Ibovespa cai com desconforto sobre tarifas; Petrobras (PETR4) recua com temor de interferência do governo
O Ibovespa fechou nesta segunda-feira (7) em queda de 1,31%, aos 125.588,09 pontos, após grande volatilidade: mínima aos 123.876,24 pontos (-2,66%) e máxima aos 128.410,57 pontos (+0,91%). O giro financeiro foi acima da média, a R$ 43,7 bilhões.

As negociações do dia foram movidas pelo desconforto com a política tarifária dos Estados Unidos, que continuou durante a tarde. O presidente dos Estados Unidos, chegou a ameaçar lançar uma tarifa de 50% para a importação de produtos chineses, caso o país asiático não recue da tarifa de 34%, a mesma proposta pelos norte-americanos.
O mercado oscilou tanto pela tese de que uma eventual guerra comercial entre EUA e China traria consequências nocivas para a economia global quanto pelo alto grau de incerteza que ainda permeia o assunto. Investidores comentam que o mercado parece estar “à deriva” e negociando em torno de ruídos, sendo que por ora a aversão a risco predominou, levando o principal índice da B3 a cair pelo terceiro pregão consecutivo.
O Ibovespa também foi pressionado pela queda nas ações da Petrobras, que chegou a 5,57% nas ações ordinárias (PETR3) e ficou em 3,97% nas preferenciais (PETR4). O recuo foi puxado pela queda do barril de petróleo e por notícia da CNN Brasil de que o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, teria apresentado à estatal argumentos para reduzir o preço dos combustíveis, em especial do diesel, jogando novamente luz ao risco de interferência do governo na Petrobras.
“A volatilidade, mesmo com um volume financeiro alto, é porque o mercado ainda tem dúvidas. É difícil conseguir desenhar qualquer cenário, porque ainda tem possibilidade de renegociações sobre as tarifas. A impressão é de que todo mundo está meio à deriva: não tem um direcionamento de para onde vai. O mercado está refém de notícias”, avalia o analista de ativos da corretora Monte Bravo, Bruno Benassi.
A alta pontual esboçada pelo Ibovespa, durante a manhã, veio na esteira do rumor de que o governo americano suspenderia por 90 dias as tarifas de importação para todos os países, com exceção da China. Mas logo em seguida a Casa Branca desmentiu a informação e, assim, o índice se firmou no negativo desde o começo da tarde.
Considerando a negativa da Casa Branca, o mercado entende que no cenário de curtíssimo prazo a política tarifária será aplicada, segundo o head de Renda Variável na W1 Capital, Tales Barros. “Com a imposição de tarifas, a expectativa é de que o crescimento da economia global será potencialmente menor, com risco de uma reação em cadeia dos 185 países taxados, e a inflação será maior. Então tudo isso tem servido a uma movimentação de aversão a risco global”, explica.
Ibovespa: altas e baixas do dia
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Bolsas americanas e europeias também em queda
As bolsas de Nova York fecharam em queda pela terceira sessão consecutiva nesta segunda-feira, também puxadas pelas declarações de Trump. O Dow Jones caiu 0,91%, aos 37.965,60 pontos; o S&P 500 cedeu 0,23%, aos 5.062,25 pontos; e o Nasdaq destoou com alta de 0,10%, aos 15.603,26 pontos.
Na semana passada, os três índices anotaram seu pior desempenho semanal desde o auge da crise da covid-19, no início de 2020, levantando preocupações sobre uma possível recessão da maior economia do planeta que possa contaminar a atividade econômica global.
Na sessão desta segunda, a Apple caiu 3,67%, para US$ 181,46. A ação perdeu 13,6% na semana passada, em sua pior semana desde março de 2020. A maioria dos produtos da Apple são montados na China, que retaliou os EUA na sexta-feira.
“As tarifas alimentaram o medo de uma possível recessão, o que provavelmente levaria a uma redução na demanda por empréstimos e mais inadimplências”, disse Gene Goldman, diretor de investimentos do gestor de patrimônio Cetera Financial Group.
Na Europa, as bolsas da Europa também encerraram em forte queda, refletindo o aumento da aversão ao risco em meio ao risco de escalada da guerra comercial. Em Londres, o FTSE 100 recuou 4,38%, aos 7.702,08 pontos. Em Paris, o CAC 40 caiu 4,78%, para 6.927,12 pontos, enquanto o Ibex 35, de Madri, despencou 5,12%, aos 11.785,80 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 recuou 5,63%, a 6.262,28 pontos. Já o FTSE MIB, de Milão, teve perda de 5,18%, aos 32.853,98 pontos.
O DAX, principal índice da bolsa de Frankfurt, cedeu 4,26%, para 19.761,89 pontos. Pela manhã, o índice chegou a cair 10%, recuperou parte das perdas e chegou a operar brevemente no campo positivo antes de voltar a recuar. Analistas destacam que a Alemanha está entre os países mais expostos às tarifas de Trump, devido à sua elevada integração comercial com os EUA e sua relação com setores automotivos.
Com Estadão Conteúdo