pelo governo, parece haver um certo revanchismo, o que se acresce às preocupações sobre o setor imobiliário chinês, que afeta o segmento metálico como um todo”, acrescenta o analista. Nesta segunda-feira, além de Vale, o dia foi negativo para outros nomes do segmento, com Gerdau (PN -2,20%) à frente.

O governo federal cobra R$ 25,7 bilhões da mineradora por renovação de concessões ferroviárias durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro – dias depois de o Planalto ter feito um recuo tático quanto à indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a presidência executiva ou, ao menos, o conselho de administração da mineradora. Em outro desdobramento negativo, a Justiça de Hong Kong determinou a liquidação da gigante chinesa do setor imobiliário Evergrande, o que pressionou o setor de mineração e de siderurgia nesta abertura de semana.

As ações de Casas Bahia (BHIA3) caem, segundo Petrokas, pela “falta de interesse do mercado no nome, com juros subindo e relatório do Citi dizendo que o case é um investimento desafiador”.

No campo positivo do Ibovespa hoje estão as ações do Assaí (ASAI3), que avançam na contramão de alguns nomes, como Pão de Açúcar (PCAR3) e Carrefour (CRFB3). O especialista explica que como o modelo de atacarejo é “bem-visto pelo mercado”, a observação é de que “há um rotation de fluxo para ASAI, sem notícias específicas envolvendo o case no dia de hoje”.

São Martinho (SMTO3) vem passando por movimento técnico de recuperação no preço dos papéis, depois de uma baixa de 35% entre setembro de 2023 e início de janeiro deste ano.

Enquanto isso, as ações da Hypera (HYPE3) se valorizam com o Itaú BBA reiterando a sua recomendação de compra para os papéis, colocando um preço alvo de R$ 40.

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) registravam ganhos após a notícia de aumento de capital privado de até R$ 1,25 bilhão para reforçar seu caixa. A ação chegou a abrir em forte alta de 7%, mas devolveu todos os ganhos durante a sessão, fechando em baixa de 0,48%.

Maiores altas do Ibovespa

  • Assaí (ASAI3): +4,78%
  • Hypera (HYPE3): +2,80%
  • Raízen (RAIZ4): +1,87%
  • Totvs (TOTS3): 1,78%
  • Petrobras PN (PETR4): +1,53%

Maiores quedas do Ibovespa

  • Gol (GOLL4): -33,62%
  • Casas Bahia (BHIA3): -4,71%
  • Suzano (SUZB3): -3,99%
  • CVC (CVCB3): -3,26%
  • Carrefour (CRFB3): -3,18%

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Conforme explica Leandro Petrokas, a Bolsa de Valores cai em início de semana marcado pelo anúncio de vários dados econômicos, incluindo decisão do Copom e do Fed, nos Estados Unidos.

“Na semana passada, por aqui, foi divulgado o IPCA-15, que veio abaixo das expectativas do mercado. Isso deve ajudar, na minha opinião, o Copom a seguir o plano de cortes de 0,5% nas próximas 3 reuniões”, afirma o especialista.

Petrokas ainda acredita que o Copom deve reforçar a sua preocupação diante do cenário no exterior, com 3 conflitos acontecendo mundo afora, sobretudo com o aumento dos custos do frete e dos problemas no Mar Vermelho.

“Acredito que alguma menção deva surgir no comunicado do lado interno, com um olhar especial ao fiscal com a divulgação de números ruins (déficit acima de 230 Bi em 2023). Na minha visão, se o executivo não apresentar propostas robustas e negociar com o legislativo a aprovação das mesmas, podemos ver uma deterioração rápida das expectativas e um eventual stress na curva de juros (DIs) nas próximas semanas. Isso poderia pressionar o Banco Central nas futuras reuniões do Copom”.

No mercado internacional, se observou um aumento relevante das dúvidas sobre qual será o posicionamento do Fed. As apostas mostram o mercado acreditando na manutenção da atual taxa de juros nos EUA no patamar de 5,25-5,50%, enquanto a perspectiva para o primeiro corte ficou para as reuniões de março ou maio de 2024.

“O comunicado do Fed após a decisão de 31/01 deve ser muito importante para eventuais sinalizações para as próximas reuniões. Aqui cabe ressaltar que membros do FED, como Waller e Mester já apresentam falas mais duras (ou Hawk) em eventos ou coletivas nas últimas semanas.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (26) em alta de 0,62%, aos 128.967,32 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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