O otimismo em relação ao Ibovespa e à Bolsa brasileira como um todo continua a se deteriorar, segundo a nova edição da pesquisa da XP com assessores de investimentos.
O levantamento, que obteve 141 respostas de assessores da XP e escritórios autônomos filiados, revela um cenário mais conservador por parte dos investidores, com destaque para a preferência crescente pela Renda Fixa e um aumento expressivo no desejo de reduzir a exposição à Renda Variável.
Os dados mostram que 40% dos clientes indicaram planos de diminuir a alocação em ações, um salto de 22 pontos percentuais (p.p.) em relação ao mês anterior. Por outro lado, apenas 11% pretendem aumentar a exposição à Bolsa, o menor nível registrado em 2024. Esse movimento reflete uma postura mais defensiva, impulsionada pelas preocupações com os riscos fiscais e o ambiente de juros domésticos elevados.
O sentimento dos assessores em relação à Bolsa também recuou, com a média das notas caindo de 5,5 em novembro para 4,9 em dezembro, numa escala de 0 a 10. Além disso, 65% dos entrevistados atribuíram nota 5 ou menor, sinalizando um pessimismo renovado.
Em relação ao Ibov, as projeções indicam um fechamento em 130 mil pontos até o final de 2025, o que representa uma valorização quase nula diante dos atuais níveis de cerca de 125 mil pontos.
A pesquisa mostra que a Renda Fixa continua como a classe de ativos favorita, com 85% dos entrevistados reportando interesse de seus clientes (+7 p.p. M/M). Os fundos de Renda Fixa também mantêm destaque, com 60% indicando interesse, embora tenha registrado leve queda de 6 p.p. no mês. Em contrapartida, o interesse por ações despencou para 18%, uma redução de 12 p.p.
Um ponto de destaque foi o aumento do interesse por investimentos internacionais, que atingiram 52% (+16 p.p.), indicando que investidores buscam diversificação e proteção cambial em meio ao cenário doméstico incerto.
Apesar de uma leve queda nas preocupações com a política fiscal (65%, -10 p.p. M/M), o tema segue como o principal risco para o desempenho da Bolsa. Em paralelo, o temor com juros domésticos mais altos aumentou, reforçando a aversão ao risco entre os investidores.
O anúncio recente do pacote fiscal do governo também foi mal recebido, com 83% dos entrevistados relatando que seus clientes se tornaram mais pessimistas ou levemente mais pessimistas com as novas medidas.
Diante desse cenário, a pesquisa aponta uma preferência por ativos defensivos (36%), seguidos por papéis com carrego sólido (22%) e investimentos dolarizados (18%). Esses posicionamentos indicam uma busca por proteção e estabilidade em um ambiente de maior volatilidade no Ibovespa e incertezas econômicas.
Com a deterioração do apetite por risco e a valorização quase nula projetada para o Ibovespa, a pesquisa da XP confirma um movimento mais cauteloso dos investidores, priorizando segurança e diversificação, enquanto aguardam maior clareza no cenário fiscal e monetário.