O Ibovespa intensificou as perdas na manhã desta quarta-feira (3), na contramão do exterior que tem um cenário mais limpo, mesmo com uma nova alta das Treasuries. Os investidores internos voltam suas atenções à agenda política de hoje, que deve votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial.
Por volta das 13h35, o Ibovespa recuava 2,13%, para 109.167 pontos. O tema fiscal é relevante pois a PEC tratará das contrapartidas e cortes de gastos para a renovação do auxílio emergencial. Os congressistas discutem medidas para respeitar o teto de gastos.
A incerteza levantada pelos agentes do mercado é refletida nos contratos de juros futuros, com a inclinação da curva nesta manhã. A taxa para janeiro de 2022 sobe 3,10%, para 3,98%. O juro mais longo, de janeiro de 2027, dispara 3,47%, para 8,36%.
“O problema central é a confiança! Até mesmo a taxa básica de juros (Selic) muito baixa, com rendimento real negativo, torna o nosso mercado menos atrativo diante do risco fiscal e isso traz volatilidade no câmbio e no juros”, diz José Falcão, especialista em renda variável da Easynvest.
O especialista afirma que “o mercado perdeu as esperanças na agenda liberal do governo e se assusta a cada pronunciamento do presidente, que implique intervenção política”.
Nesta manhã, as atenções foram voltadas à divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado. A queda no acumulado anual foi de 4,1%, contra uma expectativa de analistas por uma baixa de 4,2%. Em comparação ao terceiro trimestre, a economia cresceu 3,2%.
Essa foi a maior queda anual desde 1996, mas inferior à esperada por órgãos públicos e internacionais em meados do ano passado.
Embora sejam dados ultrapassados, serve como um balizador sobre as expectativas para este ano. “Para projetar o PIB de 2021 é olhar um pouco a situação atual, e acompanhar o desenvolvimento da vacinação. Esse aspecto tem grande impacto na confiança dos investidores, que é o que tem pegado nas últimas semanas”, afirma Thomas Giuberti, sócio e economista da Golden Investimentos.
O que sobe e o que cai no Ibovespa
- CSN (CSNA3) sobe 2,04%, com o bom momento das siderúrgicas. Usiminas (USIM5) opera estável, com baixa de 0,06%.
- Vale (VALE3), maior posição do Ibovespa, sobe 0,05%, impedindo uma maior queda do índice.
- Cyrela (CYRE3) cai 6,31%, ampliando as perdas do setor nas últimas semanas. O mercado precifica um aumento na taxa de juros, o que pode prejudicar o setor imobiliário.
- Pão de Açúcar (PCAR3) recua 5,97%, ampliando as perdas dessa semana. A baixa é de mais de 60%, após a cisão do Assaí (ASAI3), que subiu quase 400% na estreia.
- CVC (CVCB3) recua 5,55%, com o avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no País.
- Petrobras (PETR4) toma 3,96%, após a saída de conselheiros. A queda acumulada neste ano é de 27%.
“O número de mortos bateu novo recorde ontem, mais medidas restritivas podem ser adotadas e estendidas e isso implica demora na retomada da economia. Os lockdowns tendem a aumentar”, explica Falcão, da Easynvest, sobre o impacto na CVC.
“A tragédia da pandemia não dá trégua, sem uma coordenação firme do governo federal. É um governo de cada um por si, sem lideranças, onde o governo federal, estados e municípios não se entendem”, diz o especialista. O governo de São Paulo deve anunciar mais medidas restritivas nesta tarde.
Última cotação
De forma distinta ao Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última terça-feira com uma alta de 1,09%, a 111.539,80 pontos.