Ibovespa sofre baque com inflação dos EUA; Vale (VALE3) e Azul (AZUL4) tombam e Petrobras (PETR4) salta 3%. Dólar dispara
O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (10) com uma desvalorização de 1,41%, aos 128.053,74 pontos. A mínima diária foi de 127.731,77 pontos, enquanto a máxima foi de 129.871,64 pontos. Já o volume financeiro somou R$ 23,2 bilhões.
Após dois ganhos em sequência, o Ibovespa hoje fez pausa na recuperação do começo da semana e se alinhou à aversão a risco global que se impôs desde a manhã, com a leitura acima do esperado para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em março, que deixou em segundo plano comportamento relativamente benigno do IPCA no mesmo mês, também divulgado nesta quarta-feira.
Na semana, o Ibovespa ainda sobe 0,99% e, no ano, cede 4,57%. Neste primeiro terço de abril, acumula perda de 0,04% no mês.
A cotação do Ibovespa fechou em linha com as Bolsas de Valores de Nova York, que também terminaram em queda.
- Dow Jones: -1,09%, aos 38.460,98 pontos;
- S&P500: -0,95%, aos 5.160,62 pontos;
- Nasdaq: -0,84%, aos 16.170,36 pontos.
Em ata divulgada nesta tarde, referente à mais recente reunião do Fed em meados de março, os integrantes do comitê monetário do BC americano apontaram que os juros provavelmente estão no pico do ciclo de aperto atual. Mas destacaram, também, que o processo de desinflação tem ocorrido de maneira irregular, como já era esperado.
“Os participantes observaram que, ao considerarem quaisquer ajustes à meta alvo da taxa dos Fed Funds em reuniões futuras, avaliariam cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos”, destaca a ata do Fed. A “grande maioria” dos dirigentes da instituição deseja começar a desacelerar o ritmo da redução no balanço “razoavelmente em breve”. Em outro ponto do documento, é apontado que a maioria deseja que a redução no ritmo do corte no balanço seja iniciada em meados do ano.
Quase todos os integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto consideram que será apropriado cortar juros em algum momento deste ano, conforme aponta a ata. Contudo, o documento chama atenção para indicadores de atividade ainda “fortes” e dados “decepcionantes” sobre preços. Dessa forma, os integrantes ressaltaram que não esperam ser “apropriado reduzir a meta para a taxa dos Fed Funds” até que se tenha “maior confiança de que a inflação evolui de forma sustentável para 2%”, em referência à meta oficial de inflação dos EUA.
Luz amarela com inflação dos EUA
Mais cedo, a luz amarela já havia sido acesa, com o índice de preços ao consumidor (CPI) referente a março, que levou os rendimentos dos Treasuries de 10 anos – referência considerada livre de risco – a 4,50% nesta quarta-feira – mais tarde, com a ata, bateram em 4,55%. “A previsão de cortes de juros nos EUA – que na sexta-feira, de acordo com dados do CME Group, era de 53% para junho – mudou para um possível início a partir de setembro”, diz Inácio Alves, analista da Melver.
Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, apesar do IPCA ter vindo melhor que o esperado, mesmo com serviços retornando a subir, grande parte da queda da bolsa de valores hoje segue o contexto global, que foi de aversão ao risco diante do CPI nos Estados Unidos, que superou as expectativas e até as projeções mais pessimistas.
“Na minha visão, isso ligou o modo ‘risk-off’ no mercado, derrubando a bolsa americana e aqui foi junto. Isso acontece porque o mercado, que estava precificando de 2 a 3 cortes pelo Fed para 2024, agora passou a precificar que 2024 possa ter somente 1 corte. As probabilidades de corte de juros em junho também despencaram, com agentes do mercado acreditando que o primeiro corte pode vir somente em julho, mas há apostas de que pode vir somente em novembro”, explicou Fernandes.
O IPCA teve uma variação mensal de +0,16% em março, enquanto a variação anual acumulada é de +3,93%. Dentre os destaques do mês, a pressão altista ficou por conta de alimentos e bebidas, que avançou +0,53%.
O especialista acredita que um destaque negativo foi a inflação de serviços – esse fator pode voltar a pressionar a inflação, algo que “o Banco Central vem batendo na tecla, e que pode impactar no ritmo de cortes da Selic ao longo do ano”, reflete Fernandes, destacando os impactos disso no Ibov.
Já o dólar à vista encerrou com uma valorização de 1,41%, a R$ 5,0784, depois de registrar a mínima de R$ 4,9996 e a máxima de R$ 5,0862.
Destaques do Ibovespa hoje
A movimentação do Ibovespa seguiu em queda, com CSN Mineração (CMIN3) dentre os destaques negativos do dia. O especialista enxerga que essa queda de CMIN3 reflete ainda a recomendação de venda por parte do BofA com alvo em R$ 5,00.
As companhias mais sensíveis aos juros e relacionadas ao consumo operaram em queda, como Azul (AZUL4) e Petz (PETZ3), diante de uma incerteza dos investidores quanto à manutenção da intensidade de cortes da Selic, em razão do último dado de inflação dos EUA.
Entre as altas de hoje, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3/PETR4) avançaram 3,02% e 2,22%, respectivamente, seguindo o otimismo dos investidores quanto ao pagamento dos dividendos extraordinários que está para ser definido, colaborando de maneira positiva para cotação do Ibovespa. Por outro lado, as ações da Vale (VALE3) recuaram 1,52% no pregão de hoje (10).
As ações da PetroRecôncavo (RECV3) também sobem diante de correção técnica, após cair ao longo do mês por conta da proposta de fusão da Enauta com a 3R.
Maiores altas do Ibovespa
- Petrobras ON (PETR3): +3,02%
- Petrobras PN (PETR4): +2,22%
- PetroRecôncavo (RECV3): +1,70%
- Embraer (EMBR3): +0,89%
- Prio (PRIO3): +0,70%
Maiores quedas do Ibovespa
- Azul (AZUL4): -6,93%
- Petz (PETZ3): -6,19%
- CSN Mineração (CMIN3): -6,08%
- CVC (CVCB3): -5,39%
- Lojas Renner (LREN3): -5,32%
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa fechou o pregão de ontem (9) em alta de 0,80%, aos 129.890,37 pontos.