Durante esta semana, o Ibovespa apresentou um aumento de 1,57%, fechando aos 128.508,67 pontos. O mercado foi impactado pela decisão de juros nos Estados Unidos e pela divulgação do Payroll. No cenário nacional, os investidores ficaram atentos aos balanços das empresas e à notícia de que a Moody’s elevou a perspectiva da avaliação de risco de crédito do Brasil de estável para positiva.
Segundo Fernanda Bandeira, sócia da Blue3 Investimentos, o pessimismo do início da semana deu lugar ao otimismo. “O pessimismo do início da semana deu lugar a otimismo no fim do período, em uma semana com muitos dados e destaque para o payroll desta sexta-feira, com geração de vagas abaixo do esperado, o que traz alívio com relação à chance de que o Federal Reserve possa, em setembro, iniciar os cortes de juros”, afirma a especialista.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que a economia americana criou 175 mil empregos em abril, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (225 mil). Houve também aumento da taxa de desemprego, de 3,8% para 3,9%, enquanto se esperava manutenção. Os ganhos salariais também foram inferiores às expectativas.
Dessa forma, nos Estados Unidos, as expectativas de corte na taxa de juros em setembro se fortaleceram após o relatório de empregos. Agora, os investidores estão divididos entre a previsão de um corte de 0,25 ou 0,50 ponto percentual ainda em 2024.
Na quarta-feira, 1º, o presidente do Fed, Jerome Powell, descartou a possibilidade de alta de juros, tese que começava a ser ventilada por uma ala minoritária do mercado, e disse ser “provável” queda da taxa básica ainda em 2024.
“Com um Payroll mais fraco, por aqui as opções de corte de 0,50% na Selic voltaram a dar as caras, e mantém o mercado dividido entre um corte de 0,25% (maioria das apostas) ou um corte de 0,50%, nessa reunião do Copom de maio”, acrescenta Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Maiores altas do Ibovespa na semana
- Casas Bahia (BHIA3): +46,14%
- GPA (PCAR3): +22,83%
- CVC (CVCB3): +13,81%
As ações da Casas Bahia tiveram um aumento de 46,14% na semana, chegando a cotar a R$ 7,95, após o anúncio de um pedido de recuperação extrajudicial para negociar dívidas de R$ 4,1 bilhões com seus credores. O mercado recebeu bem a notícia, considerando-a um esforço da empresa para reorganizar suas finanças.
O Bradesco BBI ressalta que o processo deve melhorar o fluxo de caixa das Casas Bahia em R$ 4,3 bilhões nos próximos quatro anos, o que equivale a cerca de 8 vezes o valor de mercado atual da empresa, que é de R$ 517 milhões.
Por sua vez, as ações do grupo Pão de Açúcar também apresentaram um bom desempenho, com alta de 22,83% na semana, chegando a R$ 3,39. Esse aumento foi impulsionado por dois anúncios: um acordo com o governo de São Paulo para pagamento de impostos e o processo de venda do prédio da sede da varejista, que visa melhorar a estrutura de capital da companhia.
Após liderar as perdas do Ibovespa em abril, as ações da CVC começaram maio com uma recuperação, subindo 13,81% no acumulado da semana, para R$ 2,39. Essa recuperação foi influenciada pela queda dos DIs.
Maiores queda do Ibovespa na semana
- Prio (PRIO3): -5,08%
- 3R Petroleum (RRRP3): -4,84%
- PetroRecôncavo (RECV3): -7,14%
A desvalorização do petróleo no exterior resultou em perdas para as petroleiras, que lideraram as quedas do Ibovespa em uma semana positiva para o índice.
Entre elas, as ações da Prio caíram 5,08%, chegando a R$ 46,75. No mesmo sentido, as ações da 3R Petroleum apresentaram uma queda de 4,84%, cotadas a R$ 33,25, enquanto as da PetroReconcavo recuaram 4,65%, sendo negociadas a R$ 21,55.
Os futuros do petróleo Brent para julho fecharam em queda de US$ 0,71, ou 0,85%, a US$ 82,96 o barril. Enquanto isso, o petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA para junho caiu US$ 0,84, ou 1,06%, fechando a US$ 78,11 o barril.
A queda ocorreu em meio às preocupações dos investidores sobre os custos de empréstimos mais elevados por um período prolongado, o que poderia prejudicar o crescimento econômico nos EUA, principal consumidor de petróleo do mundo.
Mais investidores passam a ver índice abaixo dos 120 mil pontos
O Ibovespa fechou o primeiro trimestre de 2024 (1T24) com uma queda de 4,53%, o que levou a um aumento no sentimento de cautela em relação à Bolsa por parte dos investidores, aponta a XP Investimentos.
Segundo uma pesquisa feita pela casa, o sentimento em relação à Bolsa de valores tornou-se mais cauteloso, com 64% dos participantes dando nota 7 ou mais (em uma escala de 0 a 10) sobre o atual cenário. O número representa uma queda de 12% em relação ao mês anterior.
A média das respostas foi de 6,9, abaixo dos 7,3 da pesquisa anterior. Em relação às projeções do Ibov, a média apontou para uma estimativa de 134 mil pontos do índice Ibovespa até o final do ano, abaixo das estimativas de 138 mil pontos em março e 136 mil pontos em fevereiro.
“A porcentagem dos que apontaram o Ibovespa abaixo dos 120 mil pontos ao fim de 2024 aumentou em 4 p.p., atingindo 11%. E os que indicaram estar bastante otimistas (acima de 140 mil pontos), caiu de 41% para 27% nessa última pesquisa”, afirma a research.
Além disso, com a queda do índice brasileiro em março, a XP viu uma nova queda (-12 p.p. M/M) na intenção dos clientes de aumentar a exposição à renda variável, que agora se encontra em 46%.
No atual cenário do Ibovespa, os clientes da XP passaram a preferir os setores Financeiro e de Petróleo & Gás. Ademais, o interesse pelo setor de Mineração & Siderurgia teve grande alta. Por outro lado, setores mais voláteis e sensíveis aos juros como Saúde, Educação e Transportes, são os menos preferidos.