O Ibovespa abriu em queda nesta sexta-feira (19), e caminha para encerrar a semana no vermelho. Os investidores receberam de forma negativa as falas do presidente Jair Bolsonaro, na noite de ontem, sobre a Petrobras (PETR4). Segundo o mandatário, “alguma coisa vai acontecer nos próximos dias” em função do aumento do preço dos combustíveis.
Por volta das 10h15, o Ibovespa caía 0,54%, para 118.561 pontos. A Petrobras é a segunda maior posição do índice em sua carteira teórica, com uma fatia de 6,08%. Os papéis da estatal puxam o índice para baixo em um momento de crise política e incertezas econômicas, uma vez que operam em queda de 4%, a R$ 28,09.
Em sua live rotineira nas redes sociais, o presidente criticou o reajuste de preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias da petroleira. Além disso, Bolsonaro prometeu zerar os tributos sobre o gás de cozinha a partir de 1º por até ao menos dois meses.
Nesta manhã, o jornal O Globo noticiou que o presidente já está decidido em demitir o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, mas que isso depende do Conselho de Administração da companhia, seguindo os termos de governança corporativa.
No entanto, por conta da pressão do governo, há o risco do Conselho renunciar, e se Castello Branco for demitido a diretoria também sairá, segundo o jornal. Bolsonaro tomaria tais medidas para agradar os caminhoneiros, que ameaçam entrar em greve novamente.
Segundo Henrique Esteter, analista de renda variável da corretora Guide, a intereferência do governo na Petrobras é preocupante, uma vez que Castello Branco vem fazendo um bom trabalho, na esteira do ex-presidente, Pedro Parente.
“É preocupante sobretudo quando pensamos sobre o que se trata o trabalho dele. Toda essa reestruturação, redução de custos, pagamento de dívidas, realização de desinvestimentos”, disse o especialista. “O mercado vai continuar olhando para isso, que já vem ocorrendo em outras estatais”.
Ainda no front interno, que impacta o Ibovespa, está marcada para a próxima quinta-feira (25) a votação, no plenário do Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial. A medida estabelece gatilhos para a contenção de despesas de União, estados e municípios, promovida pelo governo de Bolsonaro.
Por outro lado, o mandatário se comprometeu com líderes do Congresso a enviar uma medida provisória propondo a retomada do auxílio emergencial, como forma de sustentar os mais impactados pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Lá fora, de forma contrária, as bolsas mundiais avançam com a expectativa pela votação do novo pacote de estímulos do governo de Joe Biden. Segundo a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, o processo pode ser votado no fim da próxima semana, e com maioria simples.
Ou seja, das 100 cadeiras do Senado, caso o Partido Democrata tenha 51 votos a favor da medida, o pacote será aprovado. Vale lembrar que o desempate fica na mão da vice-presidente, Kamala Harris.
Na Europa, o euro sobe nesta sexta após Índice Geral de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da Alemanha apresentar uma força maior do que o previsto neste mês. Já a libra esterlina atingiu a cotação de US$ 1,40 pela primeira vez desde 2018.
No lado das commodities, o barril de petróleo Brent recua de forma acentuada nesta sexta. Por volta das 10h, o “ouro negro” caía 1,33%, para US$ 63,09. Ontem, diplomatas estadunidenses afirmaram que podem se reunir com autoridades iranianas para negociações nucleares nas próximas semanas, o que gera a possibilidade de uma maior oferta da commodity do Irã no mercado internacional.
No cenário corporativo, chama atenção o resultado da JHSF em 2020, com um avanço de 98% no lucro líquido, atingindo R$ 638,9 milhões. Ademais, a Oi (OIBR3) solicitou o consentimento de titulares dos bonds chamados Senior PIK Toggle Notes, com vencimento em 2025, para adoção de determinadas propostas de aditamentos.
Destaques do Ibovespa
Confira as maiores altas e as maiores baixas entre as empresas que fazem parte do Ibovespa, por volta das 10h20:
- Gerdau (GGBR4): +1,76%
- Suzano (SUZB3): +1,54%
- Pão de Açúcar (PCAR3): +1,13%
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4): +1,08%
- Santander (SANB11): +1,06%
- Hapvida (HAPV3): -1,12%
- Rumo (RAIL3): -1,33%
- IRB Brasil (IRBR3): -3,46%
- Petrobras PN (PETR4): -3,49%
- Petrobras ON (PETR3): -4,01%
Mercados internacionais
Veja o desempenho dos principais índices acionários no exterior, além do Ibovespa agora:
- Nova York (S&P 500) futuro: +0,44%
- Londres (FTSE 100): +0,15%
- Frankfurt (DAX 30): +0,74%
- Paris (CAC 40): +0,74%
- Milão (FTSE/MIB): +0,57%
- Hong Kong (Hang Seng): +0,16%
- Xangai (SSE Composite): +0,57%
- Tóquio (Nikkei 225): -0,72%
Última cotação do Ibovespa
Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quinta-feira (18) com uma queda de 0,96%, a 119.198,97 pontos.
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