Esta semana marca o início da temporada de balanços corporativos do segundo trimestre no Brasil. O período, que irá até o fim de agosto, deve trazer forte volatilidade ao Ibovespa, por mais que as perspectivas sejam altamente positivas.
Em relatório, a XP apontou que espera que as empresas do Ibovespa reportem um forte crescimento do lucro por ação (LPA), na ordem de 255%. Vale ressaltar, contudo, que a base de comparação — o segundo trimestre de 2020 — é fraca, impactada pela chegada da pandemia no País.
No que se refere à receita das empresas, a corretora prevê um aumento médio de 30,6%. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve desacelerar frente ao primeiro trimestre deste ano, mas ainda assim subir 70,3% na relação anualizada.
A XP também aponta alguns setores específicos que surfaram a onda da recuperação econômica. O principal deles é o de commodities.
As matérias-primas se beneficiaram da demanda global aquecida. “Apesar da valorização do real frente ao dólar durante o trimestre, os preços das commodities continuaram em patamares altos, com o índice CRB [de preços futuros de commodities na plataforma da Refinitiv] registrando uma alta de 9,7% no período.”
Outro destaque diz respeito ao varejo, sobretudo o tradicional. O segmento foi duramente afetado pela pandemia e deve se beneficiar diretamente da aceleração da vacinação e flexibilização das restrições de mobilidade.
Já o setor de tecnologia deve ser representado pelas empresas ligadas ao e-commerce, que devem ter sólidos resultados, embora com desaceleração. Os bancos, por sua vez, devem se destacar com menors provisões e maiores volumes.
A expectativa do crescimento do LPA por setor é a seguinte:
- Materiais (+697%);
- Tecnologia (+157%);
- Energia (+149%);
- Indústria (+141%);
- Financeiro (+79%);
- Consumo básico (-10%);
- Serviços de Comunicação (-11%)
- Consumo discricionário (-40%)
- Utilities (-46%);
- Saúde (-62%).
ESG deve ganhar espaço entre empresas do Ibovespa
Além do desempenho financeiro, a XP aguarda que as empresas que compõem o maior índice acionário da Bolsa brasileira abram mais espaço para o tema ESG.
As boas práticas ligadas ao meio ambiente, sociais e governança corporativa devem ter mais páginas dedicadas nos resultados e mais tempo para explicação pelos administradores nas teleconferências.
“Vemos com importância que essa agenda continue a ser endereçada, principalmente com os investidores demandando cada vez mais um posicionamento e ações por parte das empresas, bem como uma maior divulgação de dados que evidenciem todos os projetos e programas implementados”, dizem os analistas.
Em uma pesquisa realizada pela corretora com 45 clientes institucionais, 42% destacaram a falta de dados confiáveis como empecilho ao avanço do tema no Brasil. Esse é um dos principais desafios observados pela XP neste sentido.
“Isso posto, vemos esse avanço como necessário, e esperamos que as companhias utilizem essa temporada de resultados também como um espaço para endereçar essa demanda.”
Por volta das 12h30 desta segunda-feira, o Ibovespa recuava 1,57%, para 123.977 pontos, seguindo o mau humor do exterior.