O Ibovespa fechou em alta de 0,28% aos 128.515,49 pontos nesta terça-feira (14), entre máxima a 128.964,68 pontos e mínima a 127.961,78 pontos. O volume financeiro do dia foi de 23,6 bilhões de reais.
O mercado absorveu bem, ainda que de forma moderada, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), e o resultado foi uma recuperação discreta dos ativos brasileiros na sessão, com Bolsa em alta, dólar em baixa frente ao real e acomodação da curva de juros doméstica.
“A visão de um cenário mais adverso e incerto foi compartilhada entre todos os membros do Comitê, assim como a necessidade da adoção de uma postura mais contracionista – o que ficou evidenciado também no tom do comunicado. A divergência, no entanto, teria vindo na avaliação dos custos de não seguir o guidance vis-à-vis a mudança de cenário”, aponta em nota a Guide Investimentos, referindo-se ao placar dividido na reunião do Copom na semana passada, em que cinco integrantes votaram pelo corte de 0,25 ponto porcentual na Selic e quatro, pela manutenção da redução de meio ponto que havia sido sinalizada no encontro anterior, em março.
Para Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe Warren Investimentos, a ata de maio mostrou que “as divergências são menores do que a leitura inicial do mercado após a divulgação do comunicado”. “A ala dissidente deu peso maior ao guidance de março”, levando em conta “o custo reputacional de não o seguir”, aponta o estrategista. Por sua vez, “a ala majoritária apontou que o cenário esperado não se confirmou, tendo em vista a desancoragem adicional das expectativas, a elevação das projeções de inflação, o cenário internacional mais adverso e a atividade econômica mais dinâmica do que esperado”, acrescenta.
Ainda assim, observa Goldenstein em nota, “percebe-se convergência do Comitê com relação à adoção de uma política monetária mais cautelosa e sem indicações futuras, o que pode ser interpretado como um orçamento total de redução de juros menor do que o considerado anteriormente”. Ele aponta também haver, entre os integrantes do Copom, “concordância” quanto ao “diagnóstico” de um cenário global incerto e, no plano doméstico, quanto à “resiliência da atividade e desancoragem das expectativas”.
“A ata contribuiu para atenuar as preocupações em relação a possíveis divisões entre os membros do colegiado, reforçando o consenso em torno da necessidade de ancorar as expectativas de inflação. Isso resultou em um alívio imediato nos vencimentos de contratos de juros, especialmente nos prazos mais longos, e influenciou na queda do dólar, elevando o Ibovespa a patamares mais favoráveis”, diz Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.
Vale e Petrobras limitam alta do Ibovespa
No cenário corporativo nacional, o destaque foi o balanço da Petrobras (PETR4), divulgado ontem à noite, que influenciou o pregão de hoje. Hapvida (HAPV3) e Natura (NTCO3) também se destacaram, liderando as pontas positiva e negativa do Ibovespa, respectivamente.
“As empresas em destaque foram as que divulgaram resultados após o encerramento do mercado, ontem. A Hapvida, em particular, atraiu considerável interesse por parte dos investidores – por outro lado, a Natura (NTCO3) desapontou, apresentando resultados abaixo das expectativas em termos de receita, Ebitda e lucratividade, com destaque negativo para o desempenho da Avon dentro do conglomerado”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, chamando atenção também para Petrobras.
As ações da estatal figuraram entre as maiores quedas do dia, “provavelmente em consonância com as decepcionantes métricas de receita e Ebitda”, embora, operacionalmente, a empresa tenha mostrado uma performance sólida, observa Cruz, “mantendo custos de extração em níveis bastante baixos”, ainda que tenham subido ligeiramente no trimestre.
Na B3, contudo, o viés de alta do Ibovespa na sessão foi muito limitado pelas principais ações do Ibov (PETR3 -2,74%, a R$ 42,93, PETR4 -1,80%, cotadas a R$ 40,87), após o balanço trimestral divulgado na noite anterior, com queda do lucro. O dia foi levemente negativo para Vale (VALE3), em baixa de 0,06%, cotada a R$ 64,63, mas em geral positivo para os grandes bancos, com Itaú (ITUB4 +1,09%) à frente.
No exterior, os investidores reagiram às declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que, em um evento na Holanda, enfatizou a necessidade de paciência para que as políticas restritivas “façam o seu trabalho”, ao mesmo tempo em que indicou a improbabilidade de um novo aumento nas taxas de juros.
Apesar disso, a alta da inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) em abril não teve grande destaque.
Os contratos do petróleo Brent, com vencimento em julho, encerraram o dia com queda de 1,18%, a US$ 82,38 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
A maior alta do Ibov foi da Hapvida (HAPV3), +10,92% a R$ 4,47, após divulgação do balanço. Embraer (EMBR3), +7,41% a R$ 36,81 e CPFL Energia (CPFE3), +2,91% a R$ 34,00, completam o top 3.
Na ponta negativa do índice Bovespa, Natura (NTCO3) liderou as quedas com -8,74% a R$ 15,88, seguida por IRB (IRBR3), -3,88% a R$ 36,19.
Em dia de alta no Ibovespa, Bolsas de NY fecham no “verde”
As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam alta hoje:
- S&P 500: +0,48%, aos 5.246,59 pontos;
- Dow Jones: +0,32%, aos 39.557,65 pontos;
- Nasdaq: +0,75%, aos 16.511,18 pontos.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única e com variações modestas nesta terça-feira (14), espelhando o comportamento de Wall Street, enquanto investidores aguardam novos dados da inflação dos EUA.
Na Oceania, a bolsa de Sydney ficou no vermelho hoje, à espera de anúncio do orçamento anual do governo australiano. O S&P/ASX 200 caiu 0,30%, a 7.726,80 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,40%, a R$ 5,1303, após oscilar entre R$ 5,1250 e R$ 5,1615.
Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o mercado hoje?
O Ibovespa operou próximo à estabilidade hoje. Segundo Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, o equilíbrio entre compradores e vendedores na sessão reflete a incerteza decorrente da ata do Copom, que retratou um esforço do conselho em aprofundar o corte de juros mesmo com as incertezas fiscais no Brasil e a trajetória da curva de juros persistentemente altos nos Estados Unidos.
“Na minha visão, a ata do conselho mostrou um compromisso dos diretores com a manutenção do ciclo de redução da taxa básica de juros no Brasil em uma tentativa de conciliar o combate à inflação, que pede juros mais altos, com as expectativas do mercado, que pede juros mais baixos”, diz Castro.
Com o início do ciclo de redução de juros nos Estados Unidos adiado em função da pujança da economia americana mesmo diante do cenário de incerteza no âmbito internacional, uma análise fria dos números poderia levar o Banco Central a interromper o ciclo de cortes e manter a taxa em 10,75% ao ano. Contudo, afirma Castro, para sinalizar a sensibilidade do BC com o empresariado e a classe política, a autoridade monetária optou por novamente reduzir os juros para 10,50%.
Hoje, entre as maiores baixas na sessão do Ibovespa estiveram Natura (NTCO3), IRB (IRBR3) e CSN Mineração (CMIN3). Natura sofre queda no dia com a decepção dos investidores com a divulgação do balanço da companhia, que reporta prejuízo de R$ 935 milhões no trimestre, uma alta de 43% em relação ao período anterior.
IRB, por sua vez, desvalorizou 4,5% na sessão pelo fluxo vendedor que resulta das perspectivas para as seguradoras, que devem arcar com indenizações milionárias pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Já CSN (CSNA3) caiu conforme o mercado se ajustava ao fluxo comprador que levou a alta de 8,5% ontem liderada pelo anúncio de dividendos.
Entre as maiores altas ficaram Hapvida (HAPV3), Embraer (EMBR3) e B3 (B3SA3). “Hapvida subiu após balanço divulgado após o fechamento da sessão anterior, que retrata maior fluxo de caixa e menores despesas com juros, sinalizando recuperação da companhia”, explica Castro.
Já a Embraer subiu no dia após sinalização de compra em relatório divulgado por um grande banco de investimentos brasileiro. A B3 (B3SA3) também registrou forte crescimento diante da divulgação de tendência de alta no volume médio diário de negociações, que incluem não apenas a bolsa de valores, mas também títulos de renda fixa, cujas negociações são todas liquidadas em seu ambiente, além da ausência de competidores locais.
“Tanto dólar quanto os juros futuros operaram em estabilidade na data de hoje diante da ausência de noticiário relevante tanto no âmbito econômico doméstico e internacional quanto no âmbito político”, conclui Castro.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa fechou a sessão de ontem (13) em alta de 0,44%, aos 128.154,79 pontos.