Ibovespa cede 1,86% com nova cepa do coronavírus e ruído político interno
O Ibovespa não resistiu ao mau-humor dos investidores, que ligaram o modo aversão ao risco no exterior e também no Brasil.
Os investidores iniciaram a sessão impondo fortes perdas ao Ibovespa com o mau-humor nos mercados provocado pelas incertezas envolvendo a nova mutação do coronavírus que foi identificada no Reino Unido. Na abertura, o índice afundou mais de 3,2 mil pontos.
No radar, estava a fala do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que informou que a nova variedade do vírus era até 70% mais infecciosa. A informação renovou as dúvidas sobre a retomada da economia, eficácia da vacina e a movimentação de pessoas com a Europa fechando a fronteira ao país.
O mercado aliviou o sentimento negativo à tarde com a fala da Organização Mundial da Saúde (OMS) que disse ver com normalidade a mutação e que isso não deveria afetar as vacinas em produção. Ainda no ambiente internacional, democratas e republicanos parecem estar perto de aprovar o novo pacote de estímulos dos Estados Unidos de US$ 900 bilhões (cerca de R$ 4,5 trilhões).
Para Regis Chinchila, gerente de renda variável da Terra Investimentos, as falas da OMS fizeram o mercado melhorar, com a percepção de que as vacinas continuam eficazes. “Mas a cautela permanece, porque os investidores ainda não conseguem medir o impacto na economia da Inglaterra com novo lockdown”, afirmou.
Já em Brasília, o clima azedou com Rodrigo Maia (DEM-RJ) elevando o tom com o governo, pressionando o Ibovespa na hora final do pregão. Maia discutiu com o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), e se negou a retirar da pauta uma proposta que aumenta os repasses da União para municípios. A medida eleva em 1% as transferências da União para o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
“É uma notícia ruim para o governo e gerou algum desconforto no final dos negócios, levando o Ibovespa a voltar ao patamar dos 115 mil pontos. Mas as bolsas de Nova York, que persistiram como principal referência dos negócios hoje, também mostraram piora nesse período”, descreveu um operador.
Destaques do Ibovespa
Repetindo um movimento que ocorreu em outras ocasiões de estresse por conta da covid-19, papéis do setor de turismo lideraram as perdas, com a Gol (GOLL4) recuando -4,8%. O receio de mais restrições e queda na movimentação de pessoas pesou sobre o preço do petróleo hoje, pressionado a cotação da Petrobras (PETR4), que recuaram mais de 3%.
Ainda nas commodities, o salto de 7% do minério de ferro na China amenizou a pressão vendedora sobre ações da Vale (VALE3) e de siderúrgicas, ajudando a amenizar as perdas do Ibovespa.